Análise: Botafogo

Por Hudson Martins

Jogo: Palmeiras 1 x 0 Botafogo
Benedito Teixeira, São José do Rio Preto
Campeonato Brasileiro 2011 - 1ª Rodada - 22/05/2011

O Campeonato Brasileiro começou de maneira bastante decepcionante para o Botafogo. Em São José do Rio Preto, a equipe do técnico Caio Júnior não jogou bem, e foi derrotada pelo Palmeiras por 1 x 0, gol de Kléber, aos 19 minutos do segundo tempo. A atuação do Glorioso evidencia alguns dos principais problemas da equipe, que ainda são vistos claramente, ainda que Caio Júnior tenha tido bom tempo para treinar seus comandados antes do início do Brasileirão.

O 3-4-2-1 do primeiro tempo não é novidade; já vinha sendo utilizado nos amistosos que precederam o início do Brasileiro. A linha de três zagueiros existe, sobretudo, para dar suporte às subidas dos alas Lucas e Cortês, ambos insinuantes ofensivamente. Arévalo e Marcelo Mattos se posicionam à frente dos zagueiros, com o segundo saindo mais para o jogo. Thiago Galhardo e Maicosuel ocupam espaços pelos lados do campo, para fazer tabelinhas com os alas, e buscar Caio Canedo; centroavante na partida deste domingo. Na segunda etapa, aparente ousadia numa mudança para o 4-2-3-1, que, na verdade, deixou o Botafogo ainda mais impotente. As substituições fragilizaram o Botafogo defensiva e ofensivamente, e uma eventual recuperação após o gol adversário parecia extremamente difícil. E de fato, o alvinegro não teve forças para buscar o resultado como visitante.


Para compreender o desempenho do Botafogo neste domingo, alguns fatores devem ser analisados com cuidado:

- O alto número de ligações diretas entre a defesa e o ataque matou a equipe de Caio Júnior. Além de ser um recurso improdutivo, na medida em que Caio Canedo não suporta o confronto direto com os zagueiros adversários, mata duas das principais jogadas do Botafogo: o apoio dos alas, e as jogadas individuais de Maicosuel. Portanto, o primeiro ponto é fazer com que a bola gire pelo setor de meio-campo, ao invés de rifá-la para o ataque.

- Thiago Galhardo e Maicosuel pouco se movimentaram no jogo deste domingo. Sem a presença dos meias, o poder ofensivo do alvinegro cai vertiginosamente. Maicosuel, por ser veloz e driblador, pode se tornar uma excelente opção para auxiliar a saída de bola, já que Arévalo e Marcelo Mattos não têm como principal característica a qualidade no passe. Já Galhardo não pode ficar preso pelo lado do campo, pois se trata de um jogador de cadência e bom passe. É outra opção para qualificar a transição, assim como pode se encaixar na equipe ligando o meio-campo ao ataque, desde que fique mais centralizado.

- Na ausência de Loco Abreu, o Botafogo perde muita força. Embora seja difícil encontrar no mercado um jogador que tenha a mesma qualidade do camisa 13, é importante que seja procurado um atacante com as mesmas características de Abreu: alto, forte, que saiba reter a posse de bola no campo ofensivo. Alex e Caio (principalmente este) não preenchem nenhuma das características supracitadas.

- Ainda sobre reforços: é importante que os jogadores que cheguem tenham certa bagagem. Embora seja impossível ignorar a ausência de Abreu e Herrera (ambos com larga experiência), é igualmente impossível negar a falta de rodagem da equipe que terminou o jogo contra o Palmeiras. Num campeonato longo e exigente como é o Brasileirão, talvez seja um grande risco apostar em tantos garotos, ainda mais num elenco que não está definitamente formado, muito pelo contrário.

- Caio Júnior não foi feliz nem na escalação inicial (quando colocou Caio como centroavante), menos ainda nas substituições (quando, após a entrada de Cidinho, deslocou Maicosuel para o comando de ataque, desfazendo a mudança minutos mais tarde). Com um elenco jovem e que ainda carece de afirmação, é fundamental que o comandante seja o mais preciso possível em campo. Não foi o caso deste domingo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário