O “encaixe” no futebol

Por Antonio Rodrigues Neto

Sim, eu sei que é um assunto muito subjetivo, tanto na vida quanto no futebol, no entanto, independentemente de certo e errado, existem coisas que funcionam e coisas que não funcionam. Parece meio óbvio, mas a nossa vontade de querer sempre encontrar culpados acaba nos impedindo de enxergar o óbvio...

Você pode fazer tudo certo e o resultado final acabar sendo ruim e você pode fazer tudo errado e o resultado final acabar sendo bom. E vice-versa. Não existe uma “fórmula para ser campeão” ou mesmo montar um time competitivo.
O Grêmio, por exemplo, ao longo dos anos se notabilizou por montar elencos competitivos com uma série de jogadores que ninguém queria e tirando uma ou outra exceção, foi assim também no ano passado. O Botafogo em 2010 seguiu uma linha muito parecida: montou o time com alguns reservas de outras equipes, jogadores desacreditados e acabou tendo sucesso.
Eu sei que vai parecer simplista ao extremo, mas a grande diferença destes dois para os demais está nesse encaixe até certo ponto inesperado de peças, nessa simbiose que acabou sendo formada, meio ao acaso entre torcida, time e treinador.
Muitos podem achar meio sem sentido dar tanta importância ao 4º e ao 6º colocados do Brasileirão 2010, porém, convenhamos, no começo da competição ou mesmo ao fim do primeiro turno, pouca gente achava que os dois terminariam nessas posições. O Atlético-PR que acabou em 5º não entra no mesmo “rol” de Grêmio e o Botafogo porque o bom desempenho dos paranaenses está mais relacionado aquela antiga fórmula de mesclar jovens com jogadores experientes.
Enfim, acho que a “surpresa” merece uma análise mais profunda do que os outros. O Fluminense, pelo tamanho de investimento que faz é apontado faz tempo como favorito, o Cruzeiro participa regularmente da Libertadores etc.
Pelo que mostraram nesse início de 2011, embora tenham perdido peças importantes, tanto Grêmio quanto Botafogo estão dispostos a repetir o desempenho surpreendente do ano passado.

Notas de Rodapé:
- Embora muito superior tecnicamente aos seus adversários, a Seleção Brasileira Sub-20 passou mais trabalho nesse campeonato do que eu imaginava. Muita coisa deve e será mudada para as Olimpíadas. Muitos jogadores decepcionaram na competição. Talvez a maior decepção tenha sido o meia Oscar, apontado como futuro craque e que até hoje não conseguiu mostrar o porquê de tanta expectativa sobre o seu futebol.
- Minha primeira coluna aqui no Leitura de Jogo foi uma reclamação sobre o PÉSSIMO nível das arbitragens aqui no Brasil (http://blogleituradejogo.blogspot.com/2010/11/ate-quando.html). No ultimo domingo, no clássico entre Botafogo x Fluminense, lamentavelmente assisti uma das piores arbitragens desde que comecei a acompanhar futebol mais de perto. Difícil apontar uma decisão em que o juiz, o qual me recuso a citar o nome, tenha acertado. Tivemos duas expulsões injustas, um gol impedido, dois pênaltis mal marcados, bola que entrou, porém o gol não foi marcado, cartões amarelos exagerados. Os árbitros cariocas conseguem a proeza de estarem abaixo da fraquíssima média nacional. Quando alguém vai tomar alguma providência?
- O Fluminense se complicou em sua estréia na Libertadores. O fraquíssimo desempenho defensivo do Fluminense em 2011 chega a ser impressionante. Nem parece um time treinado por Muricy Ramalho. Esse tropeço, somado a uma eventual derrota do Fluminense na semifinal da Taça Guanabara, pode destruir o sonho da Libertadores.
- O Corinthians parece estar saindo da lama. Nesse ritmo, Tite terá tranqüilidade para preparar o time para as fases eliminatórias do Paulistão. Isso, é claro, se esses problemas de relacionamento da equipe forem resolvidos. O problema com Bruno César não parece ser apenas dentro de campo. Embora eu particularmente não acredite nisso, o ex-zagueiro Willian pode ajudar o time a resolver seus problemas.

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