Onde está a magia dos estaduais?

Por Vitor Fontenele

Os defensores dos Campeonatos Estaduais afirmam que eles representam uma boa possibilidade de afloramento das rivalidades locais, como uma oportunidade de medir forças entre os grandes de cada estado, e ao mesmo tempo, uma possibilidade – como a Copa do Brasil – de revelar surpresas entre os pequenos.

Dizem ainda que a grande quantidade de clássicos concentrados em tão pouco tempo favorece o aumento do nível técnico da competição e são garantia de estádio lotado, o que geraria renda certa para os clubes.


Na prática, o que se vê é uma espécie de gigantesca pré-temporada em todo o país. Os times pequenos têm uma oportunidade anual de mostrar como o trabalho de base é muitas vezes mais importante do que grandes nomes postos para jogar juntos como um bando, e tentar ganhar dinheiro vendendo o elenco quase todo.

Os grandes por sua vez, têm a chance de ver onde erraram e o que de melhor se tirou do planejamento do início do ano, muitas vezes sendo obrigados por pressões externas (da torcida) e internas (políticas) a refazer nas coxas em uma ou duas semanas o planejamento do ano inteiro.

A média de público então, chega a ser uma vergonha. No ano passado, a média do Carioca ficou em 5.048 pessoas por partida, e a do Paulista, em 3.699, só pra citar os principais. Esse ano, no RJ, está em incríveis 5.986 (aumento de mais de 15%), e em SP, em torno de 4.950. Mas pensar que a média de público do Olaria é de 300 presentes por jogo dói na alma de quem ama o esporte bretão.

(Por falar em esporte bretão, lembrar que na Inglaterra são 24 divisões profissionais, sendo 8 principais e cujos resultados – da oitava divisão – são divulgados nos principais jornais do país, faz pensar que chega a ser brincadeira a falta de organização do futebol brasileiro. Mas isso é tema para outra coluna.)
Acredito que a pré-temporada deveria durar mais tempo, pelo menos até o fim de janeiro, e idealmente até a primeira ou segunda semana de fevereiro. Os técnicos teriam tempo de – como diria Luxa – implantar sua filosofia e aí os resultados dentro de campo seriam um verdadeiro reflexo do que foi treinado.

Outro bem ao futebol brasileiro seria feito com a volta dos regionais, que dessa vez poderiam vir com um formato diferente, e não necessariamente um Sul-Minas, por exemplo, que envolve grandes distâncias, e com pontos corridos terminando num quadrangular final. Além disso, os Campeonatos Estaduais seriam subdivisões dos Regionais, de forma que seguiriam um sistema de acesso e rebaixamento.

A rivalidade continuaria existindo, e a tendência seria de aumento de público. Além disso, grandes se enfrentariam com mais frequência, o que além de público e renda, gera a oportunidade de avaliação do trabalho desenvolvido na pré-temporada. Isso, sem contar que seria implantada uma maior meritocracia no acesso dos pequenos ao campeonato, valorizando os trabalhos mais bem-desenvolvidos.

Claro que essa não é uma proposta definitiva, muito menos unânime. Este cidadão que vos escreve apenas apresentou uma possibilidade de resgate da “magia” do futebol brasileiro para o início do ano, e muitas outras podem e devem aparecer. Deixe a sua nos comentários!

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