Análise: Cruzeiro

Jogo: Cruzeiro 1 x 0 Fluminense
Parque do Sabiá, Uberlândia
Campeonato Brasileiro - 29ª Rodada - 10/10/2010

Após longo predomínio de Fluminense e Corinthians, o Campeonato Brasileiro tem um novo líder. Em fase espetacular, o Cruzeiro conseguiu anular a diferença aberta pelos seus concorrentes, e assumiu a ponta do Brasileirão, já sabendo que se manterá na liderança ainda que o Corinthians vença a partida contra o Vasco, na próxima quarta-feira. No confronto direto da 29ª Rodada, a vitória cruzeirense veio pela vantagem mínima - o que não quer dizer que o triunfo não foi obtido de maneira segura, muito pelo contrário. O gol da vitória foi marcado por Wellington Paulista, após passe espetacular de Walter Montillo.



À esquerda, o tradicional 4-4-2 do Cruzeiro, com um losango no meio-campo. Os três volantes dão a sustentação necessária para as subidas de Jonathan ao ataque, além de oferecem a Montillo a possibilidade de transitar livremente pelo meio. Thiago Ribeiro joga bem aberto pelo lado direito, entrando em diagonal na defesa adversária. A solidez do Cruzeiro oferece a Cuca a possibilidade de não alterar o esquema tático durante o jogo, exatamente como fez contra o Fluminense. Como percebe-se à direita, o 4-4-2 permanece até o fim da partida, apenas com a troca de jogadores. Destaques para a flexibilidade de Wellington Paulista, que sabe jogar pelo lado do campo quando necessário, e para o bom banco de reservas, de onde vieram Gil, Roger e Ernesto Farías.

Pontos Positivos

Trio de volantes: o trio Marquinhos Paraná / Henrique / Fabrício é responsável pelo bom funcionamento do meio-campo do Cruzeiro desde 2008. Com tanto entrosamento, não fica difícil entender o excelente rendimento cruzeirense pela faixa central do campo. Henrique e Fabrício tem liberdade para subir ao ataque, e o fazem com qualidade, seja com bons passes aos homens de frente, ou mesmo, finalizando de média/longa distância. Na defesa, os três formam uma parede que sustenta o setor defensivo, facilitando o trabalho dos zagueiros. Contra o Fluminense, destaque para a marcação sobre Conca e Deco, feita por zona (dada a boa capacidade de desarme dos três), sem violência, e brecando seguramente o setor de criação do Fluminense.

Cuca: o sucesso de Cuca no Cruzeiro era dado como improvável por este fanfarrão que vos escreve, dada a maneira como ficou arraigado o 4-4-2 de Adílson Batista na equipe mineira, e a recorrente opção de Cuca por atuar com três zagueiros nos últimos clubes por onde passou. Com a belíssima campanha no Brasileirão, o técnico cruzeirense mostra grande capacidade de percepção tática, ao adaptar-se à já consolidada estrutura da equipe, ao invés de impor outro estilo de jogo. Mantendo o losango do meio-campo, Cuca constroi aquele que pode ser o melhor trabalho da carreira, transformando o que parecia ser uma adversidade, numa das maiores virtudes deste Cruzeiro 2010.

Transição veloz: a marcação eficiente é a base para belíssimos contra-ataques deste Cruzeiro. Após o desarme, Montillo e Thiago Ribeiro são rapidamente acionados, e ainda contam com o auxílio de Jonathan e, esporadicamente, de um dos volantes. Ainda que não tenha sido suficientemente preciso na conclusão de vários destes contra-ataques, o Cruzeiro mostra mais uma carta na manga num momento de instabilidade dos concorrentes diretos ao título.

Ponto negativo

Desequilíbrio ofensivo: uma das grandes qualidades do Cruzeiro é o forte lado direito de ataque. Com Jonathan, Henrique, Montillo e Thiago Ribeiro caindo por aquele setor, são grandes as chances de se chegar ao gol. Por outro lado, deve-se observar as poucas jogadas criadas pela esquerda. Fabrício ainda tenta apoiar o improvisado Pablo, mas ambos não são suficientemente insinuantes a ponto de empurrar a defesa adversária. Montillo, quando aparece pelo setor, auxilia consideravelmente, mas isso ocorre pouco em função da já consolidada parceria com Thiago Ribeiro (que joga majoritariamente pela direita). Em momentos de maior necessidade ofensiva, uma solução interessante (ainda que arriscada) seria a saída de Marquinhos Paraná para a entrada de Éverton. Fabrício seria o primeiro volante, e Éverton sairia para o jogo pelo lado esquerdo do campo.

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