Não adianta jogar a culpa no calendário

Por Antonio Rodrigues Neto

Aquelas famosas e irritantes reclamações relativas ao calendário do futebol brasileiro vão começar. Enquanto os resultados negativos não vem, as reclamações sobre o assunto são discretas, no entanto ao primeiro tropeço as coisas começam a mudar...

Tudo bem, eu admito que realmente algumas medidas relativamente simples amenizariam vários problemas que temos nesse aspecto (como disputar a Libertadores, a Sul-Americana e a Copa do Brasil ao longo do ano todo), mas acho que o calendário já está virando muleta para muita gente.

Os treinadores e dirigentes sabem com antecedência que terão uma maratona de jogos em determinados períodos do ano e mesmo assim parecem querer dar passos maiores do que as pernas.

O Santos, por exemplo, levou um cansado Neymar (o jogador estava disputando o Sul-Americano sub-20) até a distante cidade de Tachira e o deixou em campo por todo o jogo. Até aí tudo bem, porque a Libertadores é o principal objetivo dos clubes no primeiro semestre. O problema é que depois dessa extenuante viagem à Venezuela e de ter atuado por toda partida, quatro dias depois Neymar atuou novamente, durante toda a partida, em um clássico contra o Corinthians.

Ora, o garoto não teve uma pré-temporada como deveria ter, jogou uma competição dura em gramados pesados e mesmo assim é exigido fisicamente dessa forma? Não há atleta que agüente.

Outro exemplo: o Internacional. O clube havia definido que uma equipe B disputaria o campeonato Gaúcho enquanto a equipe principal se dedicaria a Libertadores. Após a eliminação na competição regional, os dirigentes mudaram tudo: dissolveram a equipe B, afastaram o treinador e dispensaram uma série de jogadores.

Se os dirigentes definiram como prioridade a Libertadores, por que jogar a culpa da eliminação precoce na competição regional nos ombros do time B? Quando priorizaram uma das competições, os dirigentes não estavam automaticamente assumindo o risco do time B não conseguir os resultados que o time principal deveria alcançar?

O amigo leitor pode se preparar para ouvir falar cada vez mais de calendário, pré-temporada, preparação física, etc, etc. Como eu já disse anteriormente, realmente temos problemas no nosso calendário, mas os dirigentes e a comissão técnica sabem com antecedência de todos esses problemas.

O discurso após um fracasso geralmente já está pronto como o calendário.

Notas de Rodapé:

- O Fluminense está fazendo força para jogar o seu primeiro semestre no lixo. Apesar de ter um dos elencos mais caros do país, não soube aproveitar o “presente” que o Botafogo lhe deu e foi eliminado da Taça Guanabara pelo modesto e limitadíssimo Boavista. Como se isso não fosse o suficiente, empatou a segunda partida seguida dentro de casa pela Libertadores e complicou de vez sua classificação à segunda fase. Terá que vencer fora de casa adversários duríssimos se quiser avançar na competição.

- Na outra semifinal, Flamengo e Botafogo fizeram um jogo disputadíssimo decidido apenas nos pênaltis. O Flamengo foi um pouco melhor durante a partida, porem não conseguiu transformar essa superioridade em vantagem no placar. Na decisão por pênaltis Joel Santana resolveu adotar a velha tática de botar os melhores batedores nas duas ultimas cobranças. Renato Cajá chegou pressionado e perdeu; Loco Abreu sequer chegou a bater. O Flamengo está com uma mão e mais quatro dedos da outra na taça.

- Semana passada Cuca foi tema principal da coluna http://blogleituradejogo.blogspot.com/2011/02/o-mais-dificil-e-dosar.html. O treinador repetiu a agressividade ofensiva de sua estréia na Libertadores e goleou mais um adversário. É bem verdade que a equipe mineira começou tomando alguns sustos, entretanto a movimentação constante acabou envolvendo o adversário. Destaque para o argentino Montillo. Impressionante a rapidez com que o meia se adaptou ao futebol brasileiro e ainda mais impressionante o que ele vem jogando. Já é o principal jogador do Cruzeiro e um dos melhores do país.

- Também impressiona a disposição que o meia Carlos Alberto tem para desperdiçar as chances que recebe. Ontem, em partida válida pela Libertadores, teve que ser substituído ainda no primeiro tempo para evitar uma expulsão que ficava cada vez mais próxima. Parece que o Carlos Alberto nunca conseguirá ser aquele jogador que parecia ser no seu brilhante inicio no Fluminense.

- Vou poupar os leitores de mais uma análise sobre a insuportável novela Clube dos Treze. Espero apenas que os clubes realmente estejam pensando no que é melhor para eles e que essa polêmica termine de uma vez.

3 comentários:

  1. Show de Bola sério mesmo...

    FIRST!!!

    I am the BEST...

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  2. Legal mas, cade o Fontelene

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  3. É uma pena eu só ter lido este post depois do post sobre o Muricy.

    Pra mim, não tem cabimento colocar tantas rodadas nos estaduais... tem que dar uma encurtada. Além disso, não dá pra contar só com 23 jogadores né? O futebol brasileiro tem particulares, o calendário extenso é uma delas... Os plantéis deveriam ter pelo menos 30 atletas treinando regularmente. As lesões são inevitáveis, a rotatividade também.

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