Análise: Arsenal

Jogo: Shakhtar Donetsk 2 x 1 Arsenal
Donbass Arena, Donetsk
UEFA Champions League - 4ª Rodada - Fase de Grupos - 03/11/2010

Na última vez em que Arsenal e Shakhtar se encontraram, o que se viu foi um massacre da equipe inglesa. No Emirates Stadium, vitória por 5 x 1, e passaporte praticamente garantido às oitavas-de-final. Entretanto, no jogo da Donbass Arena, não houve vida fácil para a equipe de Arsene Wenger, muito pelo contrário. Mesmo abrindo o placar com Theo Walcott, o Arsenal não resistiu à presão do Shakhtar, e caiu em Donetsk pelo placar de 2 x 1. Dmytro Chygrynskiy e Eduardo da Silva garantiram a virada, e o empate em número de pontos com os ingleses na classificação do Grupo H.



Arsene Wenger foi à Ucrânia apostando no 4-2-3-1, esquema idêntico ao do próprio Shakhtar. Emmanuel Eboue e Gael Clichy subiam ao ataque, mas não com a força necessária para causar problemas à defesa adversária. Craig Eastmond e Jack Wilshere (sobretudo este) qualificavam a saída de bola, mas tiveram problemas para segurar a movimentação do ataque adversário. Walcott não teve espaço para jogar após marcar o gol de abertura do placar, aos 10 minutos. Já Samir Nasri movimentava-se da esquerda para o centro, tentando abrir espaços na defesa ucraniana, sem sucesso. A grande preocupação dos Gunners era Willian, que se valia do auxílio inconstante de Walcott ao setor defensivo para explorar o lado direito de defesa dos ingleses. Ao lado de Jádson, movimentou-se muito, e bagunçou o sistema defensivo da equipe adversária. Na segunda etapa - atrás no placar - Wenger mudou algumas peças, sem, contudo, mexer na estrutura tática da equipe. Nasri foi recuado para a posição de volante, com Carlos Vela ocupando seu antigo posto. Marrouan Chamakh entrou na vaga de Nicklas Bendtner e pouco fez, assim como Jay Emmanuel-Thomas, substituto de Walcott. Embora tenha finalizado em demasia - sobretudo de fora da área - o Arsenal não foi capaz de reverter a desvantagem consolidada na primeira etapa.

Pontos positivos

Contra-ataque: o lance que origina o primeiro gol dos Gunners é espetacular. Ainda que haja falha clamorosa da defesa do Shakhtar, não há como negar os méritos de Wilshere, que inventa um passe fantástico, e Walcott, que arranca em direção ao gol de maneira brilhante. Mesmo não encaixando outros lances similares à este, em função do acerto de marcação do Shakhtar, e, mais tarde, da necessidade de correr atrás do resultado, vale o registro de uma jogada muito bem articulada, e que, quase que certamente, foi premeditada por Arsene Wenger.

Bolas áereas defensivas: com jogadores de qualidade nos lançamentos longos, como Darijo Srna, William e Jádson, o Shakhtar investiu nos lançamentos altos em direção à grande área do Arsenal, à procura de Luiz Adriano. Entretanto, a defesa dos Gunners postou-se de maneira correta, com destaque absoluto para Johan Djourou, que ganhou a enorme parte das disputas com o centroavante adversário. Ressalte-se que este elogio contempla os lançamentos oriundos de jogadas de bola rolando, já que, num lance de bola parada, Eastmond não foi capaz de deter Chygrynskiy, na jogada de empate do Shakhtar.

Pontos negativos

Marcação confusa na intermediária: a partir do momento em que William e Jádson entraram no jogo, o Arsenal teve muitas dificuldades no seu setor defensivo. Com o hábito de lançar ao ataque laterais e volantes, em busca de compactação ofensiva, Arsene Wenger viu a dupla brasileira jogar às costas de Eboue e Eastmond a partir dos 15 minutos de jogo. Mais tarde, com os ingleses encolhidos, foi a vez de envolver a marcação adversária com dribles, e muita movimentação. Aqui, o Arsenal teve sérias dificuldades para encaixar a sua marcação.

Detalhe inexplorado: aos 17 minutos do segundo tempo, o técnico Mircea Lucescu fez uma alteração extremamente ousada. Sacou o volante Olexiy Gai para a entrada do meia/atacante Alex Teixeira. Alex entrou na mesma função de Gai, à frente da zaga pelo lado direito, mas sem o mesmo poder de marcação e com esporádicas falhas sob o aspecto tático. Não raro, havia um espaço considerável entre a faixa ocupada por Alex e a linha de zagueiros do Shakhtar. Assim sendo, talvez fosse mais indicado substituir Rosicky por Sagna. Este ocuparia a lateral-direita, Eboue seria deslocado para a posição de volante (evitando eventuais contra-ataques puxados pelo próprio Alex), e Nasri seria o meia de criação pelo centro, aproveitando espaços deixados por Teixeira, e se valendo da qualidade técnica que tem. Uma alternativa razoável, que poderia ter mudado o panorama da partida.

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