Análise: Real Madrid

Jogo: Real Madrid 2 x 0 Milan
Santiago Bernabéu, Madrid
UEFA Champions League - 3ª Rodada - Fase de Grupos - 19/10/2010

Real Madrid x Milan já era um jogaço antes mesmo do apito inicial do árbitro no Santiago Bernabéu. Não bastasse a história gloriosa de ambas as equipes, fatores como as diversas declarações que precederam a partida, ou mesmo o alto nível técnico que se esperava em Madrid, já faziam com que as expectativas de todos aqueles que prezam pelo bom futebol fossem enormes. E, de fato, o que se viu foi um jogo espetacular. Mas para um lado só. Com amplo domínio territorial, muito mais objetividade, e absoluto controle da partida, o Real venceu por 2 x 0, gols de Cristiano Ronaldo e Mesut Özil.



Acima, percebe-se que o 4-2-3-1 de José Mourinho vai ficando cada vez mais sólido na equipe merengue. No primeiro tempo, destaque para a segura proteção de Xabi Alonso e Sami Khedira à frente da zaga, impedindo que Ronaldinho (jogando pelo centro) pudesse ter liberdade. Khedira ainda tinha sinal verde para subir ao ataque, e auxiliar o belíssimo quarteto de frente do Real. Özil, Ronaldo, Angel Di María e Gonzalo Higuaín movimentam-se incessantemente, ocupando eventuais espaços abertos pelos próprios companheiros e confundindo a marcação adversária. Através do giro dos meias, a equipe da casa construiu diversas chances de gol, e envolveu o Milan sem maiores dificuldades. Na segunda etapa, destaque para as subidas de Marcelo, que ocorreram com mais eficiência do que no primeiro tempo. Já com a vitória encaminhada, Mourinho deu chance a Lassana Diarra, Esteban Granero e Karim Benzema, que pouco tempo tiveram para mostrar serviço.

Pontos positivos

Saída de bola: a qualidade de passe dos volantes do Real Madrid é notável. Na partida desta terça-feira, Khedira teve espetaculares 88% de acerto nos passes, ao passo que Xabi Alonso teve 76% de acerto*. Enquanto o alemão movimenta-se muito para facilitar a saída de bola, o espanhol abusa dos lançamentos longos, uma das suas especialidades. Com tamanha eficiência, não é de se estranhar a facilidade de transição defesa/ataque apresenteda pelo Real Madrid.

Meias que não param: a linha de meio-campistas, formada por Ronaldo, Özil e Di Maria se mexe durante todo o tempo. Seja no ataque, com tabelas insinuantes e entradas em diagonal dos pontas, ou na defesa, com marcação encaixada na saída de bola do adversário, tentando o desarme dentro do próprio campo de defesa alheio, é impressionante a movimentação dos três jogadores supracitados (que ainda têm a ajuda de Higuaín, que sai da área em diversos momentos). Será dificílimo parar este tridente ofensivo, caso o nível de atuação seja mantido.

Compactação: as diversas opções de ataque, e a marcação consistente passam muito pela compactação adquirida pelo Real Madrid após a chegada de José Mourinho. Isso fica mais evidente quando a análise é feita sob o aspecto defensivo, especialidade do treinador português. A distância entre as linhas da equipe é pequena, as coberturas ocorrem precisamente (contra o Milan, destaque para Ricardo Carvalho), e os espaços são ocupados de maneira milimétrica, evitando as investidas adversárias. Trabalho exemplar de toda a equipe madridista.

Ponto negativo

Lado direito defensivo: na ausência de Sergio Ramos, é Álvaro Arbeloa quem ocupa a lateral-direita do Real Madrid. Ainda que seja correto sob o aspecto tático, Arbeloa é limitado tecnicamente, e pode ser explorado com mais efetividade pelos adversários. O Milan não o fez em função da espaçada disposição tática, que obrigava seus jogadores a buscarem lances individuais (que não superavam a coletividade dos anfitriões). Contra uma equipe mais organizada, este pode ser um trunfo para superar a consistente defesa do Real Madrid.

* Estatísticas retiradas do uefa.com

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