Análise: Independiente

Por Hudson Martins

Jogo: Independiente 2 x 1 LDU
Libertadores de América, Avellaneda
Copa Sul-Americana - Semi-Finais - 25/11/2010

O Goiás já sabe qual será o seu adversário na Final da Copa Sul-Americana. Após recuperar-se heroicamente em Quito, na última semana, quando transformou um terrível 0 x 3 num aceitável 2 x 3, o Independiente garantiu a vaga na decisão nesta quinta-feira, batendo a LDU, em casa. A equipe de Avellaneda chega a mais uma Final de Copas após vencer por 2 x 1, gols marcados por Facundo Parra e Hernan Fredes.


Precisando do resultado, a equipe do técnico Antonio Mohamed entrou em campo num incomum 3-4-3. Logo de cara, fica evidente um equívoco muito comum no modo como se analisa o futebol: quanto mais jogadores de ataque, mais ofensiva é a equipe. Certo? O Independiente provou que não. Com espaços entre o meio-campo e o ataque, e pouco jogo pelo centro do campo, o time argentino não conseguia pressionar a LDU como deveria; muito embora também não fosse atacado. A mudança para os argentinos veio quando Parra foi deslocado para a armação de jogadas, no centro do campo, com Gomez indo para o lado esquerdo; assim, houve mais compactação, fazendo com que o jogo fluísse mais facilmente. Num escanteio, o Independiente abriu o placar, com Parra. Num dos poucos ataques da LDU, gol de empate de Juan Manuel Salgueiro (em finalização de média distância, assim como fizera no jogo de ida). E numa falha bizarra de Patricio Urrutia, Fredes fez o gol da classificação. A partir dos 14 minutos da segunda etapa, o Independiente mudou ligeiramente o jeito de jogar, como se percebe na figura à direita: Fredes fica mais adiantado (ainda que tenha poder de criação limitado), enquanto Parra vai para o ataque, ao lado de Nestor Silvera.

Leitura tática

Com a posse de bola...

- A transição se dá, em diversos momentos, pelos lados do campo. Os bons laterais Nicolas Cabrera e Lucas Mareque são fundamentais para o bom desempenho ofensivo do Independiente. Levam a bola ao ataque, e aparecem para o jogo no campo do adversário.

- Nas poucas vezes em que vai ao ataque pelo centro do campo, deve-se notar a objetividade de Roberto Battión. O volante, ex-Banfield, é muito direto com a bola nos pés, passando para o companheiro mais próximo sem muitas firulas. Erra poucos passes e facilita a transição.

- Mais à frente, destaque para Parra, jogador de boa técnica e movimentação. O camisa 17 é o diferencial na criação de jogadas, e peça importante no sistema ofensivo do Independiente, dada a limitação de Gomez, e o posicionamento mais fixo de Silvera.

- Entretanto, o ataque da equipe argentina só funciona bem caso haja compactação. Em diversos momentos, nota-se uma formação muito espaçada, que pede jogadas individuais que poucas vezes dão certo. O aparecimento de Parra pelo centro do campo, e a aproximação de um dos volantes (Fredes seria o mais indicado, já que Battion costuma guardar posição) são importantes neste sentido.

- Nos lances de bola parada, deve-se ter atenção com Battion, de estatura elevada. Há mais quatro jogadores fazendo companhia ao camisa 5 na área do adversário neste tipo de jogada. Quem cobra as infrações é Cabrera.

Sem a posse de bola...

- O Independiente sabe como se defender, esse é o grande ponto. Faz, esporadicamente, marcação sob pressão, mas se destaca quando marca dentro do seu campo. É compacto na defesa, e ainda conta com o bom rendimento de jogadores como Eduardo Tuzzio (que fará duelo muito interessante contra Rafael Moura) e Julian Velázquez.

- Os alas - que ditam o ritmo da equipe - voltam para marcar, fechando os espaços pelos lados do campo. Contra a LDU, tiveram um bom teste, sobretudo Mareque, que bateu de frente com Neicer Reasco, ainda forte fisicamente e em boa forma técnica. Embora tenha tido problemas em Quito (onde sempre haverá o argumento da altitude), ambos foram muito seguros em Avellaneda, mesmo tendo que subir ao ataque em vários momentos.

- Ressalte-se ainda o posicionamento dos zagueiros pelos lados, Velázquez e Galeano, que protegem bem a defesa nos contra-ataques adversários. Com senso tático apurado, ambos preenchem seus respectivos setores com correção, garantindo a segurança da retaguarda da equipe argentina.

3 comentários:

  1. Muito bom !!

    A verdade é que o Independiente (futuro campeão) tem bons valores, como o Mareque, que acompanho desde os tempos de CARP, o próprio Tuzzio, Navarro e principalmente o Parra !!

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  2. Não assisti ao jogo, mas penso que essa será o melhor confronto para a final. Dois times que jogam bem o segundo tempo. Será uma final emocionante, até o último segundo. Boa análise! Abraço.

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