O indomável ‘monstro’ do futebol brasileiro

Por Vitor Fontenele

Desde o início do ano, Neymar vem chamando a atenção no futebol mundial. Juntamente com os garotos Paulo Henrique Ganso e André, formou o trio chamado de “Meninos da Vila”, que foi o principal responsável pela conquista santista dos títulos paulista e da Copa do Brasil.

Neymar passou então a ocupar as capas de jornais. Chamado de “a nova jóia do futebol brasileiro”, com seus dribles rápidos, desconcertantes, aliados a uma técnica incrível e ao inevitável merchandising provocado por vitórias estrondosas como a goleada por 11 a 0 sobre o Naviraiense na Copa do Brasil, o garoto foi aos poucos conquistando o povo e a mídia nacionais. Foi comparado a Ronaldinho Gaúcho, a Robinho e até a Pelé, e já era visto por muitos como um sucesso inegável.


Em ano de Copa do Mundo, é claro que isso resultaria em uma pressão sobre Dunga por sua convocação. O técnico, com uma lucidez que talvez tenha faltado ao incluir certos nomes e omitir outros tantos em sua lista final, explicou que não convocou os meninos pelo simples fato de serem jovens demais, nunca terem jogado pela Seleção principal, e, especialmente, por não terem correspondido com a amarelinha nos recentes Mundiais Sub-20 e Sub-17 (em que estiveram, respectivamente, Ganso e Neymar), ocorridos no ano passado.

O povo, é claro, chiou. “Neymar e Ganso são seleção”, diziam todos. O Brasil acabou fracassando na Copa. A culpa, claro, recaiu sobre Dunga, por não tê-los convocado. E aos poucos, eles foram se acostumando a ser estrelas adolescentes. Nada melhor para exemplo que a proposta milionária do Chelsea e o apelido de "Crazy Boy" dado a Neymar pela recusa.

Aos poucos, esse estrelismo precoce foi mostrando seu lado vil. Logo na final do Paulistão, Ganso, que foi o destaque do jogo, se recusou a sair de campo quando Dorival aventou a possibilidade de substituí-lo. Neymar “causou” ao dar um chapéu em Chicão, xerife da zaga corinthiana, com a bola parada. E mais recentemente, o atacante se envolveu em duas polêmicas na mesma semana: uma confusão no jogo contra o Ceará, devido a revolta do jovem com as faltas sofridas; e o xingamento a Dorival Júnior no jogo contra o Atlético Goianiense após a reclamação do técnico.

Com isso, Neymar mostrou, que, apesar de tudo, é imaturo. E a diretoria do Santos, ao recusar-se a dar ao jogador a suspensão pedida por Dorival, deu a ele o moral de se sentir o verdadeiro “dono do time”. Que lá ele põe e tira quem quiser de campo e até de fora dele. O que mostra quão visionário foi René Simões ao avisar que “estávamos criando um monstro no futebol brasileiro”.

E já que a diretoria do Santos não teve o pulso necessário para tal, ficou a cargo de Mano Menezes dar ao garoto a punição mais temida por ele: a de não ser convocado, de não jogar bola, ainda mais pela Seleção. Mano deixou bem claro o porquê de sua não-convocação: "O futebol brilhante dos últimos meses deve ser a marca fundamental de um jogador talentoso como o Neymar. Se isso voltar a ser a regra, ele será novamente chamado. A volta do Neymar vai depender dele." Através desta atitude, o técnico da seleção contribui significativamente no sentido de fazer com que Neymar seja um monstro apenas com a bola no pé. Mas, aparentemente, alcançar este objetivo não será fácil... Boa sorte, Mano.

Vitor Fontenele é piauiense, e aproveita quando está em casa e o sol forte de Teresina não lhe afeta a cabeça para intrometer-se nos mais variados assuntos do futebol. Vascaíno fanático, é daqueles que não perde uma chance de ver o time em campo, mesmo com a chiadeira da namorada flamenguista. Assiste até a jogo da A2 paulista na RedeVida quando não tem o que fazer. Atua no Fórum NetVasco, onde conheceu o Leitura de Jogo e aprendeu a discutir futebol em alto nível e é louco por análises táticas e psicológicas do futebol.


Nenhum comentário:

Postar um comentário