Análise: Fluminense

Por Hudson Martins

Jogo: Fluminense 2 x 2 Argentinos Juniors
Engenhão, Rio de Janeiro
Copa Libertadores da América - Fase de Grupos - 09/02/2011

A estreia do Fluminense na Libertadores passou longe do esperado pela torcida tricolor. Num grupo difícil, e sabendo que fará os dois últimos jogos fora de casa, a necessidade de vitória na estreia era evidente. Mesmo assim, o Fluminense demonstrou algumas limitações, e ficou apenas no empate com o Argentinos Juniors, no Engenhão. Franco Niell, para os visitantes, e Rafael Moura marcaram duas vezes cada.


À esquerda, o Fluminense da primeira etapa. Com Edinho jogando como terceiro zagueiro, Mariano e Carlinhos tinham liberdade para subir. Entretanto, Souza e Conca pouco conseguiam produzir (embora o argentino se movimentasse em grande faixa do campo). Willians jogou mal, e teve participação importante no rendimento ruim do Flu na primeira etapa. À direita, a equipe que jogou os últimos minutos, na tentativa de virar o placar. O 4-2-2-2 buscou o terceiro gol mais na base do abafa, já que o jogo tanto pelos lados quanto pelo centro mostrou-se infrutífero. Entretanto, é importante observar a variação obtida por Muricy Ramalho, sobretudo, após a entrada do versátil Marquinho.

Leitura Tática

Com a posse de bola, o Fluminense teve sérias dificuldades de criação de jogadas no primeiro tempo. As duplas Mariano/Souza e Carlinhos/Conca não funcionavam por dois motivos: em primeiro lugar, a excelente marcação da equipe argentina, com destaque para Mercier, Basualdo e Escudero. Além disso, Willians, que poderia ser peça-chave pelos lados do campo, abrindo espaços para os jogadores que vinham de trás, pouco fez.

Já que Edinho jogou como terceiro zagueiro pela esquerda, coube a Diguinho fazer a proteção à zaga. Função que o camisa 8 sabe executar, mas que lhe tira a possibilidade de chegar ao ataque com maior intensidade. Embora Souza e Conca tenham qualidade indiscutível, a não-projeção de Diguinho ao setor ofensivo eliminava uma possibilidade interessante de surpreender o adversário, tornando o Flu mais previsível.

Com a entrada de Rodriguinho no intervalo, o Fluminense ganhou mais movimentação no ataque, ainda que não tenha sido o suficiente para pressionar o Argentinos Juniors. Faltou maior sintonia com o ligadíssimo Rafael Moura, muito eficiente no jogo individual, e salvador do Flu na estreia. Como nem todos conseguiram ser individualmente tão brilhantes quanto o He-Man, a equipe de Muricy Ramalho seguiu com problemas na segunda etapa.

Sem a posse de bola uma falha ficou evidente: a cobertura pelo lado esquerdo defensivo. Os três lances mais perigosos do Argentinos Juniors ocorreram por ali: o cruzamento para Franco Niell, no lance salvo por André Luís; a falta que originou o primeiro gol e a jogada que deixou Niell livre para marcar pela segunda vez. Com Carlinhos e Conca se mandando ao ataque, sobra a bronca para Diguinho e Edinho, sendo que o primeiro também tem que se preocupar com o lado direito de defesa, já que Mariano se lança fortemente ao ataque. Logo, há uma sobrecarga defensiva, que foi muito bem aproveitada pela equipe do técnico Pedro Troglio.

Além disso, é importante rever o que há com a bola aérea do Flu. A equipe que se notabilizou por ser forte neste quesito, sofreu dois gols de um jogador de 1,62m de altura. No segundo gol, ainda é possível recorrer ao argumento da exposição do setor defensivo, o que é absolutamente plausível. No primeiro tento, originário de um lance de bola parada, há menor margem para explicação.  

Balanço Tático

A estreia do Fluminense foi fraca, e abre os olhos do tricolor para a dificuldade que será o Grupo 3. O empate desta quarta obriga o Flu a conseguir algum resultado fora de casa, o que será dificílimo em qualquer um dos três confrontos. Mas esta possibilidade cresce caso haja menor exposição da defesa (o que passa por uma eventual mudança de posicionamento de Edinho, jogando como volante, e facilitando a compactação do setor defensivo), movimentação mais intensa do meio-campo, e melhor trabalho do segundo atacante (que pode ser o próprio Rafael Moura, já que Fred é titular absoluto). Embora tenha demonstrado deficiências na bola aérea defensiva, é importante ressaltar que o Fluminense tem força nesta mesma jogada no ataque, já que Souza, Conca, Deco (quando joga) e Marquinho são bons cobradores, e Gum, Leandro Euzébio, Fred e Rafael Moura definem com autoridade. Há recursos técnicos, mas talvez ainda falte a Muricy Ramalho achar o timing correto desta equipe para a nova temporada, marcada por desafios bem maiores.

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