Análise: Palmeiras

Por Hudson Martins

Jogo: Palmeiras 0 x 1 Corinthians
Pacaembu, São Paulo
Campeonato Paulista - 7ª Rodada - 06/02/2011

Em situações diametralmente opostas, Palmeiras e Corinthians prometiam fazer um clássico muito interessante. A liderança do Paulistão dava ao alviverde a moral necessária para reverter perante à torcida boa parte das baixas expectativas do início do ano; além disso, a gigantesca crise do rival aparentava ser outro aspecto favorável ao Palmeiras. Embora não tenha feito um mau jogo, a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari foi derrotada pelo Corinthians, gol de Alessandro, aos 37 minutos do segundo tempo. Resultado conquistado muito em função da exuberante atuação do goleiro Júlio César, absoluto destaque do clássico.



À esquerda, o 4-4-2 que iniciou o jogo. O ataque sobrevivia das jogadas individuais da parceria Cicinho/Tinga pela direita, e de Kléber, que buscava o jogo fora da área, tentando reter a posse de bola para o alviverde. À direita, a equipe da segunda etapa,com Kléber ficando mais fixo, e o 4-2-3-1, utilizado em boa parte do tempo, seguindo marcado pelo pouco dinamismo, apenas com lampejos de Cicinho (em menor escala do que no primeiro tempo) e Adriano, que deu relativo trabalho à Marcelo Oliveira. Num dos seus poucos ataques, o Corinthians surpreendeu a zaga palmeirense, e quebrou a invencibilidade da equipe de Luiz Felipe Scolari no Paulistão.

Leitura Tática

Com a posse de bola, o Palmeiras teve algumas dificuldades para ditar o seu ritmo ofensivo no início da partida. O setor de criação não funcionava bem, e Kléber voltava por diversas vezes para tentar segurar a posse de bola em favor da equipe alviverde. Embora tenha realizado esta função de maneira muito interessante, não conseguia fazer com que a bola se aproximasse repetidamente da meta do Corinthians, em função das inúmeras faltas que sofreu no setor intermediário.

A partir da segunda metade da primeira etapa, a equipe de Luiz Felipe Scolari passou a dominar o jogo. Com as subidas de Cicinho pela direita, fazendo parceria com Tinga; a movimentação de Kléber, que fazia com que o time ganhasse cada vez mais terreno no campo ofensivo, e uma transição defesa/ataque insinuante, feita em poucos passes, mas contando com os espaços cedidos pela defesa adversária, o Palmeiras mostrou bom rendimento, e só não abriu o placar porque Júlio César fez partida espetacular.

Durante o segundo tempo, o Palmeiras voltou a jogar de maneira semelhante àquela em que atuou em parte dos primeiros 45 minutos: dificuldades de criação, pouca movimentação no campo de ataque, e, consequentemente, poucas chances de gol. As grandes oportunidades vieram já no fim da partida, após o gol do Corinthians, quando o alviverde partiu para o abafa. O pouco poder de armação de jogadas passou por fatores como o menor número de subidas de Cicinho ao ataque, o posicionamento de Patrik, que rende bem mais pelo lado do campo, e a necessidade de jogadas individuais (mal sucedidas) de Luan, uma vez que Rivaldo pouco sobe ao ataque.

Sem a posse de bola, exceção feita à grande chance de Jucilei no primeiro tempo, o Palmeiras mostrou solidez defensiva. Nas bolas aéreas, Mauricio Ramos mostrou muita consistência; pelo chão, Cicinho fez alguns bons desarmes num setor perigoso do Corinthians, em função da velocidade de Jorge Henrique, enquanto Tinga e Luan tinham importante papel defensivo, evitando que Fábio Santos e Alessandro, respectivamente, pudessem subir ao campo de ataque com liberdade.

Com problemas no setor ofensivo, o Corinthians só abriria o placar em uma situação que fosse capaz de surpreender a defesa alviverde. Foi exatamente isso que aconteceu quando a defesa palmeirense, desarrumada, pouco pode fazer na entrada em diagonal de Alessandro (e aqui está o fato raro), que tabelou com Morais e saiu na cara de Marcos. Lance muito semelhante ao perdido por Jucilei no primeiro tempo, o que evidencia a necessidade de atenção à cobertura defensiva nos ataques adversários, quando estes chegam à área através de um jogador "surpresa" (primeiro Jucilei, depois Alessandro). Embora tenha sido relativamente consistente, apenas uma falha foi suficiente para que o Palmeiras caísse no clássico.

Balanço Tático

Ainda desfalcado de Gabriel Silva, Lincoln e Valdívia, o Palmeiras mostra certa segurança, e uma equipe mais insinuante do que a do final do ano passado, embora elenco seja praticamente o mesmo. Contra o Corinthians, o alviverde foi superior, vide as inúmeras defesas de Júlio César, e a participação quase nula de Marcos no jogo. Além de maior capricho nas finalizações, faltou equilíbrio nas subidas ao ataque (que se concentraram pelo lado direito), auxílio à Kléber nas jogadas ofensivas (o que Valdivia poderá fazer muito bem), e senso de cobertura mais apurado nos contra-ataques do adversário. São falhas claramente passíveis de correção, e que podem fazer deste Palmeiras uma equipe ainda mais forte e pronta para brigar firmemente pelo título estadual.

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