Análise: Milan

Por Hudson Martins

Jogo: Milan 1 x 1 Catania
Giuseppe Meazza, Milão
Campeonato Italiano - 3ª Rodada - 18/09/2010

Massimiliano Allegri demonstrou satisfação ao receber no último dia da janela de transferências dois presentes muito interessantes: Zlatan Ibrahimovic e Robinho. Se ambos não convenceram na última temporada europeia, também não há como negar que podem ser belíssimas alternativas ao ataque rossoneri na temporada que se inicia. Mas, para que o desempenho da equipe cresça, de fato, será necessário tempo. Do quarteto ofensivo milanista, apenas Ronaldinho e Ibrahimovic estiveram em campo neste sábado, contra o Catania. Lesionados, Robinho e Alexandre Pato apenas observaram uma equipe inconstante, que cedeu diversos espaços defensivos, e não teve força suficiente para derrubar o bloqueio adversário. Resultado: má atuação, e empate por 1 x 1 no Giuseppe Meazza. Ciro Capuano (num dos gols mais espetaculares deste ano) e Filippo Inzaghi marcaram em Milão.



O empate deste sábado passa muito pela configuração disposta à esquerda, que esteve em campo durante 85 minutos. O Milan jogou num 4-1-2-2-1, com Daniele Bonera e Luca Antonini subindo ao ataque, e, assim como Kevin Price Boateng e Clarence Seedorf, tinham como função auxiliar a Ibrahimovic e Ronaldinho. Massimiliano Allegri apostava no jogo pelos lados do campo, baseando-se na técnica dos seus pontas, mas acabou sofrendo com a muito bem executada marcação do Catania, que ainda tornou-se a base para perigosos contra-ataques, sobretudo com Giuseppe Mascara. Com pouca movimentção, o Milan não conseguiu romper a marcação adversária com frequência, e marcou o seu gol numa das únicas falhas da defesa do Catania, que deixou Bonera, Ronaldinho e Inzaghi livres. Na segunda etapa, embora os contra-ataques do oponente tivessem sido controlados (com a fixação de Antonini no setor defensivo), o panorama ofensivo do Milan foi pouco alterado. Apenas aos 40 minutos do segundo tempo, Allegri mexeu a equipe, apostando em Nnamdi Odu e Gennaro Gattuso, como pode-se conferir na disposição tática à direita. A alteração não surtiu efeito algum.

Ponto positivo

Potencial técnico: embora ainda não tenha se consolidado coletivamente, o Milan tem, sim, jogadores que são capazes de mudar o panorama de uma partida. Thiago Silva, Pirlo, Boateng (embora não seja unanimidade, é um bom jogador), Seedorf, Ronaldinho, Ibrahimovic, Alexandre Pato, Robinho... enfim, qualidade tecnica na equipe titular, há - e isso foi visto no jogo deste sábado, sobretudo em função das atuações de Ronaldinho e Boateng. A questão é fazer com que essa qualidade se expanda para o aspecto coletivo, e não fique restrita apenas ao lado individual.

Pontos negativos:

Equipe estática: com um sistema de jogo que conta, sobretudo, com a técnica de Ronaldinho e Ibrahimovic, o Milan fica refém do jogo pelos lados do campo, que se consolida em dois trios: Bonera, Boateng e Ibra pela direita, e Antonini, Seedorf e Ronaldinho pela esquerda. Entretanto, o trabalho desses jogadores limita-se a uma pequena faixa do campo, e pouco contempla ultrapassagens que procurem a linha de fundo ou mesmo a entrada na área adversária. Assim sendo, a marcação torna-se mais fácil, e o poder de fogo milanista, limitado.

Riscos defensivos: a dificuldade para furar a defesa do Catania fez com que o Milan avançasse além da conta em alguns momentos, gerando espaços para os contra-ataques adversários. Com um pouco mais de competência, a equipe visitante poderia ter ampliado o marcador ainda no primeiro tempo. Ao técnico Massimilano Allegri, cabe equilibrar os setores da sua equipe, de modo que não seja necessário que jogadores como Bonera, Antonini e Pirlo (sobretudo se este for primeiro volante, como foi hoje) tenham que subir ao ataque tantas vezes e, em alguns momentos, ao mesmo tempo.

Banco limitado: com desfalques, Massimiliano Allegri viu-se numa situação complicada neste sábado. Tinha que mudar o panorama do jogo, mas tinha dificuldades em fazê-lo, dada a limitação técnica da grande maioria dos componentes do banco milanista. Assim sendo, o retorno de jogadores como Robinho, Pato, ou mesmo Ambrosini faz-se cada vez mais necessário.

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