O time que resolveu tirar férias mais cedo

Por Vitor Fontenele

Ultimamente, o Vasco tem estado inconstante, ou até mesmo, apático dentro de campo. A palavra “apático” no futebol nos remete, mesmo que inconscientemente, à algumas equipes. A Seleção de 2006 é uma delas; mesmo com uma verdadeira constelação dentro de campo, apresentou um futebol pífio na Alemanha. O Vasco não tem estrelas assim tão brilhantes, nem ao menos o nível ou a responsabilidade de uma Seleção, longe disso. Mas tem bons valores que não estão, definitivamente, em sintonia.

O Vasco teve um ano conturbado no futebol. Voltando da Série B, sem muito dinheiro em caixa, montou um time que, dentro dos padrões financeiros do clube e da realidade do futebol nacional não devia muito a ninguém. O elenco tinha Carlos Alberto, problemático e genial; Rafael Carioca, eleito melhor volante do Brasil em 2008; Élton e Rafael Coelho, os artilheiros da Série B; Márcio Careca e Léo Gago, destaques de seus times na Série A; e a base do ano anterior. O técnico, Vágner Mancini, havia feito bons trabalhos no Vitória e no Paulista de Jundiaí, onde havia se consagrado com o título da Copa do Brasil de 2005.

O Campeonato Carioca seria o primeiro teste de fogo para o cruzmaltino. Saiu chamuscado. Mesmo após uma rara goleada de 6 a 0 sobre o Botafogo na Taça Guanabara, o time não conseguiu mais se acertar após uma derrota por 2 a 0 para o mesmo Botafogo na decisão da mesma Taça. O desacerto culminou com a queda de Mancini e a efetivação de Gaúcho, que era técnico da base vascaína. Gaúcho não conseguiu impor seu ritmo. O Vasco seria eliminado da Copa do Brasil pelo Vitória, mesmo após um jogo excepcionalmente bom.

Aliás, marcou o Vasco esse ano a irregularidade. Com Celso Roth, não foi diferente. Com a batuta na mão, Roth teve 3 derrotas, 1 empate e 1 vitória. O treinador aproveitou a instabilidade no cargo e saiu para o Inter na intertemporada (com o perdão do trocadilho). PC Gusmão veio de bom trabalho no Ceará, conseguiu boas vitórias no começo, mas...

Quando viu que não tinha mais chances de disputar uma vaga na Copa Libertadores após uma sequência de resultados ruins, incluindo um jejum de 6 jogos, o Vasco parou. Contando com a falta de importantes jogadores, como os titulares Carlos Alberto e Ramon em boa parte da temporada, o time sofreu com as contusões e improvisações.

Dos “bons nomes” citados no início do texto, não custa lembrar, nenhum teve real destaque no ano. Carlos Alberto reforçou o Departamento Médico; Rafael Carioca não reencontrou na Colina a sua melhor fase; Élton às vezes não aparece nem no banco de reservas do Sporting Braga, seu atual clube; Rafael Coelho conseguiu, num ano só, ter problemas com convulsões, contusões, a perda de um filho com um aborto espontâneo e apresentações pra lá de irreconhecíveis, um fracasso total; Márcio Careca saiu para ser um dos destaques do Guarani; Léo Gago está no vitorioso time do Coxa. Nenhum rendeu no Vasco o esperado.

Vágner Mancini e Celso Roth decepcionaram. Gaúcho confirmou ter sido uma aposta errada. PC Gusmão, segundo alguns, bambeia no cargo após as recentes más apresentações do time.

O Vasco parece ter tirado férias em 2010. Para 2011, espera-se que o clube mantenha seus bons valores, como as gratas surpresas proporcionadas por Rômulo, Fellipe Bastos, Éder Luís, Zé Roberto e Felipe. Que busque reforçar o elenco buscando, principalmente, um centroavante de qualidade, que tanta falta fez durante todo o ano. Que busque se estruturar física e financeiramente. Que PC Gusmão, caso seja mantido, reencontre a boa fase que teve no Ceará.

O Vasco promete para o ano de 2011, mesmo sem os reforços de fim de ano, devido à formação de uma base estável, com vários jogadores que acompanham o time deste 2009. Mas para singrar mares tranquilos, a nau vascaína necessitará de remadores eficientes, marujos experientes e – porque não? – o sopro amigo da sorte.

Vitor Fontenele é piauiense, e aproveita quando está em casa e o sol forte de Teresina não lhe afeta a cabeça para intrometer-se nos mais variados assuntos do futebol. Vascaíno fanático, é daqueles que não perde uma chance de ver o time em campo, mesmo com a chiadeira da namorada flamenguista. Assiste até a jogo da A2 paulista na RedeVida quando não tem o que fazer. Atua no Fórum NetVasco, onde conheceu o Leitura de Jogo e aprendeu a discutir futebol em alto nível e é louco por análises táticas e psicológicas do futebol.

Um comentário:

  1. Bela coluna Vitor.

    Espero que o Vasco aproveite bem essas férias antecipadas, adiantando o planejamento de 2011.

    Seria interessante, ver um projeto especial para a Copa do Brasil, quem sabe, deixando o Carioca um pouco de lado, caso houvesse necessidade de poupar jogadores, etc...

    Sds,

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