Análise: Vélez Sarsfield

Por Hudson Martins

Jogo: Independiente 2 x 2 Vélez Sarsfield
Libertadores de América, Avellaneda
Campeonato Argentino - Torneio Clausura - 1ª Rodada - 11/02/2011

"O Velez se converteu nos últimos anos numa equipe modelo, (...) acostumada há tempos a ser protagonista de tudo o que disputa". Essas são algumas das palavras dos analistas do site espndeportes.com ao se referir ao Vélez Sarsfield, um dos fortes candidatos ao título do Torneio Clausura 2011. Nesta sexta-feira, a equipe de Roberto Gareca não foi exatamente um modelo: estreou no certame fora de casa, contra o Independiente, e teve problemas para arrancar um empate por 2 x 2. Facundo Parra e Roberto Battión marcaram para os anfitriões; Maximiliano Moralez e Juan Manuel Martinez decretaram a igualdade.


À esquerda, o 4-3-2-1 do Vélez Sarsfield, que aparentava ser um 4-2-3-1, mas não o era, em função do posicionamento de Fernandez e Moralez (este último não jogava aberto pela esquerda). Os laterais subiam, mas tinham dificuldade em ser eficientes, já que havia pouca movimentação ofensiva. Na segunda etapa, a adoção do 4-2-3-1 modificou o panorama do jogo. O Vélez passou a ser mais insinuante, embora não o bastante para sufocar o adversário. Entretanto, a maior rotação dos meias, sobretudo de Moralez, que girou por grande faixa do campo, levou a equipe ao empate.

Leitura Tática

Com a posse de bola, o Vélez Sarsfield teve limitações durante cerca de 55 minutos de jogo. Moldado num 4-3-1-2, que aparentava ser um 4-2-3-1, em função do posicionamento de Augusto Fernandez quando a equipe do técnico Roberto Gareca tinha a posse de bola, as dificuldades de criação de jogadas eram evidentes. Pela direita, Fabián Cubero tentava auxiliar Fernandez, embora não seja sua principal característica; pela esquerda, Emiliano Papa tinha dificuldades para ser eficiente, já que Hector Canteros se preocupava mais com o setor defensivo. Assim sendo, David Ramirez, estreante e ainda carente de entrosamento, acabou sobrecarregado e, pelo menos no primeiro tempo, esbarrou na marcação do bom volante Roberto Battión.

Quem poderia mudar este panorama era Maxi Morález, um dos grandes destaques do Vélez no Apertura/10. Entretanto, jogando mais adiantado, ao lado de Santiago Silva, Morález recebeu poucas vezes passes que lhe dessem condição de criar boas jogadas ao lado de Ramirez e Silva. "El Tanque" era bem marcado por Carlos Matheu, e Morález tinha que buscar o jogo pelos flancos, embora não pudesse se aproveitar de maior espaço em campo, tendo que ficar próximo de Silva no ataque (o que evidenciava o 4-3-1-2 dos visitantes).

Com 0x2 no placar no início da segunda etapa, o Vélez precisava de mudanças. Embora não tenha havido substituições, houve uma injeção de ânimo considerável após o gol de Morález aos 2 minutos, depois de bela assistência de Ramirez. Entretanto, a grande sacada de Roberto Gareca foi promover a entrada de Juan Manuel Martinez na vaga de Fernandez. O Vélez adotou o 4-2-3-1, sendo que a linha de três meias contemplava a velocidade e movimentação de Morález, associada à técnica de Ramirez e Martinez. Houve mais volume de jogo, e os visitantes cercaram a área adversária durante todo o segundo tempo, até serem contemplados com o gol de empate de Martinez, após falha bisonha do goleiro Hilario Navarro.

Sem a posse de bola, houve relativa segurança por parte do Vélez. O setor defensivo foi muito bem protegido por Franco Razzotti e Hector Canteros, que evitavam as investidas de Matias Defederico pelo centro do campo. Pelos lados, Cubero e Papa souberam evitar as chegadas de Facundo Parra e Nicolas Cabrera, respectivamente. Bastante compacto, o Velez não permitiu que o Independiete criasse situações claras de gol com a bola rolando; os dois tentos dos anfitriões foram marcados em jogadas de bola parada.

Aliás, aqui reside o ponto de maior atenção ao Vélez, pelo menos nesta partida. Contra uma equipe de bola parada forte (o que já fora demonstrado na Copa Sul-Americana 2010), a defesa dos atuais vice-campeões argentinos deixou a desejar, permitindo que as jogadas ensaiadas pelo técnico Antonio Mohamed fossem muito bem sucedidas. Por um lado, é absolutamente compreensível o chamado "fator surpresa"; não se sabe onde será feita a cobrança, ou se o primeiro cabeceio será feito de maneira direta ao gol ou não. O que chama a atenção é o modo como se deram os dois gols do Independiente: em ambas as jogadas o golpe fatal veio de dentro da pequena área.

Balanço Tático

Embora tenha sofrido mais do que o necessário, o Vélez Sarsfield mostra força para a temporada que se inicia. Mantendo grande parte da equipe que fez belas campanhas as últimas temporadas, o Vélez precisa apenas saber transitar seguramente entre o Clausura e a Copa Libertadores da América. Papa, Razzotti, Fernandez, Morález, Ramirez, Martínez e Silva sustentam firmemente o time de Roberto Gareca, e têm condições de levá-lo a campanhas extremamente consistentes em ambas as competições. Para tanto, é necessário definir fatores como o posicionamento de Morález em campo; o camisa 10 é muito bom jogador, e demonstrou maior desenvoltura no 4-2-3-1 utilizado no segundo tempo da partida desta sexta. Além disso, é importante trazer os laterais para o jogo, sobretudo Papa, reconhecidamente forte no apoio ao ataque.

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