Crise pós-eleição

Por Antonio Rodrigues Neto (em 11/03/2011)

Ela demorou, mas chegou ao Palmeiras: a crise pós-eleição. Um tempo atrás fiz uma coluna aqui no Leitura de Jogo mostrando o quanto a situação de Palmeiras e Vasco era difícil dentro e fora de campo, bem como tinha tudo para piorar porque os dois tinham (o Vasco ainda tem) uma eleição complicada pela frente. (http://blogleituradejogo.blogspot.com/2010/11/nao-e-apenas-coincidencia.html).

A oposição venceu as eleições através de Arnaldo Tirone, uma espécie de “protegido” do famoso Mustafá Contursi, velho conhecido da torcida do Palmeiras e do futebol brasileiro em geral.Preocupado com a situação precária das finanças do clube (as cotas do Campeonato Paulista estão adiantadas até 2014, por exemplo), o novo presidente decidiu apertar bastante o cinto, reduzindo drasticamente as despesas.

Até este ponto, ele está absolutamente certo. Não dá para continuar gastando o que o Palmeiras gastou nos últimos anos porque a situação estava chegando bem perto de ficar insustentável, uma vez que o déficit entre receitas e despesas aumentava exponencialmente.

O problema é que talvez a maior despesa do clube esteja sentada no banco de reservas: Luiz Felipe Scolari recebe R$ 700 mil mensais no Palmeiras. Vários dirigentes não concordam com o salário que o treinador recebe e parece existir uma guerra fria entre Felipão e uma parte da diretoria. Como se isso não fosse o suficiente, a forte personalidade de Felipão, depois de em 2010 ter entrado em rota de colisão com Valdívia, bateu de frente com o atacante Kléber em 2011, justamente as duas maiores estrelas do elenco alviverde.

Diminuição de despesas + problemas de relacionamento entre o treinador e dirigentes + problemas de relacionamento entre treinador e jogadores = crise ao primeiro resultado adverso. Por enquanto, a boa campanha no Estadual e uma goleada na Copa do Brasil estão amenizando todos estes problemas, no entanto me parece que a crise está apenas espreitando, esperando o primeiro resultado negativo para bater com força na porta do Palmeiras.

Notas de Rodapé:

- E a diretoria do Santos, não satisfeita em atropelar o planejamento físico dos seus jogadores, resolveu acabar com o planejamento referente à comissão técnica demitindo Adilson Batista com apenas uma derrota no ano. Isso sem mencionar que ele mal pode contar com Neymar e não viu Paulo Henrique Ganso sequer entrar em campo. A entrevista do diretor de futebol explicando a demissão do treinador foi uma das coisas mais ridículas que eu já vi na minha vida. Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos talvez não acreditasse.

- O Vasco patina porque planejou errado seu 2011. Agora com a torcida impaciente e com os jogadores pressionados, tudo é mais difícil para o clube. O único consolo da equipe carioca é que pelo menos os problemas apareceram bem cedo, dando tempo aos dirigentes de mudarem as coisas já no início do ano. A aposta em Diego Souza é um tanto quanto arriscada porque o jogador, embora com menos recorrência, bem como com menor gravidade do que Carlos Alberto, também se envolveu em confusões ao longo da carreira.

- Parece que dar 6, 7 minutos de acréscimos virou moda nos estaduais. Vamos ver até quando.

- O Campeonato Paulista segue sem muitas surpresas. Ao contrário do ano passado, quando o Palmeiras fez uma péssima campanha e o Corinthians não conseguiu se classificar, os quatro grandes estão nas primeiras quatro posições e se o campeonato tivesse o formato antigo tinham grande chance de não dar espaço para as zebras. Há uma possibilidade de que a situação não mude muito até o inicio da fase eliminatória da competição, porem é bom ficar de olho na Ponte Preta que vem crescendo de produção.

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