Quando técnico e jogador não se entendem

Por Vitor Fontenele

Nos últimos dias, acompanhamos uma série de desentendimentos entre ‘El Loco Abreu’ e Joel Santana no Botafogo. A briga, se é que podemos chamá-la assim, começou após a vitória sobre o Duque de Caxias por 2 a 1, quando o camisa 13 reclamou da conhecida retranca do técnico do alvinegro.
“Temos de mudar nossa forma de jogar. É só marcação, marcação, marcação. (...) Não dá. Contra uma equipe mais qualificada, o resultado poderia ser outro” , disse o uruguaio. Joel não gostou da intromissão e disse que no Botafogo, quem escala é ele. Nas palavras do ex-presidente do Internacional, Vitório Píffero: “torcedor torce, diretor dirige, jogador joga, treinador treina”.

Em casos como esse, quem sai perdendo é sempre o clube. A vitória da Estrela Solitária sobre o Madureira ontem, apesar do placar elástico, não refletiu o desempenho da equipes em campo. Dizer que isso se deve apenas ao problema interno seria infantil: é preciso lembrar que o alvinegro joga junto há menos de um mês, e que o início de temporada é sempre um período de testes e ajustes. Por outro lado, dizer que o problema não interfere em nada seria tão infantil quanto.

Nesse momento de falta de alinhamento entre comissão técnica e jogadores, é preciso que a diretoria intervenha, reunindo primeiramente os envolvidos diretamente no incidente. Após obter deles a concórdia, reunir o grupo é fundamental, para lembrar que todos ali são profissionais e buscam o mesmo objetivo final.

E é aí que o técnico, normalmente o mais experiente dos dois, deve levar em conta que é um exemplo para o grupo e buscar ponderar o ocorrido, na busca pelo desenvolvimento do seu trabalho sem novos percalços nem rusgas com o elenco.

Sem isso, corre-se o risco de perder um importante jogador (diz-se que Abreu já recebeu diversas propostas desde então), um bom técnico, ou mesmo os dois. Além disso, cria-se um ambiente de instabilidade na equipe, que pode atrapalhar toda uma temporada. Depois do gol, no jogo de ontem, ‘El Loco’ acenou amigavelmente para Joel. Quem sabe, esse tenha sido o selo final do acordo entre eles. Melhor para o Botafogo, que se não vem jogando o suprassumo do futebol, tem feito a sua parte ao vencer as três partidas até agora, praticamente assegurando uma das vagas nas semifinais da Taça Guanabara.

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