Análise: São Paulo

Por Hudson Martins

Jogo: Santos 2 x 0 São Paulo
Arena Barueri, Barueri
Campeonato Paulista - 5ª Rodada - 30/01/2011

O São Paulo sucumbiu ao Santos no primeiro grande teste da temporada 2011. Em partida que envolvia não apenas a rivalidade, como também a liderança do Paulistão, a equipe de Paulo César Carpegiani acabou derrotada por 2 x 0, gols de Elano e Maikon Leite. Segunda derrota do São Paulo na temporada, que denota alguns problemas táticos tricolores ainda pouco discutidos até então.



À esquerda, o São Paulo do primeiro tempo. Exceção feita às subidas de Juan, viu-se uma equipe pouco inspirada no setor ofensivo, em função da limitadíssima movimentação, e do grande espaçamento observado, por exemplo, no setor central de criação. Na segunda etapa, a entrada de Marlos já foi suficiente para alterar o panorama, fazendo com que o São Paulo crescesse no jogo. E ainda é possível fazer mais, desde que os meias saibam se projetar de maneira contundente ao ataque, e que todos os espaços do setor ofensivo sejam bem ocupados.


Leitura Tática

Com a posse de bola, o São Paulo demonstrou alguns problemas. A transição defesa/ataque foi muito lenta, e feita, sobretudo, através de ligação direta com passes rasteiros, o que facilitava o trabalho da defesa santista. Além disso, o posicionamento distante entre os jogadores de meio-campo e ataque limitava o poder de criação do tricolor.

Paulo César Carpegiani pede velocidade no ataque, mas não há como fazê-lo se os meias que jogam pelos lados do campo imprimem pouca agilidade ao jogo; se há um grande espaço no setor central de criação; se os dois atacantes recebem grande parte dos passes de costas para os zagueiros. O próprio São Paulo limita o seu poder ofensivo através de escolhas equivocadas do seu técnico. Carpegiani teve méritos quando colocou Marlos no jogo; jogador vertical que é, o camisa 11 conseguiu confundir a marcação santista em diversas oportunidades.

Além disso, deve-se ressaltar a insistência em atacar pelo lado esquerdo do campo, na primeira etapa, desequilibrando o setor ofensivo. Com pouco jogo pela direita, Jean, Fernandão e Dagoberto pouco apareceram na partida. Na segunda etapa, mais equilibrado, o São Paulo cresceu de rendimento, ainda que não seja o ideal.

Sem a posse de bola, o São Paulo insistiu em marcar apenas a partir do meio-campo, o que facilitou demais a transição do Santos ao ataque. Por várias oportunidades, Adriano, Rodrigo Possebon, ou mesmo Elano tiveram espaço para sair jogando, sem que houvesse qualquer incômodo por parte da defesa visitante. Embora seja compacto, o São Paulo precisa adiantar a marcação, mesmo que esporadicamente, de modo a forçar erros do adversário.

Rodrigo Souto é bom jogador, mas teve relativa participação nos dois gols sofridos pelo SPO. No primeiro, deveria, ao lado de Zé Vitor, ser mais incisivo na marcação à Maikon Leite, já que ambos os volantes saíram à caça do camisa 11 santista (no espaço deixado pelos dois, Elano se projetou para abrir o placar). No segundo gol, Souto apenas observou a finalização de Elano, reconhecidamente competente nos chutes de média/longa distância. Aqui, é importante ressaltar que Rodrigo Souto tem função fundamental nesta equipe, fazendo a cobertura às constantes subidas de Juan e Carlinhos Paraíba. Com o passar do tempo, o desgaste físico aparece, e, no caso do camisa 18, pode, em alguns momentos, ser maior do que o dos companheiros de equipe, levando-o a erros decisivos na partida (tudo isso no campo das hipóteses, evidentemente).

De qualquer modo, o São Paulo ainda mantém solidez considerável à medida que o adversário se aproxima da sua meta. A equipe é compacta, sabe se defender. Prova disso é que o Santos criou oportunidades evidentes de gol apenas quando pode explorar os contra-ataques cedidos pelo tricolr, que teve de se lançar à frente. Quando a partida ainda era disputada sob condições mais seguras para ambas as equipes, a defesa são-paulina se portou bem.

Balanço Tático

A dor de cabeça para o torcedor são-paulino não vem do setor defensivo. Ali há segurança. O problema é o ataque: caso Paulo César Carpegiani insista no 4-4-2 ortodoxo, conseguirá bom rendimento se os dois meias saírem do trio Ilsinho, Marlos ou Lucas; todos dribladores, capazes de abrir a defesa adversária para as suas próprias jogadas individuais ou finalizações de seus companheiros. Dagoberto, mais recuado, talvez também possa render pelo setor. Carlinhos Paraíba, Fernandão, Marcelinho Paraíba e até Rivaldo não são indicados para esta função, visto que cadenciam o jogo em excesso, e tornam o setor de criação da equipe do Morumbi improdutivo e previsível.

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