A bola fora de Silas e a nova chance de Vanderlei

Por Vitor Fontenele

Logo após o jogo contra o Goiás, depois de mais uma má apresentação do escrete rubro-negro, no Serra Dourada, em entrevista coletiva, Silas disse que não tinha culpa no resultado, porque “não chuta a gol nem faz gol contra”. Mal sabia ele, que mesmo não chutando a gol, tinha mandado uma baita bola fora.

Voltando um pouco no tempo, encontramos Silas como o técnico que levou o Avaí à invejável 6ª posição do Campeonato Brasileiro em 2009, brigando de perto por uma vaga na Copa Libertadores. Saiu então como um vitorioso do Avaí para substituir Marcelo Rospide, interino no comando do Grêmio. Não logrou muito êxito no clube, mesmo com a conquista do Gauchão-2010. Deixou o Grêmio para dar lugar ao contestado Renato Gaúcho e substituiu então o (ex) interino Rogério Lourenço no Flamengo.

Agora, o que vemos é um Silas perdido no comando do Fla. Atitudes como a de Petkovic, ao ser substituído no jogo contra o Vitória, assim como as declarações em tom nada agradável do zagueiro Jean após tomar conhecimento da “indireta” telegrafada pelo técnico no Serra Dourada mostram que o elenco está longe de respeitá-lo. O fato de ele ter negado a declaração, que posteriormente apareceu numa gravação só piorou as coisas. E como a boleirada costuma se unir nessa hora, o time (quase) inteiro deve estar agora com os dois pés atrás com o treinador.

Em nível administrativo, é dito que a diretoria do Flamengo nas pessoas da presidente Patrícia Amorim e do dirigente de futebol Zico já corre atrás de um novo técnico. O que não surpreende é que o técnico em questão seja Vanderlei Luxemburgo, recém-demitido do Atlético-MG após uma péssima campanha, mesmo com vários destaques individuais no time, sob alegações de que “esse era um projeto a longo prazo, que mira em 2011”.

Vanderlei já teve seus momentos de glória. É flamenguista assumido, e já declarou sonhar com a Presidência do clube um dia. No meio dos treinadores sem contrato no momento, é definitivamente o mais vencedor. Pode ser que, assim como Renato Gaúcho, no seu clube ele se reencontre como treinador.

No entanto, é preciso que o “pofexô” fique avisado: o Flamengo não pode – assim como não podia o Galo – esperar 2011. E é preciso avisá-lo também que o que ele encontrará pela frente tem um quadro horrível: um time sem comando desde Andrade e com vários “buracos” no elenco. É bom também avisar à diretoria do Urubu que o treinador em questão tem um custo muito alto – estimado em 1,3 milhão por mês já somando-se o valor da comissão técnica – e que treinadores assim tão caros costumam não gostar de receber atrasado, o que sabemos que será difícil em um clube com tanto sufoco financeiro.

Além disso, Luxa atravessa uma má fase. Seu último grande trabalho foi o que alcançou a Tríplice Coroa, com o Cruzeiro, em 2003. E já se vão quase oito anos desde lá. Esse pode ser, finalmente, o seu retorno à redenção, evitando a queda do Fla e fazendo milagre com o elenco limitado, somado a uma boa campanha em 2011 – o tal planejamento a longo prazo. Ou pode ser a confirmação de seu declínio – sem dúvida uma perda para o futebol brasileiro.

Resta saber se a diretoria do Flamengo e Vanderlei acertaram em assumir esse desafio. Mas isso só o tempo dirá.

Vitor Fontenele é piauiense, e aproveita quando está em casa e o sol forte de Teresina não lhe afeta a cabeça para intrometer-se nos mais variados assuntos do futebol. Vascaíno fanático, é daqueles que não perde uma chance de ver o time em campo, mesmo com a chiadeira da namorada flamenguista. Assiste até a jogo da A2 paulista na RedeVida quando não tem o que fazer. Atua no Fórum NetVasco, onde conheceu o Leitura de Jogo e aprendeu a discutir futebol em alto nível e é louco por análises táticas e psicológicas do futebol.

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