Manual do que não se deve fazer

Por Antonio Rodrigues Neto

Se você fosse presidente de um clube grande do futebol brasileiro acharia uma boa idéia demitir um treinador que foi campeão estadual e levou um time de baixo investimento até a sexta posição do Campeonato Brasileiro?

Creio eu que a maioria das pessoas responderia ao questionamento acima com um “não acharia uma boa idéia”. Mas Mauricio Assumpção parece ter achado uma decisão inteligente demitir o treinador que fez a melhor campanha do Botafogo em Campeonatos Brasileiros desde o título de 1995 e que conquistou um Carioca contra o maior rival depois de três vices consecutivos.

Pelo time que tinha em mãos, Joel Santana fez um excelente trabalho. Tanto ele quanto o Botafogo tiveram um destaque no cenário nacional que não tinham havia muito tempo.

Mas parece que tanto a torcida quanto a diretoria não pensavam assim. Mesmo depois de apenas duas derrotas no ano, Joel Santana deixou o comando da equipe acuado com as criticas da torcida e sem os reforços que provavelmente solicitou a diretoria.

Caio Junior chegou e equivocadamente quis jogar para torcida, adotando uma ofensividade que o elenco do Botafogo não permite ter. Com isso, a defesa antes um ponto forte do alvinegro, passou a mostrar muita e muita fragilidade.

Tudo isso já parece ruim o suficiente não é mesmo? Aparentemente, para a diretoria do Botafogo, não.

Parece que os reforços do Botafogo serão apostas dos times pequenos do RJ e jogadores renegados em seus clubes. Parece-me bem pouco para um time que precisa desesperadamente de soluções.

No fim das contas, parece que ninguém no Botafogo, exceto talvez seus jogadores, parece perceber o tamanho da proeza que o time alcançou em 2010, considerando os investimentos modestos que faz quando comparado aos outros grandes clubes brasileiros.

Espero que a diretoria abra os olhos e comece a perceber o que está errado, antes que seja tarde demais. O presidente Mauricio Assumpção já teve a amarga experiência de passar muito perto do rebaixamento em 2009. Ele sabe o quanto a situação pode piorar.

Notas de Rodapé:

- Impressionante a campanha do Cruzeiro nessa primeira fase da Libertadores. Agora a competição pega fogo e teremos uma noção um pouco mais precisa do que a equipe mineira pode fazer. No entanto pelo futebol que apresentou na primeira fase em um grupo complicado, o Cruzeiro se credencia como o principal favorito ao título.

- Em minha ultima coluna disse que acreditava na classificação de Vasco, São Paulo e Atlético-MG para a próxima fase da Copa do Brasil. Apenas os dois primeiros, depois de muito sofrimento, conseguiram avançar na competição. Tivemos a primeira zebra e a segunda ficou bem encaminhada com o empate em 2 a 2 entre Avai e Botafogo, no Engenhão.

- Aliás, como já está virando rotina, o Galo está novamente em crise. Todo ano o Atlético-MG contrata e dispensa um caminhão de jogadores e muda o planejamento de uma hora para outra. Será que não está na hora da diretoria tentar fazer exatamente o oposto?

- O Campeonato Carioca e o Campeonato Paulista caminham para a lógica: a classificação dos oito grandes para a fase decisiva. A ultima rodada da fase de classificação, que acontece nesse fim de semana, tem tudo para decidir apenas quem enfrenta quem. O fato inusitado é que o Vasco tem tudo para classificar o Botafogo para um confronto contra ele mesmo.

- O inicio de Ronaldo como empresário é no mínimo estranho. Parece que como empresário o ex-jogador vai ter a mesma atitude que tinha enquanto ainda entrava em campo: fará o que bem entende porque acha que está acima do bem e do mal. Espero que seja apenas uma primeira impressão equivocada. Tudo que o futebol brasileiro não precisa é de outro empresário de conduta ética duvidosa.

- Depois de começar a utilizar jogadores que estavam no banco de reservas, a Seleção Brasileira Sub-17 melhorou muito e acabou conquistando o título. Aparentemente o treinador Emerson Ávila não conhecia muito bem os jogadores que tinha a disposição. Veremos se o rendimento melhora no Mundial.

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