Análise: Tottenham

Jogo: Tottenham 3 x 1 Internazionale
White Hart Lane, Londres
UEFA Champions League - 4ª Rodada - Fase de Grupos - 02/11/2010

Há muito tempo o torcedor do Tottenham não sentia o gosto de disputar uma UEFA Champions League. Após as semi-finais alcançadas em 1961, a equipe londrina não mais participou da principal competição de clubes do continente (e também não havia participado, até então). Na temporada 2010/11, o Tottenham não apenas retorna à UCL, como também demonstra força. Num belíssimo jogo de futebol, a equipe de Harry Redknapp venceu a atual campeã, Internazionale, por 3 x 1, e assumiu a liderança do Grupo A, desbancando a própria Inter. Rafael Van der Vaart, Peter Crouch e Roman Pavlyuchenko marcaram para a equipe da casa, com Samuel Eto'o descontando para os visitantes.

A vitória dos Spurs passa pelo fortíssimo lado esquerdo, que dominou o jogo no primeiro tempo (representado pela figura à esquerda). Benoit Assou-Ekotto e Luka Modric subiam ao ataque, auxiliando o trabalho do excelente Gareth Bale - o melhor em campo. Quem também caía pelo setor era Van der Vaart, mas este tinha mais liberdade de movimentação pelos outros setores do campo. Quando manteve-se centralizado, saiu o primeiro gol, após assistência de Modric. A preocupação ficava por conta de Samuel Eto'o, que se posicionava entre as linhas de defesa do Tottenham, à procura de espaços para jogar. Entretanto, havia sempre um marcador por perto, fosse um dos dois zagueiros, ou o primeiro volante Tom Huddlestone. Na segunda etapa (à direita), o técnico Harry Redknapp foi obrigado a deixar o 4-4-1-1 (após a saída de Van der Vaart), e partiu para o 4-1-4-1. Huddlestone fixo à frente da defesa, e os 4 jogadores à sua frente tendo de auxiliar à marcação, além de puxar os contra-ataques que, mais tarde, matariam o jogo. Aaron Lennon apareceu mais, equilibrando o setor ofensivo que, até então, trabalhara excessivamente pela esquerda. Entretanto, foi pelo flanco canhoto que o Tottenham definiu o jogo, com Crouch, e seu substituto, Pavlyuchenko. Em ambos os gols, participação decisiva de Bale.

Pontos positivos

Gareth Bale: talvez seja o grande jogador do futebol inglês no momento. Aliando arrancadas espetaculares, à jogadas de pura habilidade, e refinado senso tático, Bale toma conta da equipe do Tottenham com extrema propriedade. Contra a Internazionale, duas assistências, e um passeio pra cima de Maicon, absoluto na condição de melhor lateral-direito do mundo até pouco tempo. O ainda jovem camisa 3 dos Spurs tem tudo para chegar muito longe, caso mantenha o nível.

Transição correta: as belas investidas ofensivas do Tottenham passam não apenas por um aspecto individual (a qualidade de Bale, no caso), como também pela eficiência coletiva. Huddlestone, com bom passe, Modric e Assou-Ekotto, sempre muito velozes, além de Van der Vaart, extremamente técnico, também são fundamentais para o bom desempenho ofensivo da equipe de Harry Redknapp.

Consciência tática: o bom rendimento dos Spurs também pode ser justificado pela obediência tática dos seus jogadores. Seja no 4-4-1-1, seja no 4-1-4-1, é fundamental que Modric, Bale e Lennon cumpram funções híbridas, atacando com força, e fechando espaços defensivos consistentemente. Além disso, atenção para Huddlestone, que aparece pouco, mas é fundamental no primeiro combate à frente da zaga, além de qualificar a saída de bola. Com tamanho comprometimento, fica mais fácil compreender bela campanha dos Spurs na UCL.

Ponto Negativo

Alan Hutton: na ausência de Vedran Corluka, aqui reside a preocupação do Tottenham. Ainda que tenha força física, Hutton não é confiável no combate direto, muito menos na saída de bola. Com pouca qualidade técnica, não é raro vê-lo desperdiçando boas oportunidades na transição defesa/ataque. O bom trabalho coletivo da equipe da casa fez com que a Internazionale não conseguisse aproveitar como poderia a fragilidade do camisa 2. Entretanto, num outro momento, este problema pode aparecer com maior evidência, e as consequências podem não ser muito interessantes...