Análise: Lazio

Por Hudson Martins

Jogo: Lazio 3 x 1 Internazionale
Estádio Olímpico, Roma
Campeonato Italiano - 15ª Rodada - 03/12/2010

A Lazio pode não ter ultrapassado o líder Milan, mas já pode comemorar o empate em número de pontos com a equipe rossonera. Embora ainda precise esperar a partida dos rivais pela 15ª Rodada, a equipe de Roma sentirá o doce sabor da dianteira no Calcio pelo menos durante a noite desta sexta-feira. Em cortejo adiantado em função da participação da Internazionale no Mundial de Clubes, a equipe do técnico Edoardo Reja passou pela atual campeã europeia por 3 x 1, com gols marcados por Giuseppe Biava, Mauro Zárate e Hernanes. Goran Pandev descontou para os nerazzurri.


A vitória da Lazio nesta sexta-feira passa por três pilares: a consistência defensiva, alcançada através de excelente poder de compactação no setor, o brilho individual no ataque, graças às belas atuações de Hernanes e Zárate, que desequilibraram a partida a favor da equipe da casa, e a apatia da Internazionale, que vai ao Mundial levando consigo uma série de problemas de ordem médica, e uma crise técnica que persiste desde a chegada de Rafa Benitez. Ciente das falhas do adversário, o técnico Edoardo Reja levou seu time a campo sabendo que deveria ser, num primeiro momento, sólido na defesa, para depois investir na qualidade que possui no ataque, graças aos dois jogadores supracitados. Embora tenha recuado em demasia a partir do 2 x 0, a Lazio soube como garantir a vitória num jogo de fundamental importância.

Leitura tática

Com a posse de bola...

- Os laterais não sobem com constância; quando vão ao ataque, o fazem alternadamente. Stephan Lichtsteiner e Stefan Radu são limitados tecnicamente, e são mais adeptos de desarmes do que dribles e avanços ao campo do adversário. Na via de mão dupla com a qual todos os técnicos lidam, Reja prefere ser mais conservador, segurando seus laterais e apostando no trio de meias.

- A saída de bola pelo centro do campo tem em Matuzalém um toque de criatividade. Destaque das categorias de base do Brasil no fim dos anos 90, o camisa 11 se redescobriu na Itália como um bom marcador, que sabe qualificar a transição. O faz com muita competência, e é parte importante para o bom rendimento da Lazio, ainda que não seja o principal destaque da equipe.

- Não seria fácil, de qualquer maneira, assumir o posto de líder desta Lazio, já que Hernanes e Zárate destoam consideravelmente. São estilos de jogo que se completam, e talvez por isso tenham se entrosado com tamanha facilidade. Enquanto Hernanes pensa o jogo pelo centro do campo, lançando mão da cadência ou da ousadia, de acordo com o que a partida exige, Zárate é mais insinuante, e se torna uma válvula de escape pelo lado do campo, com seus dribles e velocidade. Contra a Internazionale, o argentino soube se aproveitar da inexperiência de Felice Natalino, responsável pela sua marcação, para criar os principais lances da equipe da casa no primeiro tempo; na segunda etapa, foi Hernanes quem sobrou em campo.

- A bola parada é uma arma interessante da Lazio. Com a excelente forma de Hernanes, escanteios ou faltas próximas à área ganham conotação diferente. Nos escanteios, Hernanes (que alterna cobranças com Zárate) tem cinco opções dentro da área para o cabeceio; nas faltas, o brasileiro está com a mira em dia, como provou no terceiro gol. Finalizações de média/longa distância também entram neste repertório, aumentando o arsenal de possibilidades da equipe.

Sem a posse de bola...

- Nota-se uma equipe extremamente aplicada no seu campo defensivo. Sem pressionar a saída de bola do adversário, a Lazio fica plantada no seu território, evitando as investidas do oponente pelos lados e pelo centro. Wesley Sneijder, Jonathan Biabiany e Goran Pandev pouco puderam fazer contra a bem posicionada defesa dos anfitriões, a menos vazada até agora no Calcio (12 gols sofridos, assim como outras 4 equipes).

- Ressalte-se a importância de Stefano Mauri, que, se não é tão insinuante ofensivamente quanto Hernanes e Zárate, faz papel híbrido de extrema importância. Chega ao ataque, e volta para ocupar espaços fundamentais na defesa, além de se destacar pela força física, o que o favorece no confronto direto contra os adversários. A recente convocação para a Seleção Italiana tem muito fundamento.

- Outro que merece destaque é André Dias, que forma segura dupla de zaga com Biava. Acostumado ao trio de zagueiros dos tempos de São Paulo, André adaptou-se bem ao estilo de jogo da equipe italiana, muito embora seja favorecido pela segurança defensiva que começa bem mais à frente, com a marcação exercida pelo trio Zárate/Hernanes/Mauri. Ainda assim, o camisa 3 mostra a mesma segurança que o levou ao posto de um dos melhores zagueiros do futebol brasileiro, com precisão nos desarmes e cabeceios.

- Finalmente, deve-se observar a extrema cautela da Lazio nas jogadas de bola parada na defesa: são 9 jogadores dentro da área, congestionando quase que ao máximo o setor próximo ao instável goleiro Fernando Muslera. Contra a Internazionale, alto aproveitamento de rebatidas da zaga dos anfitriões.

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