Análise: Boca Juniors

Por Hudson Martins

Jogo: Boca Juniors 1 x 4 Godoy Cruz
La Bombonera, Buenos Aires
Campeonato Argentino - Torneio Clausura - 1ª Rodada - 13/02/2011

Marcado por campanhas decepcionantes nas últimas temporadas, o Boca Juniors estreou no Clausura 2011 embalado pela chegada do novo técnico, Julio Cesar Falcioni, e de contratações interessantes, como Leandro Somoza e Walter Erviti, além da manutenção do artilheiro Martin Palermo e de Juan Roman Riquelme. Embora as expectativas sejam grandes, o início não poderia ser pior: em casa, o Boca foi goleado pelo Godoy Cruz por 4 x 1. Ruben Ramirez (duas vezes), Adrian Torres e Carlos Sanchez marcaram para os visitantes; Erviti descontou.


À esquerda, o 4-2-3-1 do primeiro tempo. Havia pouco auxílio dos laterais, o que facilitava a marcação do Godoy Cruz, que se concentrava em Riquelme e Erviti, os dois sempre alternando seus respectivos posicionamentos entre o centro e a esquerda. Quem aparecia bem era Pablo Mouche, aberto pela direita, e entrando em diagonal com frequência, incomodando a defesa adversária. Na segunda figura, o Boca num ousado 4-1-3-2, na desesperada tentativa de buscar o resultado no segundo tempo. Com peças importantes como Riquelme e Palermo já cansados, houve mais transpiração do que inspiração, e o resultado não veio.

Leitura Tática

Com a posse de bola o Boca até foi capaz de criar algumas chances de marcar, mas faltou competência na hora da finalização. Com jogadores como Erviti e Riquelme na criação, o Boca tinha qualidade de passe, e possibilidade de chutes de longa distância. Entretanto, ficou nítido que a equipe da casa não explorou todo o seu potencial ofensivo, em função de um esquema tático que talvez não seja o ideal para as características do time.

O 4-2-3-1 de Julio Cesar Falcioni tinha Mouche, Erviti e Riquelme na penúltima linha. Um meio interessante, mas que não privilegia as características daquele que jogava aberto pela esquerda, fosse ele Riquelme ou Erviti, dada a necessidade de um jogador de estilo mais vertical naquela posição. Com o camisa 10 aberto, ainda houve uma belíssima jogada: uma bola na trave num chute de fora da área. Mas jogar pelo lado do campo não é a dele, assim como não é a de Erviti, que é mais cadenciador. Mouche, jogador de velocidade, acabou se destacando nesta mesma função, só que pela direita.

Além disso, outros dois fatores devem ser ressaltados. O pouco apoio dos laterais Jose Maria Calvo e Clemente Rodriguez (que, nas poucas vezes em que se apresentaram ao ataque, ajudaram a criar boas situações), e as subidas apenas esporádicas de Sebastian Battaglia, que poderia auxiliar ao ataque em função da boa técnica e capacidade de finalização.

Falcioni fez alterações interessantes do ponto de vista tático. Colocou Diego Rivero e Nicolas Colazo para aumentar a intensidade do jogo pelos lados do campo, e, com Lucas Viatri, tentou aproveitar a força de mais um centroavante para incomodar a defesa do Godoy Cruz. Mas, com resultado extremamente adverso, e diminuição do ritmo de jogo - provavelmente em função da questão física - não houve resultado.

Sem a posse de bola, houve falhas consideráveis, principalmente pelo lado esquerdo defensivo. Três dos quatro gols do Godoy Cruz surgiram em jogadas criadas às costas de Clemente Rodriguez, ainda que o lateral do Boca não subisse de maneira intensa ao ataque, pelo menos no primeiro tempo.

Ainda com relação ao lado esquerdo de defesa, é importante lembrar que o Boca Juniors perde também na sua retaguarda quando Riquelme joga aberto pelo lado esquerdo do campo. Sem a mesma condição física de outros tempos, Roman nem sempre é capaz de acompanhar os avanços do lateral adversário, o que é muito importante no 4-3-2-1. Assim, Clemente Rodriguez ficava bem mais exposto em alguns lances.

Finalmente, é importante ressaltar a partida extremamente insegura do goleiro Garcia, que entregou dois gols de bandeja ao ataque adversário. Para sorte dele, um dos tentos foi anulado. Não fosse a falha grotesca no lance do primeiro gol, e talvez o andamento da partida se desse de uma maneira diferente, favorável ao Boca.

Balanço Tático

Embora seja apenas o primeiro jogo da temporada, talvez seja importante que Julio Cesar Falcioni repense o 4-2-3-1 adotado na estreia. Com o meio-campo qualificado que tem, é bastante válido analisar a possibilidade de formatar a equipe num 4-3-1-2, com Somoza à frente da zaga; Batttaglia e Erviti pelos lados, e Riquelme fechando o losango com total liberdade de criação para Mouche e Palermo. Com a subida de pelo menos um dos laterais, são grandes as chances do ataque xeneize se notabilizar pelo dinamismo aliado à alta capacidade técnica dos seus jogadores. O grupo não é ruim, longe disso; mas é necessário mudar para colocar o Boca nos trilhos neste Clausura 2011. Resultados como o deste domingo não condizem com o potencial desta equipe.

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