O problema do calendário

Por Antonio Rodrigues Neto

Dois meses atrás, abordei o uso dos nossos problemas no calendário como uma espécie de muleta para eventuais derrotas de uma equipe (http://blogleituradejogo.blogspot.com/2011/02/nao-adianta-jogar-culpa-no-calendario.html).


Naquela oportunidade, abordei superficialmente algumas mudanças que poderiam pelo menos amenizar os problemas que temos aqui. Vou fazer uma breve explanação sobre o que poderia ser mudado, explicando o motivo pelo qual considero que as medidas dificilmente serão implementadas.


Primeiro: os estaduais precisam de uma redução. Extingui-los acho um exagero, mas reduzi-los é uma necessidade. É necessária a redução tanto do número de clubes quanto do numero de jogos.


Por vários motivos diferentes, as federações estaduais não gostam nem um pouco da idéia. Embora não tenham o prestígio que já tiveram, as federações do estado existem basicamente para organizar as competições regionais.


Segundo: a Copa Sulamericana deveria ser disputada no primeiro semestre paralelamente a Copa Libertadores da América.


Com isso a Copa do Brasil poderia ser disputada no segundo semestre por todos os grandes clubes do país.


Antes, o maior empecilho eram os grandes clubes argentinos que queriam disputar as duas competições internacionais. Como isso não ocorre mais com tanta freqüência, acredito que não seria tão complicado nesse aspecto.


O problema acaba sendo no Brasil por uma razão muito simples: nosso próprio calendário. Não, não é pelo excesso de jogos. É simplesmente porque vários clubes que disputam a competição funcionarem sazonalmente.


Muitos clubes disputam os estaduais e só. Fecham as portas o resto ano. Como esses clubes arrumariam dinheiro para funcionar o ano todo se por 3 ou 4 meses já é muito difícil?


Eu particularmente sou contrário a idéia de adequar o calendário brasileiro ao calendário europeu. Acho que não há necessidade de copiar tudo que é feito na Europa. Não temos, por exemplo, o clima que eles tem.


No fim das contas, o pior de tudo é olhar para o panorama atual e não conseguir ver sequer vontade de melhorar.

Notas de Rodapé:

- A Copa do Brasil chegou no seu momento decisivo e pelo menos aparentemente os clubes brasileiros passaram a encarar a competição com a seriedade que ela exige. As grandes zebras se tornaram escassas. Os oito clubes que vão disputar o título em 2011 são da Série A. Curiosamente, apenas dois deles já foram campeões: Palmeiras e Flamengo.


- Em minha ultima coluna, fiz uma critica ao Botafogo direcionada principalmente a diretoria do clube. O pior aconteceu com eliminação da equipe das duas competições do primeiro semestre e parece que a diretoria vai continuar indo pelo caminho errado. É hora de o presidente trabalhar para buscar os reforços que equipe precisa e não conceder uma entrevista coletiva recheada de promessas.


- Na Libertadores da América acredito que apenas o Grêmio não conseguirá avançar a próxima fase. Ao que tudo indica teremos um duelo brasileiro que promete muito nas quartas de final da competição: Cruzeiro x Santos.


- O Campeonato Carioca e o Campeonato Paulista terão um fim de semana recheado de rivalidade e emoção. No Paulistão a decisão dos dois grandes que irão se enfrentar na final e no Carioca o “Clássico dos Milhões” vale o título para o Flamengo e uma vaga na final para o Vasco.


- Falando em Vasco, o clube conseguiu repatriar um dos maiores ídolos da história recente do clube: Juninho Pernambucano. Se a contratação dará certo dentro de campo, ainda é muito cedo para saber. Mas em tempos de salários milionários é louvável a iniciativa do jogador em assinar um contrato por um valor simbólico. Aparentemente o Vasco tem muito a ganhar e praticamente nada a perder.


- Finalmente parece que parte dessa celeuma insuportável do contrato dos direitos de transmissão do campeonato brasileiro pelo período 2012-2015 está chegando ao fim. A disputa acabou, mas infelizmente ainda teremos muitas bravatas, denúncias e uma ou outra ação judicial. No fim das contas, em minha opinião, os grandes vencedores da disputa foram os clubes e a Rede Globo.

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