Papo com Barreto

Por Hudson Martins


Entre os dias 23 e 26 de setembro, a Faculdade de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Juiz de Fora recebeu o I Fórum Internacional de Gestão do Esporte, evento muito bem organizado e de alto nível de debates, no qual este aprendiz de blogueiro esteve presente. Dentre os convidados estava Marcelo Barreto, jornalista do Sportv, que conduziu palestra com o tema "Esporte e Mídia: Fenômenos Paralelos".

Cordialmente, Barreto falou ao Blog Leitura de Jogo, abordando os desafios dos novos gestores esportivos (e não apenas "gestores futebolísticos"), a participação da mídia nesse processo, as impressões deixadas pela África do Sul em 2010, e expectativas para os megaeventos a serem realizados em 2014 e 2016 no Brasil.


BLJ: Estamos num Fórum que trata da importância da profissionalização do gestor esportivo. De que modo você acha que o Brasil aborda este tema no presente momento?

MB: O Brasil sempre foi um país muito atrasado em termos de gestão esportiva; o amadorismo aqui durou tempo demais. No Brasil também existe uma predominância muito grande do futebol, um esporte muito passional; e esse passionalismo chegou à administração. O futebol brasileiro era desorganizado nos anos 80, passou por alguns processos de modernização nos anos 90, e parece que só agora caminha nesta direção (da profissionalização). Nós não podemos mais pensar só no futebol, teremos agora a Copa do Mundo no Brasil, mas teremos também as Olimpíadas de 2016. Então já está na hora de pensar em gestão esportiva no Brasil, e não só em gestão de futebol, e de uma forma muito mais profissional. Nós já evoluímos muito neste sentido, mas o Brasil foi um país bastante atrasado em termos de gestão esportiva, e tem esse tempo perdido para recuperar.

BLJ: Ainda em relação à necessidade da consolidação de gestores esportivos no Brasil, como você analisa a relevância da mídia neste processo? De que maneira você observa a importância deste setor, em especial?

MB: Da mesma forma que o esporte não cresce se não se profissionalizar, a mídia esportiva também não consegue se firmar sem profissionalização. Acho até que a imprensa esportiva brasileira passou por um processo bem profundo de profissionalização; se você olha para trás e vê como era a forma de cobertura esportiva no Brasil - principalmente a ligada ao futebol - até com limites éticos sendo transpostos muitas vezes, com relacionamentos que iam além do necessário entre jornalistas, dirigentes, técnicos e jogadores, acho que nós evoluímos muito. Ainda existem resquícios, mas acho que hoje o próprio consumidor de imprensa esportiva não respeita mais o jornalista que não se dá ao respeito; então nós temos essa cobrança também do nosso público. E acho que a mídia está respondendo.

BLJ: Há pouco tempo você esteve na Copa do Mundo da África do Sul. Gostaria que você fizesse não apenas uma análise do papel da mídia neste Mundial, como também uma avaliação geral da Copa, uma vez que você teve a oportunidade de acompanhá-la in loco:

MB: Eu tive até uma experiência diferente. Na minha primeira Copa eu viajei toda a Alemanha com a Seleção Brasileira. Agora não, estive apenas no IBC (International Broadcasting Center); estava cobrindo a Copa do Mundo em si. E não tem como não ficar impressionado com a quantidade de jornalistas que a Copa mobiliza, e com a quantidade de jornalistas brasileiros que a Copa mobiliza. Havia 1609 jornalistas credenciados para a Final da Copa e o maior número de credenciais era para O Globo, um jornal brasileiro, que tinha 15 credenciais. Inclusive usei uma dessas credenciais para ver a Final da Copa, já que o Renato Mauricio Prado me cedeu (risos). Então há uma presença muito grande da imprensa brasileira. Nós teremos que estar preparados para receber a imprensa mundial em 2014 e 2016. É uma cobertura maciça, com milhares de jornalistas transmitindo em tempo real, e hoje com cada vez mais mídias. Temos que considerar as mídias ligadas à internet; quem sabe até 2014 e 2016 as mídias sociais serão uma realidade muito maior, com uma presença muito maior. Logo, acho que o Brasil precisa também se preparar para receber a imprensa mundial.


Barreto à esquerda do fanfarrão que vos tecla

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