Análise: Arsenal

Por Hudson Martins

Jogo: Arsenal 3 x 1 Chelsea
Emirates Stadium, Londres
Campeonato Inglês - 19ª Rodada - 27/12/2010

No último clássico inglês deste ano, Arsenal e Chelsea se enfrentaram no Emirates Stadium, em jogo fundamental na briga pelo título, dada a pequena diferença entre ambos na tabela, e a vitória do Manchester United no fim de semana. Comandados por Cesc Fabregas - este em noite inspirada - os Gunners venceram por 3 x 1, gols de Alexandre Song, do próprio Fabregas, e Theo Walcott. Branislav Ivanovic descontou.


O 4-2-3-1 dos anfitriões praticamente anulou as investidas do Chelsea. Embora tenha sofrido alguns contra-ataques perigosos (explicados mais detalhadamente abaixo), o Arsenal foi soberano dentro do seu campo de defesa em enorme parte do confronto. Ofensivamente, houve problemas para vencer o paredão azul, na medida em que jogadores importantes como Samir Nasri e Theo Walcott tinham dificuldades para jogar verticalmente, em direção ao gol, ainda que Fabregas buscasse o jogo. Na segunda etapa, dois gols relâmpago, e muito mais segurança para a equipe da casa, que, com o passar da segunda etapa, se fixou num 4-1-4-1, que podia tanto proteger a defesa com consistência, quanto buscar o ataque pelos lados do campo, ainda que este segundo procedimento não tenha sido necessário.

Leitura tática

Com a posse de bola...

- O Arsenal tinha dificuldades em penetrar no sistema defensivo do Chelsea no primeiro tempo. Bem postados no seu campo, os Blues não davam espaço à equipe da casa, e obrigavam o time de Arsene Wenger a buscar alternativas ofensivas que pudessem criar novas situações na partida. A movimentação intensa de Cesc Fabregas e os retornos de Robin Van Persie, abrindo espaços na área para a entrada dos jogadores que vem de trás, são bons exemplos.

- Como ocorre tradicionalmente com os times dirigidos por Wenger, há uma vocação ofensiva mais evidente. No Arsenal, isso fica bem claro com a recorrente projeção dos volantes ao campo de ataque. Embora Jack Wilshere o faça com mais intensidade, e seja bem mais técnico, foi Alexandre Song quem abriu o placar, num lance em que apareceu quase como um centroavante na área do Chelsea.

- Com dificuldades na transição defesa/ataque em alguns momentos, restava ao Arsenal recorrer à saída de bola de Laurent Koscielny, o mais técnico dos zagueiros. Sem marcação, o francês saía para o jogo, e buscava os jogadores de frente com passes rasteiros. Embora se deva observar o risco corrido, que foi visto na prática em alguns contra-ataques criados no setor ocupado por Koscielny, é importante citar o segundo gol do Arsenal, originado num lance exatamente desta natureza: passe do francês direto para Van Persie, que briga com a zaga; na sobra, Walcott sai na cara do gol, e rola para Fabregas marcar.

- Com expressiva vantagem no placar, o Arsenal soube valorizar a posse de bola em momentos importantes do jogo, evitando qualquer tipo de reação mais contundente do Chelsea. Embora tenha cedido maior território ao adversário, reação natural em função da folga no placar, a equipe de Arsene Wenger soube qualificar a posse durante cerca de 35 minutos de jogo. A valência técnica de todo o meio-campo vermelho, além da importante movimentação de Fabregas, foram importantes para consolidar o domínio dos Gunners na partida.

Sem a posse de bola...

- O principal problema enfrentado pela defesa do Arsenal durante boa parte do primeiro tempo vinha das saídas do Chelsea em contra-ataque; o que ocorria com certa constância. O jogo às costas dos volantes era um risco para a equipe da casa, que, todavia, não podia abrir mão de jogar majoritariamente no seu campo de ataque.

- Em função deste fator, e de um pequeno ganho territorial do Chelsea na segunda etapa, cabe o destaque para a dupla de zaga: tanto Johan Djorou quanto Koscielny foram precisos durante grande parte do jogo, tanto pelo alto quanto pelo chão. Falha apenas no lance do gol dos visitantes, quando Ivanovic se valeu de belíssima cobrança de falta de Drogba para marcar. De qualquer maneira, a eficácia dos zagueiros dos Gunners é muito importante, ainda mais quando o goleiro não é dos mais confiáveis, caso de Lukasz Fabianski.

- Nas bolas paradas, ressalte-se o importante reforço dado por Robin Van Persie, sempre posicionado no primeiro poste, dando suporte considerável para a defesa dos Gunners. Na ausência de Van Persie, outro que pode fazer essa função (talvez com mais eficácia ainda) é Nicklas Bendtner, reserva no jogo desta segunda.

Um comentário: