Análise: Real Madrid

Por Hudson Martins

Real Madrid 2 x 2 Barcelona
Santiago Bernabeu, Madrid
Supercopa da Espanha - Ida

Passando por um momento de instabilidade fora de campo - nesta semana houve a deflagração de greve dos jogadores nas duas primeiras rodadas do campeonato local - o futebol espanhol deu mais uma prova que, dentro de campo, não há motivos para preocupação, sobretudo quando se trata de Real Madrid e Barcelona. Os dois gigantes se enfrentaram neste domingo, pela Supercopa, e empataram em 2 a 2. Mesut Özil e Xabi Alonso, para os merengues, e David Villa e Lionel Messi, para a equipe blaugrana, marcaram os gols.

O 4-2-3-1 de José Mourinho teve como principal característica o posicionamento no campo de defesa do Barcelona. Com marcação em linha alta, o Real Madrid diminuiu levemente a elevada porcentagem de posse de bola dos adversários (60/40%), além de desarmar várias vezes dentro do seu campo de ataque, facilitando a criação de jogadas ofensivas. Quando saía para o jogo, o Barcelona ficava suscetível aos contra-ataques da equipe da casa - uma das principais armas da equipe de Mourinho desde a sua chegada ao clube madrilenho. Foi assim que Özil abriu o placar, aos 12 minutos. Com o transcorrer da primeira etapa, o Barcelona conseguiu jogar no seu campo de ataque com maior frequência, e virou o jogo com gols de Villa e Messi; o primeiro em finalização primorosa do camisa 7, e o segundo em falha de Khedira e Pepe, este último o principal responsável pela marcação ao argentino, já que Alonso e o próprio Khedira se adiantavam para ocupar espaços no campo defensivo do Barça.

O Real Madrid foi uniforme taticamente nas duas etapas. Manteve o 4-2-3-1, as subidas conjuntas dos laterais e a maior movimentação pelo setor esquerdo de ataque. A única mudança foi o posicioamento de Xabi Alonso no segundo tempo, mais pelo setor direito após a entrada de Coentrão.

A segunda etapa não começou com a mesma pressão executada pelo Madrid no início do jogo, mas o gol de empate saiu, e num momento alvissareiro: Alonso, aproveitando jogada de bola parada logo aos 9 minutos, igualou o placar uma vez mais. Havia espaços para a criação de jogadas, e ambas as equipes saíam para o jogo, com Cristiano Ronaldo comandando as ações ofensivas do Real Madrid, e Thiago Alcântara (depois Xavi) empurrando o Barça ao campo de ataque. José Mourinho lançou mão de Fabio Coentrão, Jose Maria Callejón e Gonzalo Higuaín, sendo que os dois primeiros participaram mais ativamente do jogo, ainda que não tenham sido espetaculares. A ssubstituições não foram capazes de modificar o resultado do jogo, que se manteve igual. Sendo bastante agressivo e objetivo, o Real teve leve vantagem no "jogo de desempenho"; o que fará José Mourinho para manter o nível no Camp Nou?

Özil vibra: o meia foi um dos destaques do Real Madrid no empate deste domingo

Leitura Técnica

- Como já foi observado, a marcação em linha alta foi um dos grandes méritos do Real Madrid no jogo deste domingo. Para que fosse possível realizar este tipo de defesa com eficiência, foi necessária compactação exemplar, além de grande senso tático dos dois volantes, que deveriam conciliar cuidados com Lionel Messi, que caía pela faixa central do campo, com a obrigação de auxiliar aos meias na formação de una linha de quatro jogadores, que pudesse evitasse a saída de bola qualificada de Andres Iniesta e Thiago Alcântara.

- Não houve marcação individual sobre Lionel Messi; o camisa 10 era observado de perto de acordo com o setor que ocupava em campo. Para que não tivesse espaço, Messi geralmente recebia o combate direto de um dos zagueiros (Pepe, na maioria das vezes), ainda que fosse necessário marcá-lo na intermediária defensiva. Ricardo Carvalho ficava na sobra, e os laterais ficavam responsáveis por Alexis Sanchez e David Villa. Levando-se em conta a qualidade do adversário e o nível extraterrestre de Messi, pode-se dizer que a marcação foi bem executada.

- Duas observações sobre o setor ofensivo: o Real Madrid abusou das inversões de jogadas, em recurso muito utilizado pelo próprio Barcelona já há algumas temporadas. Não raro, Pepe fazia ligações diretas com Cristiano Ronaldo, ou Xabi Alonso buscava Angel Di Maria. Além disso, é importante observar a predominância de ataque pelo lado esquerdo, sobretudo a partir do segundo tempo. Há fundamento neste tipo de jogada, na medida em que Ronaldo traz consigo a marcação de Sanchez e Daniel Alves, desestruturando o lado ofensivo mais forte do Barcelona.

- Nas escanteios ofensivos, são apenas 4 jogadores na área, com Khedira e Alonso no rebote. Özil fica na cobrança. Defensivamente, o Real se posiciona com 8 na área, e os velozes Özil e Di Maria preparados para puxar os contra-ataques.

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