Análise: Avaí

Jogo: Avaí 3 x 1 Emelec
Ressacada, Florianópolis
Copa Sul-Americana - Oitavas-de-final - 21/10/2010

Classificar-se às quartas-de-final da Copa Sul-Americana era um evento paradoxal para o Avaí. Por um lado, representaria mais desgaste físico dos atletas durante mais duas semanas (no mínimo), ainda que o confronto seguinte fosse contra uma equipe brasileira (no caso, o Goiás). Por outro, eliminar o equatoriano Emelec significaria alcançar pela primeira vez na história uma vaga entre os oito melhores de uma competição continental, além de um acréscimo incomensurável no quesito confiança, capaz de unir jogadores e torcida na busca pela permanência na Série A. A Ressacada viu uma virada espetacular da equipe da casa, que classificou-se vencendo por 3 x 1, gols de Roberto, Eltinho e Émerson para o Leão. Joao Rojas descontou para os equatorianos.




Vágner Benazzi iniciou a partida no 3-4-1-2, mas minutos após o gol do Emelec (em falha clamorosa de Marcos), recuou Robinho para a função de armador, preenchendo o meio-campo (como percebe-se acima, à esquerda). A alteração foi benéfica no sentido de auxiliar Caio, que poderia ficar sobrecarregado na função; entretanto, isso fez com que Roberto ficasse isolado no ataque, e pouco aparecesse no primeiro tempo. Com pouco jogo pelos lados do campo, e dificuldades pelo centro, carregado de jogadores adversários, o Avaí não conseguiu transformar a maior posse de bola em chances concretas de empate. Nos oito minutos iniciais da segunda etapa, a virada espetacular (acima, à direita): Robinho ocupa a ala direita, e Válber entra na sua posição. O destaque, entretanto, é para Caio, que participa ativamente dos dois primeiros gols - um pela esquerda, outro pela direita. As subidas de Eltinho também se tornaram constantes, mesmo em lances que sucederam imediatamente ao 3 x 1. Porém, com o passar do tempo, o Avaí portou-se de maneira consistente na defesa, e tentou encaixar alguns (poucos) contra-ataques. Se pouco ameaçou o goleiro Marcelo Elizaga a ponto de fazer o quarto gol, o Leão também soube conter as investidas adversárias seguramente.

Pontos positivos

Caio: o camisa 7 foi o ponto de desequilíbrio da partida. Com dribles insinuantes e passes certeiros, foi ele o homem capaz de entortar a defesa do Emelec, e estimular boa parte do rendimento ofensivo do Leão. Vale observar a belíssima jogada feita por ele no segundo gol do Avaí, quando alia recurso técnico (ao driblar dois marcadores adversários) e observação tática (pois aproveitou-se de um buraco enorme entre as linhas de defesa adversárias) para criar o lance que gerou o tento da virada.

Virada fulminante: reverter o 0 x 1 não era nenhuma façanha, dada a limitação técnica do Emelec. Contudo, a maneira como o Avaí construiu a reação é digna de aplausos. Aliando uma mudança tática importante (a entrada de Válber no lugar de Marcos fortaleceu ofensivamente a ala direita, com Robinho, sem perder força no ataque pelo centro), à mudança de postura da equipe na volta para o segundo tempo, além da pressão exercida pelo torcedor na Ressacada, o Leão classificou-se às quartas-de-final da Copa Sul-Americana em apenas oito minutos. Os 3 gols em sequência deram a confiança e a tranquilidade necessárias para que o passaporte às quartas pudesse ser carimbado seguramente.

Pontos negativos

Passes longos: no primeiro tempo, a marcação do Emelec havia encaixado bem, fazendo com que o jogo do Avaí não fluísse como deveria para construir a virada. Com dificuldades na transição defesa/ataque, a equipe da casa insistia em passes longos, que quase sempre resultavam em posse de bola para o adversário. Neste sentido, a virada espetacular do segundo tempo ganhou ainda mais valor, visto que bastou ao Avaí dar a bola ao adversário, para tentar construir um contra-ataque que pudesse matar o confronto.

Centralização excessiva: outra falha do Avaí no primeiro tempo. Ainda que Caio e Robinho se movimentassem bem, ocupavam faixas do campo majoritariamente centrais. Com Marcos em péssima noite, e Eltinho pouco acionado no primeiro tempo, o jogo do Avaí passava necessariamente pelo congestionado meio-campo, o que facilitava o trabalho da defesa do Emelec. Aqui, é importante observar o alto número de meias excessivamente verticais do elenco do Avaí: Caio, Robinho, Válber, Davi... todos trabalham pouco a bola; costumam jogar em direção ao gol, apenas. Quem sabe cadenciar o jogo ali é Jéferson, mas este jogou numa posição mais recuada na partida desta quinta, inviabilizando maior participação no setor central de criação de jogadas.

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