Análise: Chelsea

Por Hudson Martins

Jogo: Chelsea 1 x 1 Everton
Stamford Bridge, Londres
Campeonato Inglês - 16ª Rodada - 04/12/2010

Há três rodadas sem vencer, a partida contra o Everton era de fundamental importância para o Chelsea. Com o adiamento do confronto entre Blackpool x Manchester United, a vitória sobre a equipe de Liverpool significava a retomada da liderança da Premier League para os Blues. Mesmo enfrentando um adversário em má situação na tabela, o Chelsea encontrou muitas dificuldades, e somou mais uma partida sem triunfar. Em casa, empate por 1 x 1, com gols marcados por Didier Drogba (de pênalti) e Jermaine Beckford.




A proposta da equipe de Carlo Ancellotti só poderia ser pressionar o adversário. Embora tenha entrado em campo num posicionamento ofensivo, o que se viu no primeiro tempo foram duas equipes consistentes na defesa, mas com problemas no ataque. Com maior posse de bola, o Chelsea tomava a iniciativa de buscar o gol, mas esbarrava na boa marcação do Everton (com destaque para Sylvain Distin), e nos seus próprios problemas (que serão melhor descritos abaixo). A abertura do placar veio num pênalti duvidoso, mas deu ao Chelsea a tranquilidade que precisava para o início do segundo tempo. Na etapa final, entretanto, vários erros de passes foram cometidos pelos Blues, dando maior posse de bola ao adversário, que cresceu consideravelmente em campo. Apostando no lado esquerdo de ataque - muito forte com Leighton Baines - o Everton criou algumas chances de empatar a partida, o que só ocorreria aos 41 minutos. O próprio Baines fez jogada espetacular, e cruzou na cabeça de Tim Cahill, que deu assitência para o gol de Beckford. A mudança de esquema tático feita por Carlo Ancellotti não gerou resultado, e o Chelsea saiu do Stamford Bridge acumulando mais um jogo sem vitória, e sabendo que terá dura sequência pela frente (na ordem, Tottenham, Manchester United e Arsenal).

Leitura tática

Com a posse de bola...

- Bosingwa e Ashley Cole subiram insistentemente, enquanto o Chelsea foi o dono do jogo. Auxiliando, respectivamente, Salomon Kalou e Nicolas Anelka, os dois laterais foram ao campo de ataque em várias oportunidades, ainda que não tenham conseguido furar o bloqueio defensivo do Everton.

- O trio de meias é muito bom, mas não rendeu o que pode neste sábado. Obi Mikel alternou belos desarmes com erros de passes bisonhos; Michael Essien demonstrou nitidamente que ainda precisa de maior ritmo de jogo, ao passo que Florent Malouda tinha que se desdobrar numa posição diferente daquela em que costuma atuar, o que ocasionou menor intensidade ofensiva dos Blues. A saída de bola não era comprometida, mas o rendimento ofensivo foi menor do que o esperado.

- Deslocar Anelka para o lado do campo não é uma novidade; o atacante francês já fez essa função várias vezes no Chelsea. Entretanto, a partida contra o Everton exigia um estilo de jogo mais insinuante, de dribles e velocidade, que pudesse quebrar a defesa adversária. Para este tipo de jogo, Anelka tem dificuldades. Embora tenha sido responsável por sofrer (ou "buscar", digamos assim) o pênalti que gerou o gol do Chelsea, ficou nítido que o jogo por aquele setor poderia ser mais efetivo caso Malouda ocupasse aquela faixa do campo, ao invés do camisa 39.

- Atenção à movimentação nas bolas paradas ofensivas: são 6 jogadores na área (um número alto, em comparação com o que é costumeiramente observado), e Obi Mikel no rebote (forte fisicamente que é, pode tanto vencer uma disputa pela bola quanto ajudar a recompor a defesa rapidamente). Na cobrança, estão Drogba ou Malouda.

Sem a posse de bola...

- Houve marcação no campo de defesa do Everton durante parte do primeiro tempo. Neste período, o Chelsea conseguiu, talvez, o seu ápice dentro da partida, ainda que isso represente pouco perto do que a equipe de Carlo Ancellotti pode mostrar. Destaque para a compactação das linhas de marcação, algo fundamental para que esta alternativa defensiva dê resultados.

- Com a marcação do Chelsea, o Everton era obrigado a fazer a ligação direta defesa/ataque. E nos chutões, John Terry foi absoluto. O camisa 26 tomou conta da defesa dos Blues neste tipo de jogada. É importante ressaltar o bom aproveitamento do Everton em jogadas aéreas, sobretudo com Tim Cahill e Marouane Fellaini. Enquanto as bolas aéreas eram oriundas de chutões, Terry se consagrou. O capitão só não teve o que fazer no lance do gol de empate dos visitantes: passes preciosos de Baines para Cahill e deste para Beckford.

- Com problemas para conter o lado esquerdo de ataque do Everton, Carlo Ancellotti sacou Bosingwa para a entrada de Paulo Ferreira. Mas os problemas persistiram. Desconsiderando o aspecto psicológico (e a pressão de não poder ceder o empate - o que acabou ocorrendo), deve-se aqui reiterar os problemas oriundos da inatividade de Essien, hoje volante pela direita, e, teoricamente, principal auxiliar de Paulo Ferreira na marcação à Steven Pienaar e Leighton Baines. Com Essien ainda em má forma, não foi possível conter o bom lateral do Everton no lance do gol da equipe de Liverpool.

- Cautela é a palavra que marca as bolas paradas defensivas do Chelsea: são 9 jogadores dentro da área, apenas com Malouda no rebote. As chances de contra-ataque são praticamente sepultadas antes mesmo do seu início.

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