Análise: Manchester City

Jogo: Manchester City 0 x 0 Manchester United
City of Manchester Stadium, Manchester
Campeonato Inglês - 12ª Rodada - 10/11/2010

Fora de campo, o Manchester City não tem nada do que reclamar. Com o pesado aporte financeiro que recebe (o que fez com que fosse possível gastar R$ 347mi em reforços na última janela de transferências), o City se posiciona como um dos mais fortes clubes no mercado de negociatas da bola. Entretanto, gigantesco o investimento feito não é proporcional ao futebol apresentado em campo. Embora seja o 4° colocado da Premier League, os Citizens têm um técnico questionado, e não mostram futebol suficientemente sólido a ponto de brigar por algo maior do que a última vaga na UEFA Champions League, pelo menos a julgar o apresentado no monótono clássico de Manchester, no qual City e United ficaram no 0 x 0.



O 4-2-3-1 de Roberto Mancini é sólido na defesa, mas fraco no ataque. Defensivamente, todos os jogadores - exceção feita à Carlos Tevez - voltam atrás da linha de meio-campo para marcar a movimentação adversária. O resultado é uma ocupação de espaços interessante, anulando as movimentações do oponente; no caso do clássico, Fletcher, Nani, Park e Berbatov poucas vezes penetraram na defesa dos Citizens com perigo. A transição defesa/ataque foi feita de maneira lenta, uma vez que o United é igualmente sólido no seu sistema defensivo. Quando chega ao campo de ataque, o City encontra alguns problemas, tais como o estranho posicionamento de Yaya Touré (primeiro volante no Barcelona, meia-armador na equipe de Manchester); as poucas investidas de James Milner, preocupado em demasia com as subidas de Patrice Evra; além do isolamento de Tevez, que, sozinho, pouco pode fazer contra a consistente defesa do United. Na segunda etapa, a equipe de Mancini teve ainda mais dificuldades ofensivas, que ficavam evidentes nas saídas em contra-ataque, sempre marcadas pela lentidão e/ou pela participação de  apenas um ou dois jogadores, em determinados momentos. Pouco ousado, Roberto Mancini tentou mudar o panorama do jogo apenas apostando no aspecto individual, com as entradas de Aleksandar Kolarov e Adam Johnson, sem alcançar qualquer tipo de evolução. A entrada de Emmanuel Adebayor, aos 48 minutos do segundo tempo, na vaga de Tevez, nem entra na disposição tática, por motivos óbvios.

Ponto positivo

Marcação firme: individualmente, deve-se ressaltar o aspecto físico dos marcadores do City. Jerome Boateng, Kolo Toure, Vincent Kompany (este, em noite inspirada) e Nigel De Jong são marcadores de muita força. Some-se a isso a aplicação tática dos Citizens, além de um goleiro seguro, e o resultado é uma defesa consistente (a segunda menos vazada da Liga até agora). Neste aspecto, o Manchester City se garante.

Pontos Negativos

Toure na armação: embora seja um jogador de recurso técnico, não é função de Yaya Touré criar as jogadas de ataque do City. Yaya é um excelente marcador, de saída de bola qualificada, e ponto. Movimentar-se pelo meio, organizar o ataque, ou partir para o drible quando necessário são funções de David Silva, ou até mesmo de Tevez, que transita com facilidade entre o meio e o ataque. Nada que se encaixe no estilo de jogo daquele que já tenha sido, talvez, o melhor volante do mundo.

Compactação ofensiva: pouco apoio dos laterais, quase nenhum auxílio dos volantes (mesmo com a excelente qualidade de passe de Gareth Barry), espaçamento entre os meias, um Tevez brigador, mas que sucumbe à zaga adversária. Este é o panorama de ataque do City, que demonstrou pouquíssimo poder de criação contra o United. No 4-2-3-1 adotado por Mancini, é possível atacar sem deixar espaços na defesa. Com a subida de pelo menos um dos laterais (sobretudo Kolarov, quando voltar à melhor forma), a aproximação de Barry, um trio de meias que pode ser formado, da esquerda para a direita, por Tevez, Silva e Johnson e Adebayor mais adiantado, é perfeitamente possível reter a posse de bola no ataque, e ainda criar jogadas minimamente interessantes. Embora tenha um bom elenco, Roberto Mancini restringe consideravelmente o potencial ofensivo dos seus comandados.

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