Uma noite trágica

Por Antonio Rodrigues Neto

Contrariando a maioria dos prognósticos, inclusive deste que vos fala, quatro, dos cinco times brasileiros que disputavam a Libertadores foram eliminados na noite de quarta-feira. Apenas o Santos continua na disputa.


Não há uma explicação única para todas as eliminações. Cada uma teve uma peculiaridade diferente.

O Grêmio perdeu sua classificação dentro do Estádio Olímpico. Buscar fora de casa uma vitória por dois gols de diferença é difícil em qualquer competição, ainda mais na Libertadores da América enfrentando um bom time.

Fluminense e Internacional acabaram pagando caro pela inexperiência de seus treinadores. Um mês atrás Falcão não era sequer treinador e ninguém conhecia Enderson Moreira. O treinador do time gaucho não conseguiu segurar a vantagem enorme que tinha e posteriormente não conseguiu se impor sobre um time inferior tecnicamente dentro do Beira-Rio.

Já o treinador do tricolor carioca não conseguiu fazer com que seu time percebesse que tinha uma boa vantagem e só. Não iria ao Paraguai cumprir tabela e seu adversário não entraria em campo disposto a entregar tranquilamente a vaga. Entrar em campo como o Fluminense entrou é um convite ao adversário.

A eliminação do Cruzeiro é difícil de explicar. Sim, a expulsão do meia Roger ainda no primeiro tempo do jogo foi muito prejudicial a equipe. Sim, o Once Caldas tem algumas qualidades. Sim, a arbitragem anulou um gol legítimo da equipe mineira.

Mas nada disso me parece o suficiente para justificar essa eliminação. Infelizmente, pela cotovelada que deu no atacante Renteria, me parece que o técnico Cuca continua absolutamente instável emocionalmente e isso acaba contaminando seus jogadores. Um tempo atrás fiz uma análise sobre o momento que o treinador atravessa no Cruzeiro, na qual torcia para que ele superasse esses problemas (http://blogleituradejogo.blogspot.com/2011/02/o-mais-dificil-e-dosar.html). Minha torcida não foi o suficiente, uma vez que os problemas emocionais do treinador parecem continuar interferindo nos momentos decisivos.

De outro lado, é preciso também que alguns conceitos comecem a mudar. Muitas vezes os times brasileiros não entram em campo com a seriedade que a Libertadores exige porque principalmente nos anos 90 se criou uma “mística” aqui no Brasil de que os únicos adversários que temos são o Boca e o River. Que a Libertadores da América sem eles é fácil. Que os nossos times são tão mais qualificados tecnicamente que ganham dos outros na hora que bem entendem, etc etc.

Fale a verdade leitor, você nunca olhou para a “tabela” da Libertadores e pensou: esse ano está muito fácil ser campeão? Ou viu um amigo fazer isso ou até mesmo um jornalista?

Ler isso agora parece um completo exagero da minha parte, mas o que dizia a esmagadora maioria da imprensa esportiva brasileira antes da final de 2008, entre Fluminense e LDU? O que dizia essa mesma imprensa esportiva depois que o Cruzeiro empatou o primeiro jogo da final de 2009? O que o Flamengo fez em 2007, quando organizou uma grande festa antes de um jogo importantíssimo contra o América – MEX?

Sim, a Libertadores hoje está enfraquecida tecnicamente em razão do declínio de varias equipes argentinas e uruguaias, mas ela ainda continua uma competição dificílima.

Notas de Rodapé:

- Botafogo e Palmeiras estão em situação complicadíssima: ambos tem um elenco limitado, fizeram uma campanha apenas regular nos dois campeonatos que disputaram no primeiro semestre e não tem dinheiro para buscar os reforços de que necessitam. O clube carioca acumulou em 2010 um déficit de R$ 66 milhões e o clube paulista um déficit de R$ 85 milhões. A possível saída seria contratar um ou outro reforço e tentar sanar as carências do elenco com jovens das categorias de base. Mas até nisso os dois clubes tem um problema parecido: revelaram muito pouco nos últimos anos. As torcidas das duas equipes já começam a temer pelo desempenho dos times no Campeonato Brasileiro.

- Falando em Palmeiras, não entendi como um treinador experiente como Felipão acabou cometendo tantos erros em uma semana decisiva para o clube. A derrota para o Corinthians foi dolorida, mas o treinador tinha que fazer de tudo para “virar a página”. Felipão e seus jogadores não viraram a pagina e passaram os três dias que antecederam o jogo contra o Coritiba lamentando aquela derrota. Depois o treinador desdenhou da excepcional campanha do Coxa. Por fim resolveu escalar Marcos que não atuava fazia um bom tempo.

- O Flamengo sagrou-se campeão carioca invicto, mas continua com uma série de problemas, como comprovou a derrota de ontem para o Ceará. Por exemplo: um sistema ofensivo que não encaixa. Ronaldinho Gaucho não funciona como meia e parece funcionar menos ainda como atacante. Deivid nunca chegou de verdade ao Flamengo já que em mais de seis meses no clube ainda não conseguiu ter uma única excelente atuação. E esse é apenas um exemplo dos problemas que a equipe possui. Alem de outros problemas táticos, o Flamengo precisa de reforços não para compor elenco e sim para resolver algumas carências graves, como a lateral esquerda, por exemplo.

- Espetacular a campanha do Coritiba em 2011. Campeão paranaense invicto, 26 vitórias em seqüência (novo recorde no futebol brasileiro) e aplicou a maior goleada que o Palmeiras sofreu na Copa do Brasil em toda a sua história. Até onde esse time pode chegar é um pouco cedo para avaliar, uma vez que a equipe é formada em sua maioria por jogadores “rodados”, mas por enquanto a campanha tem sim que ser louvada. Exceto os times que estão (ou estavam) na Libertadores, TODOS os times brasileiros enfrentam adversários mais fracos no primeiro semestre, no entanto NINGUÉM havia conseguido uma façanha como essa do Coritiba.

- No domingo teremos o primeiro jogo da decisão dos campeonatos estaduais em SP, MG e RS. Exceto o Santos, os outros cinco envolvidos na disputa pelos títulos querem um prêmio de consolação, uma vez que não conseguiram o objetivo principal do primeiro semestre que era a Libertadores para Corinthians, Cruzeiro, Grêmio e Internacional e a Copa do Brasil para o Atlético-MG. Se eu fosse Muricy, assumiria o risco e escalaria um time misto contra o Corinthians poupando qualquer jogador que esteja em precária situação física. Mas duvido que isso aconteça. A pressão da torcida e até mesmo da própria diretoria não deve permitir.

Um comentário:

  1. FIRST

    o Antonio é melhor do que o Fontelene
    o first mais rapido deste blog

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