Análise: Villarreal

Jogo: Sporting Gijón 1 x 1 Villarreal
El Molinón, Gijón
Campeonato Espanhol - 9ª Rodada - 31/10/2010

Para muitos, o Campeonato Espanhol divide-se em dois blocos. Um destinado à eterna disputa entre Barcelona e Real Madrid, e outro que engloba os clubes restantes. Pois bem, quem "lidera" este "campeonato à parte" neste momento é o Villarreal, que soma 20 pontos dos 27 disputados, e está a 3 do Real Madrid, este sim, o líder absoluto do certame. A campanha interessante do "Submarino Amarelo" é o objeto de análise do Blog Leitura de Jogo neste domingo. Contra o Sporting Gijón, fora de casa, empate por 1 x 1, com gols de Diego Castro para os anfitriões, e Giuseppe Rossi, nos acréscimos, para os visitantes.


O Villarreal joga num 4-4-2 disposto em duas linhas bem organizadas. A formação do primeiro tempo (à esquerda), deixa evidente uma das principais armas da equipe de Juan Carlos Garrido: a movimentação de Nilmar. O atacante brasileiro tem toda a liberdade para transitar pelo setor ofensivo, chamando a marcação adversária, e abrindo espaços para que Rossi possa partir em direção ao gol. Em alguns momentos, os papeis se invertem, mas as aparições de Nilmar pelo meio ocorrem em maior quantidade. Santi Cazorla e Cani são os meias desta equipe, mas precisam ser mais efetivos no setor de criação, até para não sobrecarregar Nilmar. Borja Valero vai ao ataque esporadicamente, ao contrário de Capdevila, que sobe com constância, ainda que, na partida contra o Sporting, não tenha sido contundente a ponto de invadir a defesa adversária. Após sofrer o 0 x 1, Garrido armou uma espécie de 4-3-3, que foi desmontada após a expulsão do zagueiro Gonzalo, aos 24 minutos da segunda etapa. A saída de Nilmar para a entrada de Musacchio deixou o Villarreal num 4-3-2 (acima, à direita), que não pressionou o oponente, mas, ainda assim, conseguiu o empate, num pênalti convertido por Rossi aos 47 minutos do segundo tempo.

Pontos positivos

Valorização da posse de bola: o Villarreal é extremamente lúcido no que diz respeito à posse de bola. Primeiramente, por mantê-la por boa parte do tempo sob seu domínio (contra o Sporting, em 64% do tempo a bola esteve com a equipe visitante, segundo o site do diário Marca); além disso, por movimentá-la de um lado ao outro do ataque, de modo a quebrar o sistema defensivo adversário e fazer com que os meias e atacantes possam aparecer para o jogo. Desta forma, o controle da partida fica, em grande parte, com a equipe de Juan Carlos Garrido.

Nilmar: o camisa 7 vem justificando o porquê dos diversos elogios recebidos (que geram especulações, como as que dão conta de uma possível transferência para o Real Madrid). Antes centroavante de ofício, Nilmar demonstra hoje um estilo mais flexível de jogo, que oscila entre o driblador que desorganiza defesas, passando pelo meia-passador, e chegando ao próprio definidor de jogadas (já são 5 gols no Campeonato Espanhol). O jogador que já era bom, parece ter crescido ainda mais de rendimento, e é peça-chave na campanha bem sucedida do Villarreal até o presente momento. Sem dúvidas, há argumentos consistentes para discutir o porquê da sua não-convocação para o amistoso contra a Argentina, neste mês de novembro.

Pontos negativos

Marcação titubeante: no seu campo de defesa, o Villarreal se garante. Entretanto, a falha na marcação da saída de bola do adversário é algo a ser observado. Não raro, laterais e volantes do oponente sobem com certa liberdade, permitindo que as suas jogadas de ataque possam ser iniciadas com espaço. Embora seja bem disposto taticamente, o Sporting Gijón não tinha qualidade técnica suficiente para aproveitar-se desta falha da equipe de Juan Carlos Garrido. Contra times de um nível mais elevado, o preço a se pagar pode ser bem maior (afinal, não é nada indicado dar liberdade aos excelentes Xabi Alonso, Iniesta, Xavi e outros)...

Limitação de elenco: o Villarreal tem um estilo de jogo bem definido, e é eficiente dentro desta proposta: desarma, faz a transição da defesa ao ataque com muita inteligência, e procura a movimentação de Rossi e Nilmar para concluir a gol. Entretanto, com o destaque alcançado até agora, a tendência é que a marcação dos adversários seja mais efetiva, e peça, com o passar do tempo, alguma mudança no jeito de jogar. Aí, o Villarreal esbarra na limitação do elenco. Os reservas não estão no mesmo nível dos titulares, e, à medida em que outros jogadores começarem a ser exigidos, pode haver uma queda de qualidade. Será importante que o Villarreal repense sobre este ponto na próxima janela de transferências, caso queira manter o excelente rendimento conquistado até agora, pois Catal, Matilla, Montero, Altidore e outros não despertam a confiança necessária para uma equipe que pensa alto.

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