Análise: Cruzeiro

Por Hudson Martins

Jogo: Cruzeiro 5 x 0 Estudiantes
Arena do Jacaré, Sete Lagoas
Copa Libertadores da América - Fase de Grupos - 16/02/2011

Se os chamados "deuses do futebol" surgissem do além, e dissessem aos torcedores do Cruzeiro que a estreia na Libertadores seria fantástica, provavelmente pouquíssimos pensariam em algo tão marcante. Contra um adversário muito tradicional, e de más lembranças na história recente do próprio Cruzeiro, a equipe do técnico Cuca deu um baile de eficiência, e fez 5 x 0 no Estudiantes. Wallyson e Montillo, duas vezes cada, além de Roger, marcaram para a equipe mineira.


Cuca surpreendeu, adotando o 3-4-2-1, e mudando a característica de jogo do Cruzeiro, acostumado, nos últimos anos, a jogar no 4-4-2 em losango. Mesmo sem Thiago Ribeiro, no banco por opção técnica, o lado direito se manteve muito forte, com as subidas de Wallyson e a movimentação de Walter Montillo. Roger também aparecia com força no ataque, e chegou a alternar seu posicionamento com Montillo num determinado momento. Destaque também para Wellington Paulista, que se movimentou com intensidade, e foi importante na marcação à saída de bola adversária. Na segunda etapa, manutenção do panorama tático, apenas com Montillo se tornando menos incisivo com o passar do tempo, e Thiago Ribeiro mais fixo do que o seu antecessor.

Leitura Tática

Com a posse de bola, o Cruzeiro poderia encontrar dificuldades frente a marcação da boa equipe do Estudiantes. Entretanto, o panorama do jogo mudou completamente logo aos 50 segundos, quando Wallyson abriu o placar. A partir dali, a equipe da casa soube aliar a paciência na troca de passes à eficácia para fuzilar os argentinos em praticamente todas as chances que surgiram.

Para tanto, a Raposa contava com a excelente adaptação de Wallyson à função de ala pela direita, subindo ao ataque com muita força; a técnica e movimentação de Montillo, que além de marcar duas vezes, fez jogada espetacular no gol de Roger; e a bela partida do próprio Roger, que mesmo atuando numa faixa de campo na qual não havia tanto auxílio (Gilberto e Marquinhos Paraná não subiam com frequência), soube se valer da sua técnica para marcar o seu, e contribuir positivamente para a vitória cruzeirense (o drible antológico em German Ré valeu o ingresso).

Ainda no ataque, é importante registrar a participação dos dois volantes na saída de bola, errando pouquíssimos passes (com Henrique se projetando ao ataque bem mais do que Paraná), e a movimentação de Wellington Paulista, cumprindo com autoridade a função que lhe fora determinada: movimentou-se bem, abriu espaços para os que vinham de trás, e confundiu a defesa adversária, não se acomodando no setor central de ataque. Bela participação de WP9.

Finalmente, o Cruzeiro deixou excelente impressão nos contra-ataques cedidos pelo Estudiantes. Aliando muita velocidade com elogiável ocupação de espaços, a equipe anfitriã soube se valer da veia ofensiva do técnico adversário Eduardo Berizzo, que, em várias situações, acabou se mostrando prejudicial aos argentinos, pelo menos no contexto da partida desta quarta-feira, deixando crateras à disposição da Raposa.

Sem a posse de bola, era importante que houvesse algumas preocupações. Verón não poderia ter liberdade para sair jogando, mas nem sempre o cerco foi tão forte. Porém, os lançamentos do camisa 11 encontravam Perez, Fernandez, Leandro Benitez ou qualquer outro jogador sempre muito bem marcado. Méritos para a compactação do 3-4-2-1 cruzeirense.

Duas observações a serem feitas quanto a linha de três zagueiros: é bastante válida a tentativa de fazer com que Pablo jogue como uma espécie de zagueiro pela direita. Ele tem vigor físico, e sempre se notabilizou pela versatilidade, desde a época de Vasco. Entretanto, continua afobado em determinados momentos; jogando mais próximo à área, precisa ser mais cauteloso. Além disso, é interessante observar o posicionamento do excelente Mauricio Victorino. Acostumado a jogar pela direita, tanto na Universidad de Chile quanto na Seleção Uruguaia, Victorino pode se dar bem jogando na sobra. Tem dois zagueiros rápidos dos lados, e belíssimo senso de posicionamento. Alternativa bastante interessante.

Quanto à marcação no setor ofensivo, Wellington Paulista foi muito bem. Teve participação importante neste sentido durante grande parte do jogo, com destaque para o desarme que originou o primeiro gol. Montillo e Roger auxiliaram bastante, mas poderiam ser ainda mais efetivos, num eventual cerco ao supracitado Verón, e a Braña, que saía com liberdade em alguns momentos. Embora a intermediária defensiva do Cruzeiro tenha mostrado segurança, é importante que haja o máximo de cooperação dos homens de frente. Um desarme em setor próximo ao gol adversário pode ser muito favorável a esta equipe tão dinâmica no ataque.

Balanço Tático

Cuca foi bastante ousado na estreia cruzeirense na Libertadores, mas provou que sabia o que estava fazendo. Com o trio de zaga, soube explorar as características de cada um dos defensores, com destaque para Victorino que, com o passar do tempo, tem tudo para se tornar o principal expoente do setor. A aposta em Wallyson, na vaga de Thiago Ribeiro, conferiu poder de marcação pela direita, aliada à intensidade ofensiva pelo lado do campo. Gilberto não comprometeu na outra ala, e Roger fez partida bastante produtiva. Fatores que, somados, resultaram numa partida espetacular da equipe da casa, que larga de maneira mais do que segura na Libertadores 2011.

3 comentários:

  1. Show, sério mesmo!!!

    First!!!

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  2. MONTILLO


    MITOOOOOOOOOOO

    diogo

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  3. Ah, mas tá de parabéns com o blog, viu, maninho? Hahaha Desde a última vez que vim aqui as coisas mudaram mesmo, vocês estão fazendo um ótimo trabalho. E apesar de não entender de futebol, dá para ver que pra quem gosta o serviço é de primeira!
    Beijos!

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