Não é apenas coincidência...

Por Antonio Rodrigues Neto

Guerra política interminável, resultados pífios dentro de campo, torcida carente de títulos e ídolos, graves problemas financeiros, títulos mais importantes da história conquistados recentemente, rebaixamento mais recente ainda... Alguém sabe de quem estou falando? Acertou quem disse Palmeiras e acertou também quem disse Vasco da Gama. É impressionante a semelhança entre a trajetória recente de ambos.

Entre 1991 e 2000 Palmeiras e Vasco conquistaram quatro títulos Brasileiros, duas Libertadores, uma Copa do Brasil e oito estaduais. De 2001 até 2010 vocês sabem quantos títulos cada um deles ganhou? Um. Sim, parece inacreditável, porém cada clube conquistou apenas um estadual nesse período.

Mais inacreditável ainda é o quanto a crise nos dois clubes é semelhante. Ambos tinham um forte apoio financeiro na época áurea acima descrita, no entanto nenhum dos dois soube usar o dinheiro para conquistar títulos e ao mesmo tempo pavimentar seu caminho para o futuro. Ambos demoraram tempo demais para se adequarem a Lei Pelé. Ambos tem uma oposição destrutiva que se limita a tentar atrapalhar a diretoria que está no poder. Ambos vivem uma grave crise financeira. Enfim, ambos estão em crise, em quase todos os aspectos, há muitos anos.

Expostas as semelhanças, necessário dizer que atualmente o Vasco, embora caminhando lentamente, parece mais próximo de sair da crise do que o Palmeiras. Enquanto o Vasco está profissionalizando seu departamento de futebol, o Palmeiras parece tentar deixá-lo cada vez mais amador. As declarações recentes de seus dirigentes para a imprensa são absolutamente inacreditáveis. Se eu não tivesse ouvido os próprios dirigentes falando, talvez não tivesse acreditado.

O Vasco está tentando se reestruturar financeiramente, enquanto o Palmeiras gasta mais do que deveria para tentar sair da crise. Uma prova disso é que mesmo colados na tabela de classificação do campeonato brasileiro, a folha salarial do Vasco equivale a aproximadamente um terço da folha salarial do Palmeiras. Isso sem mencionar o investimento feito na “compra” de jogadores que foi imensamente maior no clube paulista.

Mas nem tudo são flores no clube carioca. Embora aparentemente esteja no caminho certo, o Vasco largou anos atrás de outros clubes brasileiros e justamente por este motivo tem problemas “primários” para resolver. Por exemplo: o Vasco passou anos com suas receitas estagnadas. Enquanto clubes menores arrumavam novas fontes de renda, o Vasco sequer tinha um departamento de marketing.

No fim das contas, os dois clubes tem um árduo caminho pela frente para reconquistarem o espaço que tinham no cenário nacional alguns anos atrás. No entanto me parece que a torcida do Vasco, embora ainda esteja traumatizada com o recente rebaixamento, bem como com a falta de títulos, tem motivos para ver o futuro com um moderado otimismo. O torcedor palmeirense começa a temer que nem mesmo seus ídolos recentes possam tirar o clube da crise atual.

Uma apreensão para o futuro muito próximo é partilhada por ambas as torcidas: os dois clubes passarão por uma tumultuada eleição em 2011. Nessas horas, fica praticamente impossível não pensar na Lei de Murphy da bola...

Notas de Rodapé

- E o Palmeiras conseguiu o que eu achava impossível: perdeu a vaga na final de uma competição internacional para um time rebaixado, com uma derrota dentro de sua própria casa depois de ter vencido fora de seus domínios. Depois dessa, não ficarei surpreso se o Goiás levar o título. Como afirmei semana passada, o time do Independiente, apesar da tradição, é limitado. Tem camisa, mas não tem time.

- O Fluminense está como uma mão e meia na taça. Mas essa traumática eliminação do Palmeiras não foi boa para suas pretensões. Ao invés de simplesmente cumprir tabela em clima de festa, o clube paulista passou a ter uma certa responsabilidade nesse fim de campeonato: não dar vexame.

- Impressionante como a Conmebol parece disposta a esculhambar a própria competição. Só isso pode explicar esse sorteio precoce dos grupos, cheio de legendas e quase ininteligível. Por que não esperar mais um mês?

Antonio Rodrigues Neto é catarinense, cresceu antes da popularização do pay-per-view e do acesso a informação através da internet. Assim, sua paixão pelo futebol foi forjada em tardes de domingo ouvindo jogos no rádio ao lado do seu pai. Com o passar do tempo a paixão foi aumentando e acabou se expandindo para além de nossas fronteiras. O futebol brasileiro parecia não ser mais suficiente, razão pela qual passou a assistir com freqüência o futebol praticado na Europa. Hoje, para em frente à televisão para assistir qualquer partida que esteja passando.

Contato: antoniosrneto@yahoo.com.br

2 comentários:

  1. Realmente, nunca tinha parado pra pensar nessa recente semelhança do CRVG e do SEP.

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