Análise: Tottenham

Por Hudson Martins
Manchester United 3 x 0 Tottenham
Old Trafford, Manchester

Após belas exibições em 2010/11, chegando às quartas-de-final da UEFA Champions League, o Tottenham inicia a atual temporada sem grandes reforços - confiando no homogêneo elenco montado por Harry Redknapp - mas sabendo que pode perder a qualquer momento Luka Modric, um dos melhores meias do futebol europeu e peça fundamental no modelo de jogo da equipe londrina. Sem Modric, o Tottenham estreou na Premier League visitando o Manchester United e perdeu por 3 x 0, gols de Danny Welbeck, Anderson e Wayne Rooney.

O primeiro tempo foi bastante interessante para a equipe de Londres. Com forte marcação, que envolvia todos os jogadores de linha exceto Jermain Defoe, a equipe de Harry Redknapp conseguia segurar a força ofensiva do Manchester United. A dupla de zaga formada pelo excelente Michael Dawson e por Younes Kaboul demonstrava segurança, e levava vantagem nos confrontos diretos contra Wayne Rooney e Welbeck. No ataque, o Tottenham mantinha a posse de bola, sobretudo graças ao bom trabalho de Nico Kranjcar, que fazia função semelhante à de Modric, ainda que não com a mesma eficiência. Gareth Bale e Aaron Lennon se movimentavam pelos lados do campo, mas tinham dificuldades para encontrar Defoe cm claras condições de finalização.




No primeiro tempo (à esquerda), o 4-2-3-1 do Tottenham, de movimentação pelos lados do campo, principalmente com Bale e Assou-Ekotto. Na segunda etapa, um 4-2-2-2 de potencial, mas que perdeu força após o gol de Anderson, o segundo do United. 

Já na etapa final, o panorama se alterou paulatinamente. Tom Cleverley e Anderson cresceram de produção, e deram maior consistência ao setor de meio-campo do United, dificultando o trabalho defensivo do Tottenham. Após sofrer o primeiro gol, a equipe visitante se perdeu, e foi pressionada pelos Red Devils durante cerca de 10 minutos, período em que o goleiro Brad Friedel foi altamente exigido. Redknapp fez substituições, colocando no jogo Tom Huddlestone e Roman Pavlyuchenko. Porém, o gol de Anderson logo em seguida (em falha de Van der Vaart e grande passe de Welbeck) praticamente selou a vitória dos anfitriões. Defoe ainda acertou a trave aos 33 minutos, mas o Tottenham não teve forças para manter-se no campo ofensivo adversário. Aos 42, Wayne Rooney decretou o placar final em Old Trafford, num jogo em que o Tottenham não foi suficientemente regular para bater um adversário muito forte, sobretudo quando joga em casa.

Leitura Técnica

- Luka Modric talvez seja a peça chave para que o Tottenham eleve seu nível de jogo. Seja no 4-2-3-1 ou no 4-4-1-1, o croata tem grande importância, tanto pela versatilidade tática quanto pelo estilo de jogo, que alia precisão nos passes à velocidade na transição defesa/ataque. Tudo leva a crer que o Chelsea será o destino de Modric a partir desta temporada; caso a negociação se confirme, será muito difícil para encontrar no mercado atual um jogador que possa ser tão bem sucedido em White Hart Lane num curto espaço de tempo.


Modric, ainda jogando pelo Tottenham. O croata é fundamental para a equipe de 
Harry Redknapp.

- No primeiro tempo, quando o jogo estava equilibrado, o Tottenham atuou durante boa parte do tempo no seu campo de ataque. Porém, as jogadas pelos lados do campo com Bale e Lennon não eram produtivas como de costume, em função da insistência nos cruzamentos para Defoe, que pouco podia fazer no confronto pelo alto com Jonathan Evans e, sobretudo, Phil Jones. Na ausência de Peter Crouch, talvez seja interessante testar por mais vezes Pavlyuchenko, cuja estatura, qualidade técnica e movimentação podem ser muito úteis à equipe de Harry Redknapp.

 - Pelos lados do campo, há um certo desequilíbrio ofensivo. Enquanto Benoit Assou-Ekotto sempre aparece no ataque, com velocidade e certa técnica, pelo lado direito tanto Kyle Walker quanto Verdan Corluka não conseguem fazer o mesmo. Contra o Manchester United, Lennon ficou claramente sobrecarregado, tendo de auxiliar aos defensores, mas sem receber o mesmo auxílio nas disputas contra Patrice Evra.

 - Ainda que o placar seja largo, o Tottenham mostra várias qualidades. Taticamente, é uma equipe claramente compacta, equilibrada e de boa movimentação. Tecnicamente, os vários desfalques representam notável prejuízo. Ainda assim, há boas peças de reposição, como se viu nas alterações feitas na partida contra o United. Com a confiança adquirida na última temporada, o Tottenham tem condições de brigar por uma vaga na Champions League. O título, sem Modric, fica mais distante.

2 comentários:

  1. O grande inimigo do tottenham desta temporada será novamente Harry Redknapp,um técnico que concerteza não está a altura o time que tem nas mãos e e parece que não se importa mesmo com a fama de retranqueiro que tem e que só aumenta a cada ano......arma ferrolhos sem o menor pudor em situações não cabíveis frequentemente.....

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  2. Confesso que acho muito interessante o trabalho de Harry Redknapp, Pablo. Ele soube dar um padrão de jogo bastante consistente a um clube que pouco almejou durante muito tempo. Com Redknapp, o Tottenham vislumbra o sucesso em competições europeias, e já se firmou como uma das equipes mais competitivas do país; conquista elogiável numa liga tão forte.

    Abraço!

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