Maldito planejamento...ou seria projeto?

Por Antonio Rodrigues Neto

Em minha primeira coluna afirmei que tentaria bancar o vidente, tentando descobrir o que 2011 reserva aos grandes clubes do país.

Vou tentar discorrer um pouco sobre o assunto, no entanto utilizando uma abordagem um pouco diferente: até que ponto o tão citado planejamento existe? Onde o planejamento termina e a falácia começa?

Pelos próximos 3 ou 4 meses, planejamento, pré temporada e projeto serão as palavras mais utilizadas por dirigentes, jogadores e treinadores.
Antes de qualquer coisa, é necessário dizer que esse famoso planejamento obviamente está atrelado aos resultados dentro de campo. O curioso é que o fracasso na competição menos importante do ano, o campeonato estadual, pode mudar o projeto no meio do caminho.

Só este fato já mostra que o planejamento, embora realmente exista em alguns clubes, é uma questão menor perto de outros fatores como pressão da torcida, resultados abaixo do esperado pela diretoria, lesões, competições que a equipe irá disputar, etc.

Em minha opinião, NENHUM clube do Brasil monta um planejamento para o ano todo. Todos eles se preparam para o primeiro semestre e dependendo dos resultados nesse período, montam um novo planejamento para o segundo semestre. O fracasso acarreta mudanças drásticas e o sucesso traz tranqüilidade para disputar o campeonato brasileiro sem pressões.

E isso acaba acontecendo em decorrência de alguns fatores: 1) No primeiro semestre uma ou duas equipes podem pavimentar o caminho para o ano seguinte: o campeão da Copa do Brasil e o campeão da Libertadores. Essas equipes dificilmente disputarão o Campeonato Brasileiro com a seriedade necessária para chegar ao título. 2) No Brasil, mudanças no comando da equipe ainda são a solução quando os resultados não aparecem, afinal é mais fácil culpar o treinador. 3) Embora os títulos estaduais não tenham mais o peso que tinham antigamente, uma derrota para os maiores rivais acirra os ânimos dos torcedores e uma vitória pode acalmá-los pelo resto do ano. 4) A maioria dos clubes muda significativamente o seu elenco, razão pela qual, ainda que involuntariamente, o primeiro semestre serve como uma espécie de período de testes.

Considerando a quantidade de variantes, podemos culpar eventuais falhas no planejamento dos clubes por fracassos dentro das quatro linhas? Depende.

Algumas escolhas dos dirigentes realmente são catastróficas, no entanto estes mesmos dirigentes sabotam o próprio planejamento caso os resultados dentro de campo não apareçam rápido. Explicando melhor, você não pode, por exemplo, avaliar o trabalho de um treinador somente pelos resultados que ele apresenta nos campeonatos regionais e muitos, mas muitos clubes fazem isso.

Outro exemplo: se o seu time começa o ano “apostando na base” pode ter certeza que uma derrota no estadual fará os dirigentes afirmarem que faltou experiência à equipe, indo atrás de jogadores experientes no mercado.

Enfim, eu particularmente não dou mais a mínima importância para o tão propagado planejamento. Pelo menos para o planejamento como ele é executado aqui no Brasil. Isso porque ainda que ele exista, tudo pode ser jogado para o alto com o fracasso em uma competição. Um chavão como o planejamento explica de forma simples como as coisas costumam acontecer: futebol é momento.

Notas de Rodapé

- Em minha coluna de estréia aqui no Leitura de Jogo, sexta-feira passada, abordei o problema das péssimas arbitragens brasileiras. Infelizmente a rodada do fim de semana apenas provou o quanto o problema é grave, com a marcação de dois pênaltis no mínimo duvidosos nos dois jogos que envolviam os três primeiros colocados. Não tenho sequer palavras para expressar minha irritação com o “estilo brasileiro” de apitar. Vou apenas repetir meu questionamento: até quando?

- Nunca foi tão fácil para um time brasileiro ser campeão da Sul-Americana. A LDU 2010 é mais fraca do que a LDU 2009 e o Independiente tem muita tradição, porém não tem time. O limitado time do Palmeiras é favorito para levar o título.

Antonio Rodrigues Neto é catarinense, cresceu antes da popularização do pay-per-view e do acesso a informação através da internet. Assim, sua paixão pelo futebol foi forjada em tardes de domingo ouvindo jogos no rádio ao lado do seu pai. Com o passar do tempo a paixão foi aumentando e acabou se expandindo para além de nossas fronteiras. O futebol brasileiro parecia não ser mais suficiente, razão pela qual passou a assistir com freqüência o futebol praticado na Europa. Hoje, para em frente à televisão para assistir qualquer partida que esteja passando.


Contato: antoniosrneto@yahoo.com.br



3 comentários:

  1. Gostei muito do post, aborda muito bem a filosofia, amadora, dos clubes, no Brasil.
    Mas tenho que dizer que assim com é fácil mandar o técnico embora, é fácil colocar a culpa na arbitragem. Fiz um post em relação a arbitragem, e lá digo o quão, diversificado e amador, é o esporte no país, principlamente a arbitragem.

    ResponderExcluir
  2. Falar em planejamento virou moda, pois passa a impressão de que trata-se de um clube estruturado, organizado. Mas me parece que, que analisássemos a fundo alguns dos tais planejamentos, descobriríamos teorias futebolísticas aplicadas nos tempos em que se amarrava cachorro com linguiça...

    Quem faz um trabalho minimanente competente, se destaca. E isso não é só nessa área, vai muito além do futebol, sem sobra de dúvidas...

    ResponderExcluir
  3. Planejamento é a chave do sucesso no futebol moderno !!

    Parabéns pela coluna, Antônio !!

    ResponderExcluir