Chega de paternalismo

Por Antonio Rodrigues Neto

Com o dinheiro do novo contrato referente aos direitos de transmissão dos jogos do Brasileiro (independentemente de quem vencer a disputa), alem de fazer uma reestruturação completa, os clubes brasileiros terão uma chance de acabar com o paternalismo com os jogadores que impera faz um bom tempo por aqui.

Antes havia a desculpa de que para aceitar ganhar menos no Brasil do que ganham na Europa, os jogadores recebiam uma série de regalias dos clubes brasileiros.

De alguns anos para cá a diferença salarial entre o futebol brasileiro e o futebol europeu vem caindo gradualmente e com o dinheiro do novo contrato com a TV, pode ser que ela praticamente desapareça.

Com isso os clubes podem finalmente acabar com essa prática de sempre passar a mão na cabeça dos nossos “craques” quando eles pisarem na bola.

Sim, eu sei, que mesmo os salários antigos eram muito maiores do que um trabalhador comum recebe, no entanto era uma espécie de muleta utilizada pelos clubes, pelos jogadores, pelos empresários e até certo ponto, pelos próprios torcedores.

Se o “craque” abria mão da Europa, em contrapartida, recebia privilégios aqui.

É hora do futebol brasileiro se reestruturar fora de campo e se profissionalizar dentro de campo. É hora dos clubes acabarem de uma vez com o paternalismo e exigir profissionalismo.

De 2012 em diante haverá pouquíssimas desculpas para a continuidade dessa pratica que vem prejudicando nossos clubes e principalmente nossos jogadores que, sem ter alguém que lhes imponha limites, adotam comportamentos imorais e muitas vezes ilegais.

Infelizmente duvido que isso aconteça. O Brasil é o pais do “jeitinho” e no mundo do futebol o que já é ruim fica ainda pior. O jeitinho acaba virando jeitão.

No entanto, não custa torcer por uma mudança de comportamento de todos envolvidos com futebol.


Notas de Rodapé:

- O Cruzeiro continua com uma excelente campanha na Libertadores da América. É uma pena que o Estudiantes não tenha vencido o Tolima. Seria muito interessante ver um jogaço decisivo valendo a primeira colocação do grupo e talvez até “geral” da competição. Como a diferença de saldo é muito grande, esse jogo tem uma importância maior para o Cruzeiro que busca a primeira colocação “geral” da competição.

- Vasco, São Paulo e Atlético-MG fizeram péssimas partidas pela Copa do Brasil e agora terão um jogo de volta mais complicado do que imaginavam. Sinceramente não acredito que nenhum dos três não consiga passar para a próxima fase da competição. No entanto, não ficaria surpreso se algum deles não conseguisse. A Copa do Brasil tem uma longa história de vexames semelhantes.

- A Seleção Brasileira Sub-17 fez mais uma péssima partida, porém conseguiu vencer a Colômbia e no fim das contas é isso que importa. Mas não dá para esconder certa frustração com o futebol apresentado até agora.

- O goleiro Rogério Ceni chegou a impressionante marca de 100 gols. Marca extraordinária, um feito para ser comemorado. Só acho um completo exagero comparar o feito do goleiro ao de Pelé. Falando sobre o São Paulo, o clube pegou € 7 milhões para “recontratar” o centroavante Luis Fabiano. Comparado aos centroavantes atuando no Brasil, Luis Fabiano realmente sobra na turma. O que me incomoda são as cifras envolvidas na negociação. Continuo sem achar que valha a pena investir tão alto em um jogador acima dos 30 anos.

- O Campeonato Carioca embolou de vez. Por incrível que pareça, a briga pela classificação será muito grande nessas últimas rodadas. A chance de que pelo menos um dos grandes fique fora das semifinais é bem grande.

- O centroavante Adriano ganhou mais uma chance de retomar sua carreira. Considerando o seu recente comportamento, sua atual forma física, sua idade e ainda as declarações do seu empresário, podemos decretar que ele fracassará no Corinthians? Por incrível que pareça, acho que não. Em contrapartida podemos decretar que alguma polêmica ele vai arrumar. Alias, uma pequena polêmica ele já arrumou: disse que não irá comemorar um gol sobre o São Paulo. É aguardar para ver se, parafraseando o presidente do Corinthians, o bônus de ter um jogador como ele no elenco serão maiores do que o ônus.

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