Análise: Coritiba

Por Hudson Martins

Jogo: Coritiba 2 x 1 Figueirense
Couto Pereira, Curitiba
Campeonato Brasileiro Série B - 36ª Rodada - 13/11/2010

O ano do centenário havia sido absolutamente decepcionante para os torcedores do Coritiba. Numa campanha muito fraca, o Coxa foi rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro, após empate com o Fluminense, que resultou em confusão generalizada no Couto Pereira. Com sérios prejuízos patrimoniais e pesada punição do STJD, as perspectivas para 2010 eram absolutamente imprevisíveis. Contudo, num belíssimo trabalho de diretoria, jogadores, e sobretudo, do técnico Ney Franco, o alviverde está de volta à Série A do futebol nacional. Neste sábado, contra o Figueirense, o Coxa deu um grande passo rumo ao título do Brasileirão, após vencer a equipe catarinense por 2 x 1. Jéci e Rafinha marcaram para a equipe da casa, enquanto Reinaldo descontou para os visitantes.




O acesso do Coritiba passou, dentre vários outros fatores, pela flexibilidade tática. Contra o Figueirense, por exemplo, Ney Franco recorreu ao 3-4-1-2, que toma diversas formas durante o jogo, de acordo com o posicionamento de Enrico, que, ora joga mais adiantado (quase como um ponta), ora mais recuado, fazendo a função de ala. Entretanto, aquele que foi um trunfo do Coxa durante boa parte da campanha rumo à Série A, acabou se tornando um problema contra o Figueira, visto que era por aquele setor que a equipe catarinense criava boas jogadas de ataque (e conseguiu, inclusive, o pênalti que resultou no seu único gol). As subidas do lateral Bruno Vianna incomodavam o trio Enrico, Léo Gago e Jéci, quebrando parte importante da estrutura defensiva do Coxa. Já no ataque, muita movimentação de Marcos Aurélio e Rafinha (sobretudo este), fazendo com que a bola rodasse no campo de ataque com velocidade e técnica. Foi assim que o Coritiba garantiu o resultado no primeiro tempo. Já na segunda etapa, o que se viu foi a disposição tática demonstrada na ilustração à direita, com uma pequena mudança no esquema tático (agora, um 3-4-2-1); Rafinha (investindo em contra-ataques) e Léo Gago nas alas, Willian ao lado de Leandro Donizete na proteção à zaga, e Geraldo pelo lado esquerdo do campo, voltando muito para auxiliar na marcação. Mais recuado, o Coritiba sofreu um bocado, mas, ainda assim, saiu do Couto Pereira com a vitória.

Pontos positivos

Bola parada: boa parte dos lances de perigo do Coritiba saem deste tipo de jogada. Léo Gago tem excelente aproveitamento nas finalizações; já Marcos Aurélio, embora finalize igualmente bem, tem se mostrado um belo assistente. Contra o Figueirense, cobrou falta na cabeça de Jéci, no lance do primeiro gol, e ainda fez diversos cruzamentos perigosos, sempre encontrando alguém bem posicionado na área. A estatura de Pereira, Cleiton, Jéci e Leonardo facilita o trabalho dos cobradores de faltas, e potencializa a eficácia das jogadas de bola parada da equipe de Ney Franco.

Marcação sob pressão: o excelente início de jogo do Coxa passou muito pela marcação encaixada na saída de bola do Figueirense. Adiantando as linhas de defesa sem deixar de ser compacto, o Coritiba fez vários desarmes no setor entre o meio-campo e a intermediária adversária, evitando as subidas do oponente no momento exato. A forte marcação do Coxa era a base para...

Contra-ataques letais: aqui, o Coritiba finalizava o trabalho iniciado com a maração pesada no campo do adversário. No lance do segundo gol, desarme de Léo Gago na faixa central do campo; lançamento para Enrico, e assistência deste para Rafinha marcar. Nesta jogada, estão os três pilares dos contra-ataques do Coxa: a marcação correta, a qualidade de passe de Léo Gago, que faz com que o jogo saia com facilidade à procura da correria de Enrico, Marcos Aurélio ou Rafinha. Umas das armas deste Coritiba/2010.

Ponto negativo

Duas falhas em uma: as investidas de Bruno Vianna incomodaram, isso é fato. Entretanto, isso só ocorreu em função de outro vacilo do Coritiba: a liberdade dada à Maicon, meia de muito bom passe. Após abrir 2 x 0, e recuar a marcação, o Coxa deu espaço para que o camisa 8 do Figueira ditasse o ritmo do jogo, e procurasse as subidas do seu lateral-direito, sempre com muita qualidade. Foi através dele que saíram vários bons lançamentos, dentre eles, o que originou o pênalti de Enrico em Bruno Vianna. Na segunda etapa, desgastado fisicamente, Maicon rendeu menos; entretanto, enquanto apareceu para o jogo, foi peça fundamental na equipe do técnico Márcio Goiano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário