O Futuro da Seleção

por Vitor Fontenele

Enquanto Mano Menezes passa por um mau momento na Seleção Principal, não se pode dizer o mesmo de Ney Franco na representação canarinha sub-20, campeã (com muito mérito, diga-se de passagem) sobre o ótimo time de Portugal. Ney conseguiu desenvolver, em pouco tempo, um bom trabalho no time de base que provavelmente terá alguns de seus atuais integrantes no elenco principal da Copa de 2014.

(Créditos da imagem: Associated Press)
O time base de Franco jogava no 4-4-2 com: Gabriel; Danilo, Bruno Uvini, Juan Jesus e Gabriel Silva; Fernando, Casemiro, Phillipe Coutinho (Dudu) e Oscar; Willian José (Negueba) e Henrique. Se o esquema tático é “quadrado” no nome, em campo o Brasil era plástico: a defesa era segura, Gabriel Silva e Danilo apoiavam bastante, Casemiro garantia um setor de proteção com boa ligação, e a rotação de jogadores no meio e no ataque, com uso constante do banco de reservas e fizeram desse time um adversário difícil de ser batido.

O uso intenso do banco é uma qualidade a ser ressaltada na equipe. Se Coutinho parecia apagado em algumas partidas, Dudu na reserva era a certeza de uma desagradável surpresa para o adversário no decorrer da partida. Se a técnica de Willian José não era o suficiente para furar a retranca adversária, Negueba entrava e punha o fator velocidade na história. E se Alex Sandro se machucou, Gabriel Silva se mostrou um substituto à altura.

Mas Mano está de olho nos garotos: em sua última convocação, o nome de Danilo, o bom lateral-direito do Santos, está presente. E deve ser assim mesmo. Se a geração atual não está funcionando, é preciso recorrer a alternativas. E quem não gostaria de contar com um elenco campeão nas mãos? Não faltam bons nomes para setores onde a principal tem problemas: Oscar, Coutinho, Henrique, Dudu, Casemiro... Só é preciso cuidado, pra não lançar um garoto no meio de uma fogueira.

Ademais, o tópico inevitável: Alex Sandro já foi negociado com o Porto, Coutinho já é jogador da Inter de Milão desde o ano passado, Roberto Firmino (que foi depois cortado da lista inicial) pertence ao Hoffenheim e o excelente Henrique já comunicou que não retornará ao São Paulo. É triste ver a garotada indo embora tão cedo de nosso futebol, sem ter dado o prazer ao povo brasileiro e aos torcedores de seus clubes de vê-los em campo.

E por fim: e não é que o trabalho de base dá retorno? Quando os clubes no Brasil entenderão isso de verdade? Quando veremos nossos craques vendidos por milhões aos 25 e não por cifras ínfimas aos 19? E quando veremos uma infinidade de times na lista de convocação, ao invés de três ou quatro? Ah, isso só quando a base for verdadeiramente valorizada...

6 comentários:

  1. Caro amigo Vitor você não acha que essa conquista da seleção-20 é mais fruto do talento do que um estilo de jogo em si? afinal vc olha para as seleções de base da espanha e você vê um estilo de jogo bem definido....olhando para a nossa seleção principal observamos isso,e vemos diferentes estilos de jogar em 94,98,2002,2006 e 2010. Outro ponto em que prevalece mais o talento em nossa seleção principal é que grande parte das revelações dos sub-20 e sub-17 não chegam a principal jogando juntos e mantendo o introsamento da base assim como na fúria espoecificamente.Concluindo você concorda que as conquistas das seleções brasileiras em si vem do puro talento individual do que uma escola de jogar futebol assim como outras seleções?

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  2. Bom questionamento, Pablo!

    De fato, a Seleção Brasileira ganhou notoriedade pelo grande talento individual de seus jogadores. Pegando a última edição vencida, em 2002 contávamos com Rivaldo, Kaká, Ronaldo, Ronaldinho, Robinho... Antes tínhamos Romário e Bebeto, mais atrás Pelé, Garrincha e outros tantos.
    Mas se o talento individual por si só ganhasse Copas, porque não vencemos em 82? E 98? E em 2006? Nosso elenco nesses anos definitivamente não estava abaixo dos outros. Já em 94, o time era bastante contestado e levou.
    Enfim, o que quero dizer é: no caso das outras seleções, normalmente o jogo em equipe leva às boas campanhas, pois os melhores elencos concentram-se historicamente em poucos países. No caso específico do Brasil, mesmo quando não há uma escola de jogo bem-definida, a técnica individual por vezes se sobressai e faz a diferença. Mas nem sempre é assim, como eu mesmo disse!
    Espero ter respondido sua pergunta a contento!

    Abraços,

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  3. Você falou e disse!o talento não vai resolver sempre,isso é bem verdade,mas em 94 o talento se sobressaiu(romario e bebeto),pq novamente o estilo de jogo era outro...em 98 de novo o talento de ronaldo se sobressaiu só que levamos o vice,apesar do time não ser bem treinado pelo velho lobo.Finalizado esse assunto,aproveito pra emendar outra indagação.......vc acha q essa falta de linearidade do estilo de jogar da seleção brasileira compromete projetos de renovação como o que o mano menezes se dispôs a fazer?

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  4. Sim!
    Se o Brasil tivesse um padrão de jogo, provavelmente os ciclos se encaixariam mais facilmente, já que os atletas convocados estariam sempre obedecendo à escola do país em questão.
    Mas por outro lado, um estilo de jogo linear com o tempo se faz óbvio: foi assim com o "carrossel holandês", por exemplo.
    Resumindo: a falta de linearidade de estilo promove uma dificuldade no encadeamento das gerações, mas ao mesmo tempo gera uma variabilidade que dificulta que o futebol brasileiro caia no lugar-comum.

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  5. No alvo! Com a ressalva de não variar tanto igual o brasil tem feito ultimamente.......leitor assíduo do blog desde já!

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  6. Muito bom debate levantado pelos amigos.

    O exemplo da Espanha é extremamente válido, sobretudo se observarmos as atuais seleções de base da Fúria. O modelo de jogo é idêntico ao da seleção principal, o que, de fato, gera maior facilidade de adaptação a novos jogadores, como Thiago Alcântara, por exemplo.

    No Brasil, ainda não se chegou a esse modelo de jogo; tínhamos uma semelhança tática (4-2-3-1) que teve de ser desmembrada em ambas as seleções.

    A técnica é um fator importante na construção de um time vencedor, mas não pode ser o expoente principal. O Brasil não tem nenhum jogador entre os 10 melhores do mundo hoje, e ainda passa por um momento importante de transição. Logo, é imprescindível trabalhar em todas as frentes, e não apenas apostar no fator técnico.

    Abraço!

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