Análise: Brasil

Por Hudson Martins

Jogo: Brasil 0 x 1 Argentina
Khalifa International Stadium, Doha
Amistoso Internacional - 17/11/2010

A quarta partida da era Mano Menezes à frente da Seleção Brasileira era simplesmente aquele que talvez seja o jogo de maior rivalidade no mundo. Brasil x Argentina significava garantia de nível técnico e pressão psicológica muito mais elevados do que os confrontos anteriores contra Estados Unidos, Ucrânia e Irã. Como esperado, o Brasil não encontrou facilidade alguma, e num lance genial de Lionel Messi (precedido por falha de Douglas), a equipe de Mano Menezes conheceu a sua primeira derrota no período pós-Copa: 1 x 0 em Doha, no Qatar.



Nos primeiros minutos de jogo, Mano Menezes apostou num sistema tático diferente dos usuais 4-2-3-1 e 4-3-1-2; aqui, percebe-se um esboço de 4-2-2-2, sendo que Elias jogava aberto pelo lado direito do campo. O começo foi promissor, de boa marcação na saída de bola adversária, mas o andar do jogo marcou o aparecimento de duas das figuras mais importantes da partida: Messi e Javier Pastore. Confundindo a marcação brasileira, obrigaram uma mudança tática na equipe de Mano Menezes com poucos minutos de jogo (Elias foi para o lado esquerdo do campo, consolidando o 4-3-1-2). As jogadas individuais de Neymar e a bola na trave de Daniel Alves (que subia bem em alguns momentos) traziam algum alento, mas ainda havia a preocupação com as investidas de Messi e Pastore, que mostravam inesperado entrosamento. Na volta para a segunda etapa, viu-se um jogo menos técnico e bem mais truncado. O panorama tático da Seleção Brasileira não foi alterado, ainda que fosse possível controlar os problems criados pela dupla de meio-campistas argentinos, reflexo de uma marcação mais compacta por parte da equipe de Mano Menezes. Embora tivesse o controle da partida, era evidente que um jogo desse nível não comportaria determinados erros; entretanto, Douglas vacilou no meio-campo, e permitiu que Messi arrancasse em direção aos zagueiros. Extenuado, mas de técnica refinadíssima, o camisa 10 argentino fez fila, e decretou a vitória dos hermanos no clássico em Doha.

Ponto positivo

Segurança na zaga: ainda que André Santos oscile muito, o Brasil mantém-se muito sólido na sua primeira linha de defesa. Daniel Alves, Thiago Silva e David Luiz (estes dois últimos formando uma dupla cada vez mais afiada) garantem consistência ao setor, e ainda contam com a proteção de Lucas, Ramires e Elias (mesmo com o trio tendo se complicado na marcação ao ataque argentino, sobretudo no primeiro tempo). A estatistica é superficial, mas favorável: apenas 1 gol sofrido em 4 jogos. O desempenho - este sim, fornecedor de dados mais precisos - também tem sido positivo: compactação defensiva em grande parte do tempo, recomposição efetiva, e poucas chances de gol adversárias.

Pontos negativos

Movimentação (ou falta de): o ataque da Seleção Brasileira foi extremamente previsível no amistoso contra a Argentina. Com pouca aproximação dos volantes, e menor intensidade de apoio dos laterais, ficava mais simples marcar o trio Ronaldinho/Neymar/Robinho. Ao contrário do que fizera a Argentina, trazendo seus meias para buscar o jogo, e quebrar a estrutura defensiva do Brasil, os jogadores de ataque de Mano Menezes guardavam posição no setor ofensivo, e faziam com que o ataque ficasse muito distante da equipe veloz e insinuante da partida contra os Estados Unidos, por exemplo. Com pouca movimentação, o rendimento ofensivo ficou evidentemente comprometido.

Neymar deslocado: embora seja um belo finalizador, Neymar não tem o cacoete de centroavante. É franzino e acostumou-se a um posicionamento e a um estilo de jogo que não são compatíveis com o de um nato camisa 9. Contra a Argentina, o atacante do Santos não apenas demonsrou dificuldade quando aparecia entre os zagueiros, como também não pode auxiliar nas jogadas pelos lados do campo como faz costumeiramente, visto que posicionava-se diversas vezes pelo centro. É evidente que trata-se de uma alternativa esporádica, dada a lesão de Alexandre Pato; ainda assim deve-se observar a relevância deste fato na queda de rendimento do ataque brasileiro no jogo desta quarta.

4 comentários:

  1. Então, podemos dizer que não foi uma real fraqueza do time, uma vez que estão começando a se estruturar agora. Essa derrota pode servir mais como motivação a Mano Menezes e aos jogadores para melhorarem o time, resolver os problemas táticos e ai sim reêstabilizar o time em uma seleção concreta e madura.

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  2. Gostei mto do jogo, em si. Mas não gostei do André Santos, que levou inúmeras bolas nas costas. No primeiro tempo, o lateral não sabia se atacava ou se defendia. Acabou não fazendo nada, até pq, com Neymar e Gaúcho do lado esquerdo, ele seria mto cobrado na marcação, como foi.
    Belo post.
    Abraço.

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  3. Concordo com ambos os amigos. De fato, a Seleção Brasileira ainda evoluirá em muitos pontos, sem sombra de dúvidas. Para tanto, deve-se observar algumas situações, como o rendimento de André Santos, que é bom jogador, mas oscila em demasia. É bom ficar esperto, pois a sombra de Marcelo é cada vez mais intensa...

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  4. Eu acredito no trabalho do Mano, embora ache q nao vale apena apostar no R gaucho pois estara mto velho para 2014... mas levo mta fé no time do mano

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