Análise: Racing Club

Por Hudson Martins

Jogo: Racing 0 x 1 Boca Juniors
Juan Domingo Perón, Avellaneda
Campenato Argentino - Torneio Clausura - 2ª Rodada - 19/02/2011

Giovanni Moreno de um lado, Juan Roman Riquelme do outro. Sob condiçõs futebolísticas normais, esse seria o principal duelo da rodada do Torneio Clausura neste fim de semana, num jogo que prometia ser muito interessante. Entretanto, as lesões de ambos (sendo a de Moreno gravíssima) evitaram que este confronto se concretizasse, e fizeram com que as duas agremiações perdessem muito do seu poder ofensivo; sobretudo o Racing, que mostrou várias limitações ofensivas na partida deste sábado. Some-se a isso uma falha gigantesca da defesa, e o resultado é a vitória do Boca Juniors por 1 x 0, gol de Pablo Mouche.



O 4-4-2 ortodoxo foi o esquema tático adotado por Miguel Angel Russo na derrota deste sábado. Em campo, viu-se uma equipe de pouquíssima movimentação, cujo setor ofensivo se limitava às jogadas individuais pelos lados do campo, deixando enorme espaço desocupado pelo centro, assim como demonstrado no destaque acima. A alternativa ofensiva mais perigosa era Lucas Licht, que quase fez um gol espetacular no primeiro tempo. Não houve qualquer mudança tática considerável, e a equipe que terminou o jogo (figura à direita) seguiu marcada pela pouquíssima movimentação, e seguiu tendo em Licht a sua principal arma no ataque. Muito pouco para um time que tem potencial para ser bem mais insinuante do que foi neste sábado.

Leitura Tática

Com a posse de bola, o Racing demonstrou um seríssimo problema na transição defesa/ataque. Com inúmeros erros de passes, a bola poucas vezes chegou com qualidade aos atacantes Patricio Luguercio e Gabriel Hauche, e, mesmo os meias tinham certa liberdade, pouco acontecia. Apelando para as ligações diretas, o Racing cedia a posse de bola ao Boca Juniors insistentemente.

Sentindo a ausência do enganche Giovanni Moreno, restava ao time de Miguel Angel Russo buscar o jogo pelos lados do campo. Neste aspecto, faltou muito mais jogo coletivo ao Racing, que se valia apenas de lances individuais, como a boa subida de Lucas Licht, num dos melhores lances dos mandantes na primeira etapa. Não ocorriam parcerias entre Licht e Respuela ou entre Cáceres e Pillud pelos lados; havia pouco auxílio dos volantes ao setor ofensivo (o que poderia minimizar a falta de um meia centralizado), e os atacantes pouco podiam fazer, visto que a bola não chegava em condições. Mas nas poucas oportunidades que teve, Hauche deu trabalho.

No segundo tempo, o Racing seguiu com um padrão bastante questionável na transição e na movimentação dos jogadores de ataque. Durante boa parte da etapa final, a alternativa mais interessante seguia sendo Licht (cujos espaços deixados na defesa causaram problemas, como se pode conferir abaixo). Com as mudanças do técnico Miguel Angel Russo, os mandantes ganharam um pouco mais de volume pelo centro do campo, com Teófilo Gutierrez saindo da área para buscar o jogo, mas nada que fosse tão espetacular a ponto de alterar o ritmo do jogo. Com a manutenção do esquema tático, Miguel Angel Russo contribuiu para que o setor ofensivo se mantivesse pobre, e não fosse capaz de criar chances que pudessem levar o Racing ao gol de empate.  

Sem a posse de bola, havia alguns problemas na marcação aos contra-ataques do Boca Juniors. Pablo Mouche foi a melhor opção ofensiva da equipe xeneize, caindo pelos lados do campo; já Diego Rivero, meia bastante veloz, se valia das subidas de Lucas Licht para incomodar a defesa do Racing, ainda que o fizesse esporadicamente.

Em nenhum momento a equipe de Miguel Angel Russo pressionou a saída de bola do Boca Juniors. A marcação se dava sempre atrás da linha de meio-campo, com o recuo dos dois meias formando uma segunda linha de marcação ao lado dos volantes Franco Zuculini e Raul Poclaba. Com uma recomposição quase sempre correta, o Racing evitava que o Boca pudesse chegar com força ao ataque, muito em função da ausência dos seus principais jogadores de criação: Juan Roman Riquelme e Walter Erviti.

Embora não tenha sido pressionado de maneira contundente, os anfitriões sucumbiram ao Boca num lance quase que juvenil. Lançamento do goleiro Javier Garcia buscando Martin Palermo; embora Lucas Aveldaño já desse combate ao centroavante xeneize, outro Lucas, o Licht, resolveu prestar auxílio na tentativa de conter Palermo. A bola passou pelos 3 e quem apareceu nas costas do camisa 25 foi Pablo Mouche, que invadiu a área e fez o gol que decretou o placar final da partida. Vacilo gigantesco do bom lateral do Racing, mas que viu as melhores jogadas da equipe adversária ocorrerem às suas costas.

Balanço Tático

A perda de Gio Moreno ainda causa reflexos evidentes no setor ofensivo do Racing. Não há no elenco um jogador tão qualificado, e que possa fazer a função de enganche com tamanha maestria como o colombiano, afastado dos gramados devido a uma grave lesão sofrida na rodada inicial do Clausura. Miguel Angel Russo apostou uo 4-4-2 ortodoxo, cuja segurança defensiva foi violada apenas em jogadas de velocidade pelo flanco esquerdo do Racing; já no ataque, faltou muito, mas muito para que a equipe de Avellaneda pudesse se apresentar de maneira minimamente convincente. Ao técnico Russo, resta buscar uma alternativa tática que seja capaz de suprir a ausência do seu camisa 10. Contando com os respectivos retornos de Claudio Yacob e Patricio Toranzo, não seria surreal imaginar a equipe num 4-3-2-1, com Yacob como primeiro volante, Poclaba e Toranzo saindo pelos lados, e Respuela e Hauche abertos para abastecer Luguercio, que poderia sair da área esporadicamente para buscar o jogo. Mesmo que não seja esse o esquema tático adotado, o importante para o Racing é encontrar um jeito de jogar que possa aumentar o poder ofensivo da equipe, e fazer com que não mais se veja o time previsível da partida deste sábado.

2 comentários:

  1. Show sério mesmo!!!

    First!!!

    cade o Vitor Fontelene???

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  2. Fontenele está de férias forçadas, voltará em breve, meu brother.

    Abraço!

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