Análise: Liverpool

Por Hudson Martins

Liverpool 1 x 1 Sunderland
Anfield Road, Liverpool
Campeonato Inglês - 1ª Rodada - 13/08/2011

A oscilação marcou a estreia do Liverpool na Premier League 2011/12. Da equipe segura e objetiva da primeira etapa, passando ao time ansioso e desestruturado do segundo tempo, os Reds não saíram de um empate com o Sunderland, com gols de Luis Suarez para os anfitriões, e Sebastian Larsson para os visitantes. Resultado inesperado para uma equipe renovada, vinda de grandes investimentos, e que entra na temporada visando voltar à briga pelo título inglês.

O Liverpool não foi avassalador em momento algum da partida, mas soube ser suficientemente objetivo para ameaçar a meta adversária. Foi assim que Suárez se valeu da falha de Kieran Richardson, e sofreu pênalti quando tinha claras chances de inaugurar o placar. O uruguaio isolou a cobrança, mas se refez da falha em gol marcado aos 12 minutos. O transcorrer da primeira etapa mostrava um Liverpool bastante consciente no aspecto ofensivo, trocando passes até achar o momento certo de atacar, e se valendo da qualidade de Charlie Adam na saída de bola, e nas subidas ao setor ofensivo, aproveitando espaço deixado provocado pelo próprio sistema de jogo dos anfitriões. O 4-2-2-2 de Kenny Dalglish não era brilhante, mas era seguro para enfrentar um adversário teoricamente mais fraco. Na defesa, 8 jogadores atrás da linha da bola em rápida recomposição. A marcação se dava mais efetivamente em linha média/baixa, talvez para chamar o adversário para seu campo, e aproveitar a velocidade de Suárez e Downing nos contra-ataques.


À esquerda, o Liverpool no primeiro tempo, com Charlie Adam subindo ao ataque, e se valendo de espaço na intermediária para auxiliar aos homens de frente; Suárez de movimentava bem pelos dois lados do campo. Na etapa final, manutenção da estrutura tática, mas sem as subidas de Adam. O Liverpool perdeu força ofensiva, e sofreu o empate numa das investidas de Larsson sobre Flanagan.

No segundo tempo, os Reds perderam completamente o controle da partida. Com o adversário dentro do seu campo, a equipe de Kenny Dalglish tentava sair em velocidade, mas confundia rapidez com afobação. Os erros de passes cresciam exponencialmente, e a bola ficava cada vez menos tempo nos pés dos donos da casa. Se aproveitando do mau momento do adversário, o Sunderland saía para o jogo, sobretudo pelo lado direito de defesa do oponente, onde John Flanagan demonstrava insegurança. Após algumas tentativas, o empate veio exatamente às costas do jovem lateral, numa finalização espetacular de Larsson. Após o gol, embora tenha se acertado defensivamente, o Liverpool não soube como se reorganizar no setor ofensivo, e terminou o jogo de maneira pragmática, abusando dos lançamentos para Andy Carroll. Muito pouco para um time tecnicamente qualificado, e de grandes pretensões na Premier League.

Leitura Técnica

- Com atuação bastante apagada, Flanagan foi um dos pontos fracos do Liverpool no empate deste sábado. Porém, o jovem lateral não é o titular; ocupa a vaga de Glen Johnson (ainda que Martin Kelly tenha feito atuações interessantes na última temporada). Com Johnson, o Liverpool ganha em experiência e poder ofensivo, já que o lateral tem facilidade para apoiar o ataque.

- Os problemas do lado direito do campo não se resumem à defesa. Jordan Henderson, meia pela direita, não fez um mau jogo, mas também não chegou a incomodar o sistema defensivo do Sunderland. Já Stewart Downing, quando jogou pelo setor, quase fez um golaço ainda no primeiro tempo, mas demonstrou a instabilidade  que era evidente, sobretudo, nos tempos de Middlesbrough. A entrada de Dirk Kuyt deu certa movimentação ao ataque, ao contrário de Raul Meireles, que pouco fez enquanto esteve em campo.

- Num momento de dificuldade no jogo, Kenny Dalglish demonstrou limitação tática, ao não alterar a maneira de jogar da equipe. Embora fosse nítida a superioridade do Sunderland no segundo tempo, Dalglish optou pela manutenção do 4-2-2-2, apenas alterando os jogadores. Sem qualquer tipo de resultado, o Liverpool se tornou uma equipe previsível. Ainda que devam ser relevadas as ausências de peças importantes, como Steven Gerrard e Alberto Aquilani (caso fique em Anfield), havia a possibilidade de criar novas alternativas dentro do jogo, como um 4-2-3-1, que permitiria maior posse de bola aos Reds, e a possibilidade de deixar Carroll mais próximos dos zagueiros, gerando profundidade à equipe.

Dalglish em momento pensativo: ele deveria ter ousado mais

- Nas bolas paradas ofensivas, a insistência com Carroll é gritante. O camisa 9 foi acionado diversas vezes pelos dois cobradores oficiais (Adam e Downing). Numa das poucas vezes em que a bola não foi mandada deliberadamente para o centroavante, saiu o gol, numa cabeçada de Suarez no primeiro poste. Importante observar o posicionamento de Jamie Carragher, que fica no campo defensivo neste tipo de lance; embora seja um bom marcador, Carragher é lento, e pode ser batido até com certa facilidade em contrataques de equipes mais qualificadas.

- Em escanteios defensivos, Carroll volta para se posicionar na primeira trave. Suarez e Downing ficam a postos para puxar os contra-ataques, numa alternativa bastante coerente de Kenny Dalglish. Em faltas próximas a sua área, não é raro ver o Liverpool posicionado com Suarez na barreira. Caso a bola passe, e chegue às mãos de Pepe Reina, o atacante uruguaio é opção imediata de passe.

2 comentários:

  1. Ficou boa a análise, refletiu bem o que foi a partida mas deixou a desejar quanto ao aspecto do resultado. Pois o Liverpool não podia deixar de ganhar esses 3 pontos jogando em casa contra o Sunderland que é um adversario de medio para baixo. Faltou falar um pouco da seca de títulos nacionais que vem desde a temporada 89/90 se não me engano. No resto tá muito boa a análise.

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  2. A seca de títulos locais do Liverpool é tema para um post inteiro, meu amigo! É um fenômeno bastante interessante do futebol inglês, e que tem total relação com a ascensão de forças do naipe de Manchester United, Arsenal e Chelsea.

    Quanto ao jogo, estão acima os fatores mais importantes que levaram o Liverpool a não vencê-lo. De fato, uma equipe com as ambições dos Reds deveria fazer 3 pontos.

    Obrigado pelo comentário! Abraço!

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