Análise: Internacional

Por Hudson Martins

Jogo: Mazembe Englebert 2 x 0 Internacional
Mohammed Bin Zayed, Abu Dhabi
Campeonato Mundial de Clubes FIFA - Semi-Finais - 14/12/2010

Abu Dhabi viu, nesta terça-feira, a maior surpresa da história dos Campeonatos Mundiais da FIFA. Contrariando todas as previsões, o Internacional foi derrotado pelo Mazembe, do Congo, por 2 x 0, e viu caírem por terra as chances de se tornar bi-campeão do mundo. Resta agora ao Colorado a disputa pelo terceiro lugar, no próximo sábado, contra o perdedor do confronto entre Internazionale x Seongnam. A eliminação do Inter deu-se através dos gols de Kabangu e Kaluyituka, ambos na segunda etapa.



Celso Roth deixou o 4-4-2 de lado, e lançou mão do 4-2-3-1 na estreia do Inter no Mundial de Clubes. Embora seja mais técnico, o Internacional teve problemas para furar a marcação do Mazembe, que povoava a intermediária defensiva, e dava poucos espaços à equipe colorada. A chance mais clara de abertura do placar por parte da equipe brasileira veio numa finalização de Rafael Sóbis, que se valeu da rápida troca de posições com Alecsandro para quase marcar. Mesmo com a subida dos laterais, e a movimentação de Andrés D'Alessandro, as dificuldades para invadir a área dos africanos foram enormes. Os problemas se mantiveram na segunda etapa, com a diferença que o Mazembe soube se aproveitar dos espaços cedidos pela defesa do Internacional. Com a inauguração do placar, a ansiedade tomou conta da equipe colorada, e talvez tenha sido a principal responsável por uma série de erros de passes, e por claras oportunidades de gol desperdiçadas, tais como a de D'Alessandro, em jogada ensaiada numa falta lateral. Com grande parte da equipe lançada ao ataque, o Mazembe encontrou outra cratera na zaga vermelha, e Kaluyituka selou o fim do sonho colorado nos Emirados Árabes Unidos.

Leitura tática

Com a posse de bola...

- A transição era dificultada pela marcação bem encaixada do Mazembe no seu campo de defesa. Com dificuldades para ultrapassar o paredão africano, o Internacional tinha três opções: ou fazia a ligação direta dos zagueiros para Rafael Sóbis e Alecsandro, ou procurava Kléber, de reconhecida qualidade no passe, ou então, contava com o recuo de Andrés D'Alessandro, que voltava à intermediária para qualificar a saída de bola, e distribuir o jogo pelos lados do campo.

- Os dois volantes subiam ao ataque, embora Guinazu o fizesse com maior intensidade. Em alguns momentos, o volante argentino chegava a compor uma linha de quatro meias, ao lado de Rafael Sóbis, Tinga e D'Alessandro. A movimentação de Guinazu era importante para quantificar as investidas coloradas.

- Com problemas para chegar à área do Mazembe, outra alternativa do Inter no campo de ataque era contar com a movimentação de D'Alessandro. Agora, não mais para qualificar a saída de bola e sim, auxiliar ao setor de criação. D'Ale girava por todo o campo, puxando a marcação adversária, e se valendo dos seus dribles e passes para melhorar o desempenho ofensivo do Internacional. Rafael Sóbis, pelo outro lado, não conseguia fazê-lo com a mesma eficiência; o camisa 11 cresceria de rendimento no segundo tempo, quando ficou mais próximo do gol.

- As alterações feitas por Celso Roth não surtiram efeito algum. Embora fosse evidente a importância da entrada de Giuliano, e da presença de mais um jogador de área, para evitar que Alecsandro fosse sobrecarregado, não foi possível alterar o panorama da partida, mesmo após as entradas do próprio Giuliano, além de Leandro Damião e Oscar. Faltou movimentação e uma pitada de tranquilidade no ataque para vazar a defesa do Mazembe.

Sem a posse de bola...

- À exceção de Alecsandro, todos os outros jogadores voltavam para preencher o sistema defensivo. O retorno de D'Alessandro e Rafael Sóbis, sobretudo, era importante para evitar as jogadas do Mazembe pelos lados do campo, marcadas pela velocidade. No segundo tempo, sem a recomposição defensiva, o Inter sofreu os dois gols.

- O Internacional soube como evitar os lances de ataque do Mazembe na primeira etapa. Superior tecnicamente, e organizado taticamente, o Inter não sofreu qualquer ameaça da equipe africana nos primeiros 45 minutos. Entretanto, o problema viria mais tarde...

- ... quando o Internacional foi forçado a sair para o jogo buscando o resultado, e cometeu erros gritantes no setor defensivo. No lance do primeiro gol do Mazembe, liberdade para que dois atletas da equipe adversária pudessem construir a jogada de abertura do placar. Obrigado a atacar com mais jogadores, o Colorado cedeu espaço gigantesco para que o veloz Kaluyituka entortasse Guinazu e decidisse o jogo. Em duas falhas, o Internacional viu escaparem as chances de título no Mundial de Clubes.

5 comentários:

  1. Foi a pior partida que eu assisti da zaga, do Alecsandro e do Tinga.
    A sensação foi que eles pensaram que poderiam ganhar a qualquer momento, mas isso nunca existiu no esporte.
    Abraço.

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  2. Simplestente vergonhoso !!

    A soberba não ganha jogo

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  3. Não gostei do Kléber, na esquerda. Fez péssima partida na minha opinião. Errou tudo. Celso Roth mexeu mal, complicando mais ainda o time.

    Mas não se pode esquecer que um time venceu o jogo. E de forma merecida. A marcação do 4-1-4-1 do Todo Poderoso Mazembe foi executada de forma incrivelmente eficiente. Isso porque o time ainda jogava com o cabeça de área reserva. Coisas do futebol....

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  4. Tinga ainda apareceu mais no jogo, Raphael. Alecsandro sofreu por ficar solitário dentro do exército defensivo africano. A dupla de zaga fazia bom jogo, até cometer enorme vacilo no lance do primeiro gol, muito embora toda a defesa estivesse mal posicionada.
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    Não acho que houve soberba, Carlos. É comum sempre atribuir derrotas para equipes mais fracas à este fator, mas me parece que, assim como na maioria dos casos, não foi este o problema. As falhas do Inter, somadas à eficiência do Mazembe, foram os resposnáveis pelo resultado final.
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    Concordo em relação ao Kléber e ao Roth, Lucas; ambos foram infelizes na partida. E, de fato, deve-se relevar a eficiência da marcação do Mazembe, que conseguiu anular um ataque reconhecidamente forte, ainda que, para tanto, tenha contado com o auxílio do próprio Internacional, que se enfraqueceu em função de escolhas equivocadas feitas por Celso Roth (que voltará a ser alvo das mais diversas piadinhas, mas é um bom técnico, embora seja estereotipado).

    Grande abraço a todos!

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