Análise: Manchester United

Por Hudson Martins

Jogo: Everton 3 x 3 Manchester United
Goodison Park, Liverpool
Campeonato Inglês - 4ª Rodada - 11/09/2010

Everton e Manchester United abriram em grande estilo a 4ª Rodada do Campeonato Inglês, neste sábado, no Goodison Park. Da pressão dos anfitriões no início, passando pelo controle dos Red Devils no segundo tempo, até a fantástica reação do Everton nos minutos finais, o que se viu em Liverpool foi a mistura de diversos ingredientes que resultaram num belíssimo jogo.

Os primeiros 30 minutos foram de absoluto domínio do Everton. Sofrendo forte marcação adversária no seu campo de defesa, com dificuldades para conter a movimentação de Marouane Fellaini e Steven Pienaar (sobretudo este), e com pouquíssima posse de bola (apenas 29% aos 25 minutos de jogo) o Manchester United foi duramente pressionado, e teve de contar com boas intervenções de Edwin Van der Sar. Curiosamente, quando conseguiu equilibrar a partida, e ameaçar o gol adversário, os Red Devils levaram o primeiro gol, após falha de Evra, e oportunismo de Pienaar. O empate e a virada do United vieram em lances semelhantes: cruzamentos precisos de Nani para as conclusões de Darren Fletcher e Nemanja Vidic.


Aqui, chega-se a um panorama próximo daquele adotado pelo Manchester United nas duas etapas da partida. À esquerda, a representação do primeiro tempo, com Fletcher e Scholes se projetando ao ataque sempre que possível, auxiliando Nani e Ryan Giggs - estes também responsáveis pela marcação aos laterais adversários. Menos pela obediência tática, e muito mais pela qualidade técnica, o Manchester United conseguiu a virada logo aos 2 minutos do segundo tempo, e passou a utilizar a configuração disposta à direita: um nítido 4-1-4-1, com os "wingers" muito mais recuados, e o interessante deslocamento de Dimitar Berbatov para o lado direito do campo, jogando nas costas do lateral-esquerdo Leighton Baines, e puxando a marcação do quarto zagueiro Sylvain Distin. Foi exatamente neste espaço que o United conseguiu o terceiro gol, após lançamento espetacular de Paul Scholes para Berbatov, que marcou entrando em diagonal.

O Manchester United só não contava com a reação fulminante do Everton, que se valeu do seu lado esquerdo (forte com Pienaar e Baines) para conseguir o improvável empate: primeiro com Tim Cahill, de cabeça; depois com Mikel Arteta, aproveitando bola escorada pelo próprio Cahill. O resultado premiou a luta da equipe da casa, mas também marcou, indiscutivelmente, um dos maiores vacilos cometidos pelo United nos últimos tempos.

Pontos Positivos

Polivalência dos volantes: Fletcher e Scholes fizeram com maestria a função designada por Sir Alex Ferguson. Marcaram com eficiência as investidas adversárias, e saíram para o jogo com qualidade. Por serem estilos distintos de jogo, não raro observa-se uma espécie de complementariedade entre os camisas 24 e 18. Além disso, ambos tiveram participação importante no jogo: enquanto Fletcher foi o autor do gol de empate, Scholes fez um lançamento primoroso para Berbatov, no lance que originou o terceiro gol.

Nani: ainda que seja displicente em alguns momentos, o meia português é indiscutivelmente talentoso. Foram dele os passes para os dois primeiro gols do United. Rara precisão em ambos os lances.

Sacada tática: Levar Berbatov para jogar às costas de Baines, e concentrar o jogo pelo lado direito do campo foi uma ideia extremamente feliz de Alex Ferguson. O atacante búlgaro soube se aproveitar bem dos espaços deixados pela zaga adversária, mostrando desenvoltura no jogo fora da área.

Pontos Negativos

Rebotes defensivos: aqui está aquele que talvez tenha sido o principal pecado do Manchester United no jogo. No primeiro tempo, a enorme parcela dos rebotes nas jogadas de ataque do Everton ficou com a própria equipe anfitriã, fator preponderante para que a pressão do time local se solidificasse. O erro aconteceu novamente aos 47 minutos do segundo tempo, quando Arteta - livre - selou o empate em Liverpool.

Patrice Evra: o lateral francês decepcionou. O mau posicionamento em diversos momentos do jogo, além da falha grotesca no lance do gol inaugural, foram as marcas da má atuação de Evra, substituído por Ji-Sung Park aos 35 minutos da etapa final.

Bobeada: os três pontos praticamente certos em Goodison Park escaparam das mãos do United em dois minutos. Numa das partidas mais difíceis da Premier League, os Red Devils demonstraram um desleixo incompatível com a experiência da equipe, o que custou dois pontos que podem ser preciosos mais à frente.

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