Análise: Manchester United

Por Hudson Martins

Manchester City 2 x 3 Manchester United
Wembley, Londres
Supercopa da Inglaterra

Nani foi o cara da virada espetacular do Manchester United sobre o arquirrival City, neste domingo, em Wembley. Autor de dois belíssimos gols, o português foi o principal destaque da Supercopa da Inglatera. Porém, a vitória do United também passa pelo bom desempenho de vários jogadores ainda inexperientes, mas que deram importante contribuição aos Red Devils. No jogo deste domingo, destaque para Chris Smalling, Adam Jones e, sobretudo, Tom Cleverley, peça chave no crescimento do MU na segunda etapa.

A vitória do United ganhou contornos de emoção muito em função do mau desempenho no primeiro tempo. Embora não tenha sido ameaçado em grande quantidade pelo City (os lances dos dois gols foram os únicos ataques dos rivais na etapa inicial), a defesa do MU mostrou falha gravíssima no gol de Edin Dzeko, em que o atacante bósnio finaliza da intermediária com absoluta liberdade (em falha de Nemanja Vidic, que deveria ter se adiantado para cobrir o espaço deixado por Michael Carrick). No ataque, a pouca movimentação dos jogadores dos lados do campo (Nani e Ashley Young), tornava o jogo muito mais pragmático. Wayne Rooney saía da área, fazendo com que Danny Welbeck se adiantasse, mas ainda assim o United não conseguia envolver a defesa adversária, indo para o intervalo em desvantagem de dois gols, e deixando péssima impressão.


No primeiro tempo, pouquíssima movimentação do 4-2-3-1 do United, exceção feita à Wayne Rooney, cuja área ocupada no campo aparece em destaque. Na etapa final, Smalling, Cleverley e Nani são os destaques do belo segundo tempo do MU, que virou o jogo e sagrou-se campeão. Rooney e Young também tiveram bom desempenho.

Na volta, Sir Alex Ferguson fez 3 mudanças importantes, trocando Rio Ferdinand, Vidic e Carrick por Phil Jones, Jonathan Evans e Cleverley. Com o demasiado recuo dos Citizens, o Manchester United foi para o abafa, e jogou cerca de 15 minutos dentro do campo do adversário. Cleverley deu fluidez ao ataque, Nani e Young passaram a entrar em diagonal, facilitando as trocas de passes (como a que originou o segundo gol, em jogada espetacular) e abrindo as laterais para as subidas de Patrice Evra, e, sobretudo, Chris Smalling - um dos melhores em campo. Após o empate, o United diminuiu o ritmo, mas manteve consistência na marcação, e seguiu insinuante no ataque, criando diversas chances de gol. A vitória, entretanto, não veio em jogada de mérito coletivo; Vincent Kompany falhou bisonhamente, entregando a bola para Nani, que arrancou sozinho e marcou o gol do título, em jogada que será dissecada abaixo.


Nani comemora: o camisa 17 foi decisivo na vitória do United

Detalhes Técnicos

- O excelente rendimento de Cleverley sugere uma opção diferente de jogo para Sir Alex Ferguson. Com qualidade de passe, e movimentação interessante (num estilo de jogo que lembra Jack Wilshere, outro jogador da posição; um dos melhores meias da atualidade), Cleverley pode ser tanto um volante que qualifica a saída de bola quanto um meia que auxilia os jogadores dos lados do campo, potencializando o desempenho de Young, Nani, Antonio Valencia, Ji-Sung Park e outros. Importante observar a evolução do garoto durante a temporada.

- Outro que jogou muito neste domingo foi Smalling, mas como lateral-direito, e não zagueiro. Aqui, é possível fazer duas observações importantes: primeiramente, a  sua versatilidade, que ficou evidente num jogo difícil, numa posição que guardava forte duelo contra Mario Balotelli. Além disso, o bom rendimento faz com que Smalling ganhe a confiança do técnico para ser, talvez opção imediata na zaga, em função das seguidas lesões de Rio Ferdinand. Jones, que mostrou segurança no clássico, também tem chances.

- Quem passou insegurança foi David De Gea. Embora tenha falhado no primeiro tento, as críticas devido ao segundo gol parecem exageradas, na medida em que fica nítido que o atraso do salto do espanhol se deveu às curvas (não foi apenas uma) feitas pela bola após o chute de Dzeko. Na segunda etapa, De Gea foi bem quando acionado. Embora haja certo receio com relação ao seu desempenho, é necessário segurar o ímpeto para não analisar seus lances de maneira condicionada.

- Uma das razões para o mau desempenho no primeiro tempo foi o estilo defensivo adotado pelo United. Com marcação iniciada geralmente na linha média do campo, sem qualquer tipo de pressão no homem de posse da bola, o MU se mantinha numa postura confortável, preferindo não correr qualquer tipo de risco. A desvantagem no placar foi o estopim para a mudança de atitude e rendimento maior dos Red Devils no segundo tempo.

- As jogadas de bola parada do United têm detalhes interessantes. Nos escanteios a favor, atenção ao posicionamento de Wayne Rooney, sempre no bico da grande área, mas do lado oposto aquele em que ocorrerá a cobrança. Assim, Rooney tem a chance de aproveitar eventuais rebotes com bom ângulo para finalização. Nos escanteios defensivos, o truque que ajudou a decidir o jogo: 8 jogadores na área, Ashley Young no rebote e Nani adiantado, para puxar o contra-ataque. Embora estivesse mais recuado do que o normal neste lance, especificamente, foi posicionamento em destaque que proporcionou ao português pressionar Kompany, e se valer do erro do belga para decidir o jogo.


Repare no posicionamento de Nani no gol do título do Manchester United.

Um comentário:

  1. (em falha de Nemanja Vidic, que deveria ter se adiantado para cobrir o espaço deixado por Michael Carrick)

    Vi o lance e entendi que a falha não foi do Vidic pois como foi citado no cometário acima, o Michael Carrick deixou espaço. Como este fazia a função de primeiro volante, era dele a função de dar combate num ataque de primeiro home, como rege o fundamento.

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