Análise: Internazionale

Por Hudson Martins

Jogo: Internazionale 0 x 1 Milan
San Siro, Milão
Campeonato Italiano - 12ª Rodada - 14/11/2010

Não há como não se esperar muito de uma equipe como a Internazionale. Após a espetacular temporada 2009/10, as expectativas sobre a equipe neroazzurri cresceram vertiginosamente. Entretanto, o futebol apresentado tem sido inversamente proporcional ao rendimento esperado por torcedores e imprensa. A vice-liderança no Grupo A da UEFA Champions League, e o sexto lugar no Campeonato Italiano acendem a luz amarela para a equipe do técnico Rafa Benítez. No Derby Della Madonnina, derrota para o rival Milan por 1 x 0, gol de Zlatan Ibrahimovic, de pênalti. Adotando o critério do mando de campo, o objeto de análise do Blog Leitura de Jogo no maior clássico da Itália, é a Internazionale.


Rafa Benitez e seu 4-3-1-2 foram envolvidos no primeiro tempo. Embora não atacasse com intensidade, o Milan tinha força para defender e rapidez para contra-atacar - aproveitando-se da movimentação de Ibrahimovic junto aos zagueiros da Inter. Foi assim que surgiu o pênalti que deu origem ao primeiro gol. À medida que o primeiro tempo transcorria, o volume de investidas do Milan diminuía, o que não era sinônimo de crescimento interista. Atacando predominantemente pela esquerda, onde apareciam Samuel Eto'o e Wesley Sneijder, a Internazionale restringia a sua área de ação no campo ofensivo, e facilitava o trabalho do trio milanista Abate/Gattuso/Nesta, que marcava por aquele setor (ainda que houvesse evidente disparidade técnica entre Eto'o e Abate, por exemplo). Com as lesões de Obi e Diego Milito, Benítez formou a base da equipe que terminou a partida. Philipe Coutinho e Goran Pandev entraram, melhoraram razoavelmente a movimentação ofensiva da equipe neroazzurri, mas não o suficiente para sufocar o Milan no campo de defesa. Nem a partir do momento em que Ignazio Abate foi expulso, aos 15 minutos do segundo tempo, houve chances de gol em abundância para a Inter, ainda que houvesse em campo 5 jogadores de características ofensivas. Sem compactação no campo de ataque, e esbarrando da muralha defensiva da equipe de Massimiliano Allegri, a Internazionale caiu no clássico, e viu a arquirrival abrir 6 pontos de diferença na tabela de classificação.

Ponto positivo

Eto'o FC: essa foi a definição dada por Paulo Vinícius Coelho à Internazionale, num determinado momento do clássico. Embora isso denote limitação sob o aspecto coletivo, faz menção, por outro lado, ao melhor jogador da Inter na temporada, e válvula de escape da equipe - ao lado de Sneijder. Dentro das limitações táticas impostas por Rafa Benitez, Eto'o se movimentou, driblou, chamou o jogo. Não se omitiu em momento algum, e insiste em mudar, através da técnica, o inoperante panorama tático da Inter.

Pontos negativos

Restrições ofensivas: Iván Córdoba e Cristian Chivu não são laterais de ofício; logo, não têm o cacoete de subir ao campo de ataque com força, a ponto de auxiliar os meias na criação de jogadas. Javier Zanetti e Obi, volantes de maior liberdade neste 4-3-1-2, não conseguem ser insinuantes a ponto de quebrar a defesa adversária (ainda que Obi, de boa técnica, tenha procurado o jogo). Sneijder participa de todas as jogadas do setor ofensivo interista, mas têm poucas opções de passes verticais, não apenas em função dos motivos supracitados, como também, do posicionamento de Eto'o - quase como um ponta, longe do gol - e de Diego Milito, isolado entre os zagueiros. Pandev é um bom jogador, nada mais que isso; Biabiany corre mais do que pensa, Coutinho ainda é muito franzino... Resultado: uma equipe de limitações no ataque, que espera por uma finalização salvadora de Sneijder ou jogada genial de Eto'o para balançar as redes adversárias. Muito pouco para a atual campeã europeia.

Caça à Ibra: como uma espécie de armadilha, o Milan trouxe a Internazionale para seu campo. A Inter saiu para o jogo, adiantou suas linhas, mas sofreu com os lançamentos para Ibrahimovic, que se desvencilhou da zaga adversária na grande maioria das jogadas. No lance que originou o gol, drible de corpo sensacional do próprio Ibra em Materazzi, para receber o lançamento de Seedorf, e sofrer o pênalti. Houve mais chances, com o próprio Ibrahimovic, além de Flamini, Robinho... Vendo que a situação era recorrente, talvez fosse mais indicado deixar Lúcio na sobra, e plantar Stankovic no campo de defesa, já que Zanetti teria dificuldades com a correria de Ibra. A Inter perderia no ataque, mas seria mais segura na defesa. Ainda assim, Esteban Cambiasso -reserva no clássico, vindo de lesão - seria o jogador ideal para proteger o setor defensivo neste caso.

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