Análise: Brasil

Jogo: Ucrânia 0 x 2 Brasil
Pride Park, Derby
Amistoso Internacional - 11/10/2010

Por Vitor Fontenele

Assisti a Brasil 2 x 0 Ucrânia no sítio de meus avós, no interior do Estado. Acho que só errei em tê-lo assistido deitado, porque o jogo foi sonolento. Cheio de lances faltosos, em que a bola foi esquecida, definitivamente aquela não foi uma boa partida para se exemplificar o melhor do esporte bretão. Mas por que a sonolência? Vejamos.

O Brasil de Mano entrou em campo em um 4-2-3-1, o típico esquema do treinador, com Victor, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e André Santos; Lucas, Ramires, Elias e Carlos Eduardo; Robinho e Alexandre Pato.

O goleiro Victor apenas confirmou a boa fase, e não teve muito trabalho. Mano parece ter encontrado também a dupla de zaga titular com relativa facilidade. Os volantes, de muita qualidade, eram bons no combate e saíam muito bem com a bola – destaque negativo para Ramires, que não pareceu à vontade jogando um pouco mais atrás e chegou atrasado diversas vezes no combate. Elias esteve abaixo de sua própria média, mas não chegou a jogar mal. Sandro, ótima revelação, também não parecia estar em bom dia, apesar do pouco tempo em campo.

Nas laterais, porém, a Seleção continua, como na Copa, “torta”. Daniel Alves é bem mais atuante pela direita que seu colega André Santos pela esquerda. Adriano entrou e definitivamente não convenceu, errando de cara seus dois primeiros passes com a amarelinha. Enquanto Menezes parece não ter muitas dificuldades com a direita (opções como Daniel Alves, Maicon, Mariano...), a esquerda vai mal. A falta de opções incomoda bastante também. Marcelo e Kleber aparecem como as melhores opções, a meu ver.

No meio e no ataque, há algumas observações importantes a serem feitas: Carlos Eduardo é excelente revelação. Phillipe Coutinho disputa vaga com ele, e se continuar no ritmo que está na Inter, será forte concorrente. Robinho está voltando bastante ao meio-campo para buscar a bola – e parece não estar à vontade nessa nova função mais recuada, sua atuação pela ponta-esquerda poderá ser mais efetiva. Giuliano e André não tiveram muito tempo para mostrar bom futebol, mas são excelentes revelações.

Pato está isolado demais à frente, o que o deixa sozinho contra dois ou até três adversários quando Robinho (pela esquerda) e Carlos Eduardo e mesmo D. Alves (pela direita) não encostam. Com isso, o veloz Nilmar tende a ficar mais à vontade na posição, haja vista sua velocidade, senso de posicionamento e seus dribles desconcertantes.

Em campo, o Brasil sentiu a falta de um Ganso, um Kaká, um Ronaldinho Gaúcho. Um meia de origem que distribua o jogo, ora pela esquerda de Robinho e Santos, ora pela direita de Carlos Eduardo e Alves. Um homem que venha de trás e surpreenda com seu chute de fora após um pivô do atacante, ou com um lançamento por trás da zaga. No 4-2-3-1 de Mano, faltou o elemento que fechasse o “3”.

Além disso, o técnico não pode esquecer-se dos bons talentos que, por precipitação ou por ganância, foram jogar no Leste Europeu ainda novos. Jogadores como Alex Teixeira (ex-Vasco e Bola de Prata do último Mundial Sub-20) e Douglas Costa (ex-Grêmio, destaque também no Sub-20), companheiros de Shakhtar, merecem ser lembrados.

Abaixo, a Seleção de Mano contra a chata Ucrânia, e a minha Seleção (apenas com jovens talentos):

 
Vitor Fontenele é piauiense, e aproveita quando está em casa e o sol forte de Teresina não lhe afeta a cabeça para intrometer-se nos mais variados assuntos do futebol. Vascaíno fanático, é daqueles que não perde uma chance de ver o time em campo, mesmo com a chiadeira da namorada flamenguista. Assiste até a jogo da A2 paulista na RedeVida quando não tem o que fazer. Atua no Fórum NetVasco, onde conheceu o Leitura de Jogo e aprendeu a discutir futebol em alto nível e é louco por análises táticas e psicológicas do futebol.

4 comentários:

  1. Graças a Deus vc não é técnico de futebol.

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  2. Por que, caro anonimo?

    Terei prazer em discutir isso com vc.

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  3. Belo blog de vocês, muito bom mesmo, já o adicionei à minha lista de favoritos.Ótimas análises táticas...

    Quanto à seleção brasileira, só discordo do seu time ideal. Por, basicamente, duas razões: além de preferir André Santos a Marcelo na esquerda, não gosto de Philippe Coutinho jogando na função de Ganso. De resto, concordo com tudo.

    Grande Abraço,

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  4. Obrigado, boleiragemtatica!

    André Santos já esteve em dias melhores, mas hoje caiu muito de produção. Coutinho é imaturo, mas pode fazer tanto a função de Ganso quanto a de Carlos Eduardo e Alex Teixeira pela direita e ainda inverter posições com Robinho.

    Um jogador versátil, que dará trabalho em 2014, com certeza.

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