A fórmula não é o principal problema...

Por Antonio Rodrigues Neto

Nós, o povo brasileiro, temos a mania de acharmos que uma solução fácil vai resolver um problema complexo. Isso afeta todos os aspectos da nossa sociedade.

No Brasil, por exemplo, as leis constantemente são desrespeitadas. Ao invés de tentarmos fazer com que as pessoas cumpram as leis que já existem, elaboramos novas leis mais severas que também não serão cumpridas. Mudar as leis é fácil. Difícil é mudar a mentalidade do povo.

Com as entregadas ridículas que ocorreram nos dois últimos anos, muita gente elegeu a fórmula de disputa como a grande vilã da história. Eu penso diferente. A fórmula é o menor dos nossos problemas. O maior problema é a mentalidade das pessoas envolvidas com o “mundo do futebol”. Quando eu cito “pessoas”, estou falando sobre todo mundo mesmo.

Do gandula que demora uma eternidade para devolver a bola quando o seu time está vencendo até o jornalista-torcedor que faz um escândalo quando o seu time é prejudicado por uma entregada, no entanto não se manifesta quando ele é beneficiado.

Como é que nós vamos exigir profissionalismo e seriedade dos jogadores que entram em campo, se eles estão cercados de amadorismo e desonestidade por todos os lados? Como podemos querer que esses atletas, que de santos não tem nada, contrariem sua própria torcida e os seus dirigentes?

E mesmo que ainda tivéssemos o antigo formato da competição, que garantia teríamos de que os times rivais não entregarão um jogo para prejudicar um rival? Se o Internacional, já classificado enfrentasse na ultima rodada da primeira fase o rival direto do Grêmio pela classificação à segunda fase, o que o impediria de entregar o jogo? Se o Vasco enfrentasse o rival direto do Flamengo na briga contra o rebaixamento, o que o impediria de entregar o jogo?

Clássicos nas últimas rodadas do Brasileirão aparentemente amenizarão o problema. Se a rivalidade regional está no centro da questão, nada melhor do que, teoricamente, potencializá-la no fim da competição.

Colocar a culpa exclusivamente na fórmula da competição é um equívoco. É a velha mania que temos de querer dar a solução simples ao problema complexo. Antes de mudar a fórmula temos que mudar a mentalidade. Temos que ser mais honestos. Temos que voltar a ver os outros torcedores como adversários e não como inimigos. Enfim, ante de mudar a fórmula da competição teríamos que mudar a essência do “mundo do futebol” e não existe nada de simples nisso.

Notas de Rodapé

- O Goiás deu um passo importantíssimo rumo ao título da Sul-Americana. Para o seu azar, na final os critérios mudam (mais uma invenção da Conmebol) e gol fora de casa não tem um peso maior. Do contrário seu passo em direção ao título teria sido ainda maior.

- O Fluminense tem uma mão e mais quatro dedos da outra na taça. Perder o título dentro de casa, precisando apenas de uma vitória simples, tendo como adversário um dos piores times da competição me parece quase impossível. Embora o Palmeiras tenha protagonizado um vexame semelhante semana passada, o Fluminense tem um time muito superior.

Antonio Rodrigues Neto é catarinense, cresceu antes da popularização do pay-per-view e do acesso a informação através da internet. Assim, sua paixão pelo futebol foi forjada em tardes de domingo ouvindo jogos no rádio ao lado do seu pai. Com o passar do tempo a paixão foi aumentando e acabou se expandindo para além de nossas fronteiras. O futebol brasileiro parecia não ser mais suficiente, razão pela qual passou a assistir com freqüência o futebol praticado na Europa. Hoje, para em frente à televisão para assistir qualquer partida que esteja passando.


Contato: antoniosrneto@yahoo.com.br

Um comentário: