Análise: Fluminense

Por Hudson Martins

Jogo: Fluminense 1 x 2 Corinthians
Engenhão, Rio de Janeiro
Campeonato Brasileiro - 22ª Rodada - 15/09/2010

Não há equipe num campeonato por pontos corridos que não oscile, não passe por um mau momento - seja ele de ordem técnica, tática, física, ou mesmo, psicológica - e tenha uma queda de rendimento em um determinado período do certame. Após uma arrancada fulminante no primeiro turno, com solidez defensiva e um ataque insinuante, o Fluminense vê os concorrentes retirando a bela vantagem havia sido construída no início do Brasileirão. A derrota para o Corinthians, nesta quarta-feira, no Engenhão, reduz a vantagem tricolor apenas ao saldo de gols, sendo que o clube paulista ainda enfrenta o Vasco, dia 13/10, em São Januário, em jogo atrasado da 18ª Rodada.


Não foi um jogo de grandes emoções, longe disso. O que se viu foram duas equipes consistentes taticamente, e se valendo da qualidade técnica de determinados jogadores para tentar alterar o panorama da partida. Se os tricolores Deco e Conca não foram capazes de desequilibrar o confronto, houve quem o fizesse pelo lado corintiano: Paulinho e Jucilei, ainda que não sejam jogadores ofensivos, destacaram-se consideravelmente. Ambos foram fortes na marcação, dificultando a criação de jogadas por parte do Fluminense. Paulinho ia ao ataque em alguns momentos, confundindo a marcação tricolor. Jucilei, por sua vez, foi o autor do primeiro gol dos visitantes, já no final do primeiro tempo. Na segunda etapa, Iarley (ainda que a impressão tenha sido de gol contra de Fernando Bob) e Washington, decretaram o placar do confronto.



O Fluminense iniciou o jogo no já corriqueiro 3-4-2-1, com Mariano e Júlio César com liberdade para subir ao ataque, Valencia e Fernando Bob mais presos, Deco e Conca flutuando na intermediária para acionar tanto os dois alas, quanto Washington. Sem conseguir pressionar o Corinthians como queria, Muricy Ramalho voltou do intervalo com Rodriguinho, que se movimentou bem, e participou de todos os lances de perigo favoráveis ao Flu no segundo tempo. Com Júlio César ainda inconstante, Muricy optou pela entrada de Carlinhos na metade da segunda etapa, sem sucesso. Com dificuldades para penetrar na bem organizada defesa corintiana, o Fluminense acabou sucumbindo, dentro do Rio de Janeiro, ao seu principal rival até então.
 
Pontos positivos
 
Rodriguinho: ainda que não jogue constantemente, é um atacante útil. Embora seja afobado em algumas situações, movimenta-se bem, tem disposição, busca o jogo. Foi assim que Rodriguinho tornou-se importante na tentativa de reação tricolor no jogo, fazendo Júlio César trabalhar duas vezes, e ainda dando assistência para o gol de Washington.
 
Marcação sob pressão: aqui está um ponto que foi pouco explorado no confronto desta quarta, mas que fez diferença quando utilizado. Nas poucas situações em que apertou a saída de bola do Corinthians, o Fluminense conseguiu resultados, obrigando os chutões da defesa alvinegra, que favoreciam os altos zagueiros tricolores. No início do segundo tempo, quando esboçou uma postura diferente, o Flu marcou dentro do campo de ataque, e o fez bem; após sofrer o segundo gol, o ímpeto diminuiu, e o controle do jogo ficou nas mãos do Corinthians.
 
Pontos negativos
 
Falhas nos detalhes: os dois gols do Corinthians denotam falhas defensivas tricolores que não podem ocorrer num jogo fundamental na briga pela liderança. No primeiro gol, além de Jucilei aparecer livre dentro da área, Valencia não acompanha a linha de zaga, e dá condições legais de jogo ao jogador adversário. Já no segundo tento, pane geral na defesa tricolor: Alessandro passa livre pelo lado direito, Gum e Leandro Euzébio dão o bote (errado) em Iarley, fazendo com que não haja sobra.
 
Deco: embora seja um jogador muito superior tecnicamente à média do futebol brasileiro, Deco ainda não se encaixou perfeitamente no Fluminense. No jogo desta quarta, fez algumas boas jogadas, mas não foi suficientemente decisivo como se espera. Algumas explicações podem ser a parte física (Deco ficou algum tempo parado no período pós-Copa), um problema tático (ao contrário dos tempos de Porto e Barcelona, o camisa 20 não joga centralizado no meio-campo; tem que dividir a responsabilidade de criação com Conca, além de auxiliar na marcação), ou mesmo, a diferença de estilo de jogo em relação aos companheiros de clube (Mariano, Júlio César e Conca conferem velocidade ao ataque tricolor; Deco não tem como característica acompanhar esse ritmo de jogo).

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