Será que a mudança veio pra ficar?

Por Antonio Rodrigues Neto

Um estranho fenômeno tomou conta do mercado de transferências brasileiro nesse início de ano: a falta de transferências.

Ainda é bem cedo para avaliar se é realmente uma “tendência” dos clubes, mas a drástica queda no número de contratações até agora é uma regra com pouquíssimas exceções. Aliás, a maioria dos clubes dispensou mais jogadores do que contratou...

Entre as explicações estão diversos fatores. O primeiro deles é a necessidade de reduzir a folha salarial, abrindo espaço para contratações mais caras sem aumentar demais as despesas.
 
Outra explicação seria o aproveitamento maior das categorias de base. Pelo menos nesse primeiro semestre, onde os adversários são mais fracos e os grandes clubes geralmente entram em campo para cumprir tabela nos Estaduais, já que a classificação muitas vezes chega com grande facilidade, bem como antecipadamente.
 
No entanto, PARECE que, com décadas de atraso, os grandes clubes brasileiros estão aprendendo que contratar por contratar sete ou oito jogadores rezando para que pelo menos um deles obtenha êxito, acarreta mais ônus do que bônus.
 
Aparentemente os grandes clubes se deram conta de que você precisa manter uma base de um ano para o outro e só contratar jogadores para as posições nas quais você realmente necessita. Que é melhor contratar três jogadores para o time titular do que oito que venham para, utilizando um jargão do futebol, "compor elenco".
 
Saliento que, pelo menos por enquanto, apenas parece que as coisas estão mudando. É bem provável que fracassando no primeiro semestre ou mesmo em 2011 como um todo, estes mesmos clubes mudem completamente sua filosofia e contratem um time inteiro de uma hora para outra, rezando para que dois ou três funcionem.
 
Veremos como o mercado se comportará daqui para frente. Eu particularmente espero que essa política de contratações, muito mais racional do que a utilizada anteriormente, seja mantida.

Notas de Rodapé:
 
- Como não consegui falar no fim do ano passado sobre alguns assuntos e essa é a minha primeira coluna no ano, ai vai minha opinião:
 
- Impressionante como até quando a intenção teoricamente é boa, a CBF consegue fazer lambança. Nada mais justo do que reconhecer os títulos anteriores à criação do brasileiro com o formato que ele tem hoje. Mas uma decisão assim não pode ser tomada de forma tão precipitada. No mínimo, repito, no mínimo, deveria ocorrer um amplo debate ou um amplo estudo sobre o tema. A minha opinião é muito simples: igualar títulos desiguais é ainda pior do que não reconhecê-los. A Taça Brasil deveria ser equiparada a Copa do Brasil e o Robertão deveria ser equiparado ao Brasileirão.
 
- Alguém consegue imaginar algum critério coerente para colocar Cruzeiro, Corinthians e Estudiantes no mesmo grupo da Libertadores? A Conmebol pelo visto não só conseguiu imaginar como colocou em prática. Um dos favoritos hipotéticos ao título vai ficar na primeira fase.
 
- Finalmente acabou essa insuportável novela Ronaldinho. Exceto os torcedores dos três times envolvidos, acho que ninguém mais agüentava o assunto. Sequer vou comentar a forma ridícula como as negociações caminharam porque isso já foi dissecado pela mídia esportiva. O que mais me chama a atenção são as entrelinhas da contratação. Assuntos importantes que pouca gente parece interessada em saber. Tudo é tratado de forma superficial e até certo ponto “inocente”. De duas coisas eu tenho certeza: mesmo com o sigilo de aspectos importantes do contrato, não receber receitas é o mesmo que pagar ao jogador e ninguém faz nada de graça. Quer um exemplo que acaba suscitando várias duvidas ao mesmo tempo? Quanto é que o Flamengo/Traffic pagou ao Milan pela liberação do Ronaldinho? Se a Traffic investiu esse dinheiro, ela é a dona dos direitos econômicos (passe para os nostálgicos) do Ronaldinho? E isso é apenas um aspecto dessa negociação...
 
- Encerro fazendo uma pergunta aos leitores: vocês sabiam que a Seleção Brasileira Sub-17 possui um jogador do Deportivo Brasil, vulgo Traffic? Pelo visto eles resolveram cortar os “intermediários”.

Antonio Rodrigues Neto é catarinense, cresceu antes da popularização do pay-per-view e do acesso a informação através da internet. Assim, sua paixão pelo futebol foi forjada em tardes de domingo ouvindo jogos no rádio ao lado do seu pai. Com o passar do tempo a paixão foi aumentando e acabou se expandindo para além de nossas fronteiras. O futebol brasileiro parecia não ser mais suficiente, razão pela qual passou a assistir com freqüência o futebol praticado na Europa. Hoje, para em frente à televisão para assistir qualquer partida que esteja passando.

5 comentários:

  1. Esse número de contratações reflete um certo nível de maturidade, que aos poucos as administrações de alguns clubes estão atingindo, tanto no aspecto técnico quanto no financeiro.

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  2. Será isso ou liseira?

    Tenho medo da segunda opção, mas espero - e até acredito - que os clubes estão aprendendo.

    Por sinal, alguém viu o São Paulo ir ao mercado?

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  3. Grande Tunin, meus primeiros acessos ao blog. Estão de parabéns, como já citei no post
    do Hgm. Muito boas as postagens, estarei mais vezes por aqui!

    Não sei se realmente alguns clubes estão tendo essa consciência que você mencionou,
    talvez alguns, mas muitos serão meros "participantes" das competições do primeiro
    semestre, pois não são candidatos a título, muitos continuaram com posições carentes
    em seus elencos como terminaram 2010. Caso do Palmeiras, São Paulo dentre outros.

    Mas como o bom do futebol é ele ser imprevisível, vamos esperar algumas rodadas pra
    podermos tecer mais comentários sobre tais times.

    * Eu to por fora não to sabendos do tal jogador que a Seleção Brasileira Sub-17
    possui da Traffic...

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  4. Também não sabia disso, Jean, mas conversando com o Antonio, ele me disse que se trata do atacante Aguilar. É o jogador mais novo dessa equipe, nascido em 07/03/1995.

    Belíssima observação, parabéns ao Tonho.

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  5. muito PHOOOODAAAA mesmo, xou!!!

    porra não fui First!!!

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